sábado, 17 de dezembro de 2011

Postagens disponíveis em formato PDF

Olá, leitores. 

Adicionei um app que converte as postagens em formato PDF e envia para um endereço de e-mail. A minha ideia original era converter manualmente todas as postagens e torná-las disponíveis através de algum servidor. Mas o leitor "Vital" sugeriu usar algum aplicativo existente para o blogger. Após procurar um pouco, finalmente disponibilizei a nova ferramenta. Vocês podem encontrá-la na aba lateral, logo acima da página do Facebook.

Isso tornará mais fácil enviar textos do blog para outras pessoas ou mesmo ter acesso offline aos artigos. A formatação e as figuras do artigo são mantidas no arquivo pdf, mas ele não fica tão "bonito" quanto ficaria se eu convertesse tudo manualmente. Mesmo assim, essa solução foi a mais prática. Espero que gostem. 

Abraços, Paz de Cristo.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Projeto: Postagens disponíveis em formato PDF

Olá, leitores. Venho comunicar uma ideia que tive, não recentemente. Pretendo fazer todas as postagens aqui do blog disponíveis em formato pdf. Assim ficará mais fácil se alguém quiser usar algum texto meu para outros fins, ou para divulgar mesmo.

Ainda estou pensando como isso será feito, e onde hospedarei os arquivos para download. Quem tiver alguma sugestão, pode dizer por aqui. Começarei desde já a converter os textos, mas acho que tudo só ficará pronto em janeiro, quando estarei de férias e terei mais tempo para fazer isso.

Abraços, Paz de Cristo.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

O Absurdo da Vida sem Deus (Parte 3)



O propósito da vida


Por último, vejamos o problema do propósito na vida. As únicas duas maneiras pelas quais a maioria das pessoas que negam o propósito da vida podem viver feliz é inventando um propósito, o que equivale ao auto-engano como vimos em Sartre, ou não levando sua posição às conclusões lógicas. Observe o problema da morte como exemplo. De acordo com Ernst Bloch, a única maneira pela qual o homem moderno pode viver em face da morte é valendo-se inconscientemente da crença na imortalidade que seus antepassados tinham, mesmo sem ter ele mesmo base para essa crença, já que não crê em Deus. Bloch constata que a crença de que a vida termina em nada dificilmente é, em suas palavras, “suficiente para manter a cabeça erguida e trabalhar como se não houvesse fim”. Ao se valer dos resquícios de uma crença na imortalidade, escreve Bloch, “o homem moderno não sente o abismo que o cerca por todos os lados e com certeza acabará por tragá-lo. Com esses resquícios, ele salva seu senso de identidade própria. Por meio deles surge a impressão de que o ser humano não está perecendo, mas apenas um dia o mundo terá o capricho de não mais se mostrar a ele”. Bloch conclui: “Essa coragem bastante superficial saca de um cartâo de crédito emprestado. Ela vive de esperanças anteriores e da sustentação que elas antigamente proporcionavam”[13]. O homem moderno não tem mais o direito a tal sustentação, já que rejeita a Deus. Mas, a fim de viver com propósito, dá um salto de fé para afirmar uma razão para a vida.

O Absurdo da Vida sem Deus (Parte 2)


Você consegue entender a gravidade das alternativas à nossa frente? Se Deus existe, há esperança para o ser humano. Mas se Deus não existe, tudo o que nos resta é o desespero. Você compreende por que a pergunta da existência de Deus é tão vital para o ser humano? Como um escritor expressou muito bem: “Se Deus está morto, o ser humano também está”.

O Absurdo da Vida sem Deus (Parte 1)

Esse é um texto deveras longo, mas que merece ser lido com atenção e reflexão. Aqui William Lane Craig escreve sobre as fundamentações filosóficas para a objetividade no sentido da vida e da moralidade. Vou dividir o texto em duas ou três partes para que a leitura fique menos cansativa.


Abraços, Paz de Cristo.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Uma definição de ateísmo, por William Craig

Para quem não sabe, o filósofo cristão William Craig possui um site onde há uma seção de respostas a perguntas enviadas pelos leitores. A resposta a seguir possui alguns conceitos e história interessantes, por isso gostaria de compartilhar com vocês.

Abraços, Paz de Cristo.

Erros ateus comuns

Este texto foi escrito pelo ateu Luke Muelhauser e se encontra no blog Common Sense Atheism. Foi traduzido por Charles Gomes no blog homônimo e copiado para o Respostas ao ateísmo. É um texto bem imparcial e interessante, vale a pena ler.

Abraços, Paz de Cristo.

 Obs: os links redirecionam para páginas em inglês.

Evolução versus Naturalismo

Por que eles são como óleo e água

Por Alvin Plantinga

Tradução: Daniel Brisolara


Como todos sabem, tem havido uma recente enxurrada de livros atacando a fé cristã e a religião em geral. Alguns desses livros são um pouco mais do que ladainhas, cheios de insultos, mas curtos em razões, cheios de afrontas, mas curtos em competência, cheios de justas indignações, mas curtos em bom senso; na maior parte, eles são dirigidos mais por ódio do que pela lógica. É claro que existem outros que são intelectualmente mais respeitáveis – por exemplo, a contribuição de Walter Sinott-Armstrong em God? A Debate Between a Christian and an Atheist[1] [Deus? Um debate entre um cristão e um ateu] e a contribuição de Michael Tooley em Knowledge of God[2] [Conhecimento de Deus]. Quase todos esses livros foram escritos por filósofos naturalistas. Eu acredito que é extremamente importante ver que o naturalismo em si, a despeito do tom presunçoso e arrogante dos assim chamados Novos Ateus, está numa muito séria dificuldade filosófica: não se pode sensatamente acreditar nele.

Naturalismo é a idéia de que não há tal pessoa como Deus ou qualquer coisa como Deus; nós podemos pensar nessa posição como ateísmo turbinado ou talvez ateísmo plus. É possível ser ateu sem ascender a arrogantes altitudes (ou descender até as profundezas tenebrosas) do naturalismo. Aristóteles, os antigos Estóicos, e Hegel (ao menos em alguns estágios) poderiam apropriadamente ser considerados ateístas, mas eles não poderiam apropriadamente ser considerados naturalistas: cada um endossa alguma coisa (Primeiro Motor de Aristóteles, O Nous Estóico, O Absoluto de Hegel) que nenhum naturalista que se auto-respeite poderia tolerar.

Nos dias de hoje o naturalismo está excessivamente na moda na academia; alguns dizem que é a ortodoxia acadêmica contemporânea. Diante da moda de várias formas de anti-realismo e relativismo pós-moderno, isto pode ser um pouco forte. No entanto, o naturalismo é certamente mais difundido, e está exposto em alguns recentes livros populares como O Relojoeiro Cego de Richard Dawkins, A Perigosa Idéia de Darwin, de Daniel Dennett, e em muitos outros. Os naturalistas gostam de se agasalhar (ou de se envolver) nos mantos da ciência, como se a ciência de alguma maneira apoiasse, endossasse, subscrevesse, sugerisse, ou fosse de alguma maneira inabitual amigável ao naturalismo. Particularmente, eles freqüentemente recorrem à moderna teoria da evolução como uma razão para abraçar o naturalismo; de fato, o subtítulo do livro de Dawkins, O Relojoeiro Cego é Por que a Evidência da Evolução Revela um Universo sem Design. Muitos parecem pensar que a evolução é um dos pilares do templo do naturalismo (e “templo” é a palavra certa: o naturalismo contemporâneo tem, sem dúvida, assumido um invólucro religioso, com um sacerdócio secular fervoroso para reprimir visões opostas como qualquer mullah). Eu me proponho a argumentar que o naturalismo e a evolução estão em conflito um com o outro.

Eu disse que o naturalismo está numa dificuldade filosófica; isto é verdade em diversos aspectos, mas aqui eu quero me concentrar sobre apenas um – aquele conectado com a idéia de que a evolução apóia ou endossa ou é de algum modo evidência para o naturalismo. Do modo como eu vejo, isto é um erro colossal: evolução e naturalismo não são apenas companheiros constrangidos; eles são mais como combatentes beligerantes. Não se pode racionalmente aceitar ambos: evolução e naturalismo; não se pode ser um naturalista evolucionista. O problema, como muitos pensadores (C.S. Lewis, por exemplo) têm visto, é que o naturalismo, ou o naturalismo evolucionista, parece conduzir a um ceticismo fundo e penetrante. Ele leva à conclusão de que nossa cognição ou faculdades produtoras de crenças – memória, percepção, insight lógico, etc. – são duvidosas e não se pode confiar nelas para produzir uma preponderância de crenças verdadeiras sobre crenças falsas. O próprio Darwin teve preocupações com esses assuntos: “Comigo”, diz Darwin, “a dúvida horrível sempre surge se as convicções da mente do homem, as quais têm sido desenvolvidas da mente de animais inferiores, são de qualquer valor ou dignas de confiança. Poderia qualquer um confiar nas convicções da mente de um macaco, se houvesse qualquer convicção em tal mente?[3].

Claramente, esta dúvida surge para os naturalistas ou ateus, mas não para aqueles que acreditam em Deus. Isto porque se Deus nos criou à sua imagem, então mesmo que ele tenha nos moldado por meios evolucionários, ele presumivelmente queria que nós parecêssemos com ele na capacidade de conhecer; mas então a maior parte do que nós acreditamos pode ser verdade mesmo que nossas mentes tenham se desenvolvido a partir daquelas dos animais inferiores. Por outro lado, há um problema real aqui para o naturalista evolucionista. Richard Dawkins certa vez declarou que a evolução tornou possível ser um ateu intelectualmente realizado. Eu creio que ele está fatalmente enganado: eu não creio que é possível de alguma maneira ser um ateu intelectualmente realizado; mas de qualquer modo você não pode racionalmente aceitar ambos, evolução e naturalismo.

Por que não? Como segue o argumento?[4] A primeira coisa a se ver é que os naturalistas são também sempre ou quase sempre materialistas: eles pensam que os seres humanos são objetos materiais, com nenhuma alma imaterial ou espiritual, ou um eu (self). Nós somos apenas nossos corpos, ou talvez algumas partes dos nossos corpos, tais como o nosso sistema nervoso, ou cérebros, ou talvez parte de nossos cérebros (o hemisfério direito ou esquerdo, por exemplo) ou talvez alguma parte ainda menor. Então vamos pensar no naturalismo como incluindo o materialismo[5]. E agora vamos pensar sobre crenças de uma perspectiva materialista. De acordo com os materialistas, crenças, juntamente com o resto da vida mental, são causadas ou determinadas pela neurofisiologia, pelo que acontece no cérebro e no sistema nervoso. A neurofisiologia, além disso, também causa o comportamento. De acordo com a história habitual, sinais elétricos seguem via nervos aferentes dos órgãos sensoriais até o cérebro; lá alguns processos continuam; então impulsos elétricos vão via nervos eferentes do cérebro para outros órgãos incluindo músculos; em resposta a estes sinais, certos músculos se contraem, assim causando movimento e comportamento.

Agora, o que a evolução nos diz (supondo que nos diz a verdade) é que nosso comportamento (talvez mais exatamente o comportamento de nossos ancestrais) é adaptativo; desde que os membros de nossa espécie têm sobrevivido e se reproduzido, o comportamento de nossos ancestrais foi conduzido, no seu meio, à sobrevivência e à reprodução. Portanto, a neurofisiologia que causou este comportamento era também adaptativa; nós podemos sensatamente inferir que permanece adaptativa. O que a evolução nos diz, portanto, é que nosso tipo de neurofisiologia promove ou causa comportamento adaptativo, o tipo de comportamento que resulta em sobrevivência e reprodução.

Agora, esta mesma neurofisiologia, de acordo com o materialista, também causa crenças. Mas enquanto a evolução, a seleção natural premia o comportamento adaptativo (premia-o com sobrevivência e reprodução) e penaliza comportamentos mal-adaptativos, ele não se importa nem um pouco a respeito da crença verdadeira. Como Francis Crick, o co-descobridor do código genético, escreve no livro The Astonishing Hypothesis [A Hipótese Deslumbrante], “Nossos cérebros altamente desenvolvidos, conseqüentemente, não evoluíram sob a pressão da verdadeira descoberta científica, mas apenas nos possibilitam a ser sagazes o bastante para sobreviver e deixar descendentes”. Retomando este tema, a filósofa naturalista Patrícia Churchland declara que a coisa mais importante sobre o cérebro humano é que ele evoluiu; portanto, ela diz que a sua principal função é possibilitar ao organismo mover-se apropriadamente:
Resumindo o essencial, o sistema nervoso possibilita o organismo ter êxito nos quatro aspectos: alimentação, fuga, luta e reprodução. O cerne principal do sistema nervoso é colocar as partes do corpo onde elas deveriam estar a fim de que o organismo possa sobreviver… Melhoramentos no controle sensório-motor conferem uma vantagem evolucionária: um estilo imaginativo de representação é vantajoso na medida em que está engrenado no modo de vida do organismo e aumenta as suas chances de sobrevivência [ênfase de Churchland]. A verdade, o que quer que seja, definitivamente fica para trás[6].
O que ela quer dizer é que a seleção natural não se preocupa acerca da verdade ou da falsidade de suas crenças; preocupa-se apenas com o comportamento adaptativo. Suas crenças podem todas ser falsas, ridiculamente falsas; se seu comportamento é adaptativo você sobreviverá e reproduzirá. Considere um sapo sentado sobre uma vitória régia. Uma mosca o ignora; o sapo estende sua língua e a captura. Talvez a neurofisiologia que causa isto dessa maneira, também cause crenças. Até onde a sobrevivência e a reprodução sejam levadas em conta, isto não importará em absoluto o que essas crenças são: se a neurofisiologia adaptativa causa uma crença verdadeira (por exemplo, aquelas coisas pequenas e pretas são boas de comer), ótimo. Mas se causa uma crença falsa (por exemplo, se eu capturar a mosca correta, eu me transformarei em um príncipe), isto também está ótimo. De fato, a neurofisiologia em questão pode causar crenças que não tem nada a ver com as circunstancias presentes da criatura (como no caso de nossos sonhos); enquanto a neurofisiologia causar comportamento adaptativo, isto também está ótimo. Tudo que realmente importa, no que diz respeito à sobrevivência é à reprodução, é que a neurofisiologia cause o tipo certo de comportamento; se ela também causa crença verdadeira (em vez de crença falsa) é irrelevante.

Em seguida, para evitar chauvinismo entre espécies, não vamos pensar sobre nós mesmos, mas ao invés disso pensemos numa população hipotética de criaturas muito parecidas conosco, talvez vivendo num planeta distante. Como nós, essas criaturas desfrutam de percepção, memória, e razão; elas formam crenças sobre muitos assuntos, eles raciocinam e mudam de crenças, e assim por diante. Vamos supor, além disso, que a evolução naturalística vale para eles; isto é, suponha que eles vivam num universo naturalístico e tenham vindo à existência através dos processos postulados pela teoria evolucionista contemporânea. O que nós sabemos sobre essas criaturas, então, é que elas têm sobrevivido; a neurofisiologia delas tem produzido comportamento adaptativo. Mas e à respeito da verdade das crenças delas? E sobre a confiabilidade de suas produção de crenças ou faculdade cognitivas?

O que nós aprendemos de Crick e Churchland (e o que é em todo caso óbvio) é isto: o fato de que nossas criaturas hipotéticas terem sobrevivido não nos diz nada sobre a verdade de suas crenças ou sobre a confiabilidade de suas faculdades cognitivas. O que isto nos diz é que a neurofisiologia que produz essas crenças é adaptativa, assim como é o comportamento causado por aquela neurofisiologia. Mas simplesmente não importa se as crenças causadas também por aquela neurofisiologia são verdadeiras ou não. Se elas são verdadeiras, excelente; mas se elas são falsas, isto está bem também, desde que a neurofisiologia produza comportamento adaptativo.

Então considere qualquer crença particular da uma parte de uma dessas criaturas: qual é a probabilidade que esta seja verdade? Bem, o que nós sabemos é que a crença em questão foi produzida pela neurofisiologia adaptativa, neurofisiologia que produz comportamento adaptativo. Mas como nós temos visto, isto não nos dá nenhuma razão para pensar que essa crença seja verdadeira (e nenhuma para pensar que seja falsa). Nós devemos supor, portanto, que a crença em questão tem tanta probabilidade de ser falsa quanto de ser verdadeira; a probabilidade de qualquer crença particular ser verdadeira está perto de 1/2. Mas então é solidamente improvável que as faculdades cognitivas dessas criaturas produzam preponderantemente crenças verdadeiras sobre falsas conforme exigido pela confiabilidade. Se eu tenho 1.000 crenças independentes, por exemplo, e a probabilidade de qualquer crença particular ser verdadeira é 1/2, então a probabilidade de que 3/4 ou mais dessas crenças são verdadeiras (certamente uma exigência modesta o bastante para confiabilidade) será pouco menos do que 10(-58). E mesmo se eu estivesse trabalhando com um modesto sistema epistêmico de apenas 100 crenças, a probabilidade de que 3/4 delas sejam verdadeiras, dado que a probabilidade de qualquer um seja verdadeira é de 1/2, é muito baixa, alguma coisa como 0,000001[7]. Então as chances de que as crenças verdadeiras dessas criaturas substancialmente sobrepujem suas falsas crenças (mesmo numa área particular) são pequenas. A conclusão retirada é que é extremamente improvável que suas faculdades cognitivas sejam confiáveis.

Mas é claro que este mesmo argumento poderá também ser destinado a nós. Se o naturalismo evolucionista é verdadeiro, então a probabilidade de que nossas faculdades cognitivas sejam confiáveis é também muito baixa. E isto significa que alguém que aceite o naturalismo evolucionista tem um obstáculo para a crença de que as faculdades cognitivas dela são confiáveis: uma razão para desistir daquela crença, para rejeitá-la, para não mais sustentá-la. Se não existir um obstáculo para aquele obstáculo – um obstáculo-obstáculo, poderíamos dizer – ela não poderia racionalmente acreditar que as faculdades cognitivas dela são confiáveis. Sem dúvida que ela não poderia deixar de acreditar que elas são; sem dúvida ela de fato continuaria a acreditar nisso; mas a crença seria irracional. E se ela possui um obstáculo para a confiabilidade de suas faculdades cognitivas, ela também tem um obstáculo para qualquer crença que sejam produzidas por estas faculdades – as quais, é claro, são todas as suas crenças. Se ela não pode confiar nas suas faculdades cognitivas, ela tem uma razão, à respeito de cada uma de suas crenças, para desistir delas. Ela está, portanto, enredada num ceticismo profundo e abismal. Uma de suas crenças, contudo, é a sua crença no próprio naturalismo evolucionista; de modo que ela também tem um obstáculo para esta crença. O naturalismo evolucionista, portanto – a crença numa combinação de naturalismo e evolução – é auto-refutante, auto-destrutivo e atira no seu próprio pé. Portanto você não pode racionalmente aceita-lo. Por todos estes argumentos apresentados, ele pode ser verdadeiro; mas é irracional sustentá-lo. Assim o argumento não é um argumento para a falsidade do naturalismo evolucionista; ao invés disso, para a conclusão de que não se pode racionalmente acreditar naquela proposição. A evolução, portanto, longe de sustentar o naturalismo, é incompatível com ele, nesse sentido que você não pode racionalmente acreditar em ambos.

Que tipo de aceitação este argumento tem tido? Como você pode esperar, naturalistas tendem a ser menos do que inteiramente entusiastas acerca dele, e muitas objeções têm sido trazidas contra ele. Em minha opinião (a qual é claro algumas pessoas podem considerar tendenciosa), nenhuma dessas objeções é bem-sucedida[8]. Talvez a objeção mais importante e intuitiva seja como se segue. Retornando à população hipotética de alguns parágrafos atrás. Considerando, poderia ser que o comportamento deles fosse adaptativo mesmo que suas crenças fossem falsas; mas não seria muito mais provável que seus comportamentos fossem adaptativos se suas crenças fossem verdadeiras? E isto não significa que, desde que seus comportamentos são de fato adaptativos, suas crenças provavelmente verdadeiras e suas faculdades cognitivas provavelmente confiáveis?

Isto é na verdade uma objeção natural, particularmente dado o modo como nós pensamos sobre nossa própria vida mental. É claro que vocês são melhores candidatos a atingir seus objetivos, e é claro que vocês são melhores candidatos a sobreviver e a reproduzir se suas crenças são na sua maioria verdadeiras. Vocês são hominídeos pré-históricos vivendo sobre as planícies de Serengeti; claramente vocês não durarão muito se vocês acreditarem que os leões são gatinhos crescidos que gostam nada menos do que serem acariciados; Assim, se nós supomos que estas criaturas hipotéticas estão no mesmo tipo de situação cognitiva que nós ordinariamente pensamos que estamos, então certamente eles teriam muito mais provavelmente sobrevivido se suas faculdades cognitivas fossem confiáveis do que se elas não fossem.

Mas é claro que nós não podemos supor que eles estão na mesma situação cognitiva que nós pensamos que estamos. Por exemplo, nós supomos que nossas faculdades cognitivas são confiáveis. Nós não podemos sensatamente supor isto acerca dessa população; afinal de contas, o ponto principal do argumento é mostrar que se o naturalismo evolucionista é verdadeiro, então muito provavelmente nós e nossas faculdades cognitivas não são confiáveis. Assim refletindo uma vez mais sobre o que nós sabemos acerca dessas criaturas. Eles vivem num mundo no qual o naturalismo evolucionista é verdadeiro. Portanto, desde que eles tenham sobrevivido e reproduzido, os seus comportamentos têm sido adaptativos. Isto significa que a neurofisiologia que causa ou produz este comportamento tem também sido adaptativa: isto tem possibilitado a eles sobreviver e reproduzir. Mas e quanto às suas crenças? Estas crenças têm sido produzidas ou causadas pela neurofisiologia adaptativa; com certeza. Mas isto não nos dá nenhuma razão para supor estas crenças como verdadeiras. Até onde for a adaptatividade de seus comportamentos, não importa se tais crenças são verdadeiras ou falsas.

Suponha que a neurofisiologia adaptativa produza crenças verdadeiras: ótimo; ela também produz comportamento adaptativo, e que isto é o que importa para sobrevivência e reprodução. Suponha, por outro lado, que a neurofisiologia produza crenças falsas: novamente ótimo: ela produz falsas crenças, mas comportamento adaptativo. Realmente não importa que tipo de crenças a neurofisiologia produz; o que importa é o que causa o comportamento adaptativo; e isto ela claramente faz, não importa que tipo de crenças ela também produz. Portanto não há razão para pensar que se o comportamento deles é adaptativo, então é provável que suas faculdades cognitivas são confiáveis.

A conclusão óbvia, como assim me parece, é que o naturalismo evolucionista não pode sensatamente ser aceito. Os altos sacerdotes do naturalismo evolucionista proclamam em altas vozes que o cristianismo e mesmo a crença teísta está falida e que é ridícula. O fato, entretanto, é que a mesa virou. É o naturalismo evolucionista, e não a crença cristã, que não pode ser racionalmente aceito.



[1] Resenhado por Douglas Groothuis, em um texto onde quatro livros que lidam com o ateísmo de uma forma ou de outra são examinados [http://www.christianitytoday.com/bc/2008/004/12.39.html]. Nota do tradutor: O livro não possui tradução para o português.  

[2] Escrito em co-autoria com Alvin Plantinga na série Blackwell’s Great Debates in Philosoph (Blackwell, 2008). Nota do tradutor: O livro não possui tradução para o português.

[3] Carta a William Graham (Down, 3 de Julho, 1881), em The Life and Letters of Charles Darwin, ed. Francis Darwin (London: John Murray, 1887), Volume 1, pp. 315-16.

[4] Aqui eu vou fornecer apenas a essência do argumento; para uma descrição mais completa veja o meu Warranted Christian Belief (Oxford Univ. Press, 2000), cap. 7; ou minha contribuição para Knowledge of God (Blackwell, 2008); ou Natural Selection and the Problem of Evil (The Great Debate), editado por Paul Draper, www.infidels.org/library/modern/paul_draper/evil.html.

[5] Se você não pensa que o naturalismo inclui o materialismo, então pense no meu argumento como a conclusão de que não se pode sensatamente aceitar a conjunção tripartite do naturalismo, evolução e materialismo.

[6]Epistemology in the Age of Neuroscience,” Journal of Philosophy, Vol. 84 (October 1987), pp. 548-49.

[7] Agradeço a Paul Zwier, que realizou os cálculos.

[8] Veja, por exemplo, Naturalism Defeated?, ed. James Beilby (Cornell Univ. Press, 2002), que contém dez artigos por críticos do argumento, junto com minhas respostas às suas objeções.


Fonte: http://www.apologia.com.br/?p=116

Evolução darwiniana provaria a inexistência de Deus?


No meu último post, tratei um pouco sobre a forma como muitos ateus vêem o cientista Charles Darwin no quesito "contribuição científica". E terminei dizendo que iria falar mais um pouco sobre a relação entre evolução e a doutrina cristã. 

Os que me conhecem sabem que eu não gosto muito de falar sobre este tema. É algo que traz muita polêmica no âmbito de debate científico-religioso, e além disso eu não tenho conhecimento específico sobre o tema (faço faculdade de química, e não sou tão fã assim de biologia) e muito menos tenho uma opinião definida e convicta sobre o assunto (pessoalmente eu não acredito no criacionismo literal, pelos motivos que já citei aqui, mas também tenho minhas dúvidas sobre alguns absurdos da evolução naturalista). Por isso o objetivo deste post é apenas esclarecer o erro comum de que, independente de opiniões pessoais ou de posições oficiais de uma ou outra igreja, o evolucionismo em si não é incompatível com a crença em um Deus único, nem com o cristianismo bíblico.

Há alguns meses eu respondi uma pergunta no Yahoo! Respostas  que me gerou muita dor de cabeça. Um certo usuário me questionou por e-mail por causa da minha resposta (se você clicou no link, viu que a minha afirmação foi apenas que muitos Ph.D.'s em biologia estavam desacreditando da evolução darwinista e buscando outras alternativas). Ele me pediu pra eu provar isso, e eu provei mostrando o site Dissent from Darwin, que pra quem não conhece apresenta uma lista de vários cientistas, ateus ou teístas, desde físicos e engenheiros a biólogos e químicos que não vêem na evolução naturalista uma boa explicação, com evidências suficientes para o desenvolvimento da vida.

Enfim, pensei que ia acabar por aí, mas recebi uma chuva de e-mails, que fui respondendo com a maior paciência... ele pareceu pressupor que eu era algum tipo de militante criacionista ou defensor do design inteligente, e daí fez muitas acusações. Não contei o número total de e-mails, mas devem ter sidos uns trinta. No final eu desisti de discutir com ele exatamente porque não sei muito sobre evolução, até pedi a ele alguns artigos científicos que ele conhecesse sobre o assunto para eu ler também.

Agora, pouco mais de um mês depois do ocorrido, comecei a refletir sobre o assunto, tanto que escrevi o último post, e estava pensando: os ateus realmente vêem a evolução segundo Darwin como um ponto a favor deles. Mas será que funciona assim mesmo? A verdade é que, mesmo a evolução estando correta (eu ainda tenho minhas dúvidas), isso não representa perigo algum à fé cristã.

Abaixo eu transcrevo um trecho traduzido do debate entre William Craig e Christopher Hitchens onde Craig tem uma fala que cabe muito bem aqui, em resposta a Hitchens ter usado o sucesso da teoria da evolução como um argumento a favor do ateísmo:

"A teoria biológica da evolução é simplesmente irrelevante para o teísmo cristão. Gênesis 1 admite várias interpretações e não está comprometido de nenhuma forma com uma interpretação criacionista de 6 dias literais. Howard Van Till, Professor Emérito de Física e Astronomia em Calvin Coillege, escreve:  'O conceito de criação em 6 dias é requerido de quem acredita no Deus Criador descrito nas Escrituras? A maioria dos cristãos em minha área de estudos e que se engajaram em estudos bíblicos ou científicos concluíram que esta visão criacionista especial do mundo não é um componente necessário à fé cristã'.

E isso não é um passo atrás causado por descobertas científicas modernas. Santo Agostinho, em seu 'Comentário ao Gênesis', escrito no século IV,‎ explica que os dias não precisam ser interpretados literalmente, nem que a criação ocorreu há apenas alguns milhares de anos. Ele sugere que Deus criou o mundo em etapas que vão se desenrolando e desenvolvendo gradualmente ao longo do tempo. E essa interpretação apareceu 1500 anos antes de Darwin. Logo não é uma revisão da doutrina frente a descobertas modernas da ciência. 

Qualquer dúvida que eu possa ter quanto a teoria da evolução biológica é científica e não bíblica. A saber ela requer uma sequência fantasticamete improvável de eventos. Barrow e Tipler, dois físicos, no livro 'O Princípio Antrópico Cosmológico' listam 10 passos ao longo da evolução humana, cada um tão improvável que antes de acontecer  o Sol deixaria sua fase principal de estrela e incineraria a Terra! Por exemplo, eles calcularam que a probabilidade do genoma humano ter aparecido naturalmente é algo entre 4 eleveado a -180, elevado a 110.000 e 4 elevado a -360, elevado a 110.000!  Ou seja, se a evolução natural realmente ocorreu neste planeta foi literalmente um milagre! Logo uma evidência para a existência de Deus. 

Assim, eu não acho que seja um argumento para o ateísmo, muito pelo contrário, isto nos dá um bom suporte para afirmar que Deus atuou durante o processo evolutivo.

Os cristãos estão abertos às evidências para seguir para onde elas apontarem. Em contraste a isso, como afirmou Alvin Plantinga: 'Para os naturalistas a evolução é a única aposta  disponível, não importa o qual improvável as chances sejam contra ela... ela tem que ser verdade. Porque não há um projetista inteligente por trás dela. De certa forma temos um pesar pelos ateus, pois eles não podem realmente seguir as evidências para onde elas apontarem. Os pressupostos deles, o naturalismo, já determinam no que irão acreditar no fim. Por outro lado se exite um projetista e Criador do Universo , logo Ele pôde colocar, nas condições iniciais do Big Bang toda a sintonia necessária para permitir a evolução da vida inteligente.' Portanto eu penso que a evolução naturalista simplesmente não se sustenta frente à sua improbabilidade."

 A propósito, existe uma diferença entre evolução e naturalismo. A evolução enquanto teoria científica, descreve a origem das formas de vida existentes através dos processos naturais. Esta nada diz sobre a possível interferência de um Ser divino no processo, que poderia ser necessária, visto a cadeia de improbabilidades necessárias até chegar na complexidade humana de hoje em dia. Entretanto, o naturalismo é a crença de que não existe nada sobrenatural, pode ser entendida como uma forma de materialismo. Assim, hoje em dia o naturalismo é companheiro inseparável do darwinismo nos grandes círculos científicos. A evolução como vimos não representa perigo para a fé cristã, existe o evolucionismo teísta (recomendo a leitura do artigo do Wikipédia). É o naturalismo que, acrescido ao evolucionismo, se tornou um motivador da militância ateísta.

É claro que qualquer ateu terá muita dificuldade em aceitar a ideia de que um "ser imaginário" que sempre existiu simplesmente criou tudo que existe do nada. Entretanto não se apercebem que estão tão preocupados em rejeitar a ideia de Deus, que acabam não se importando em acreditar em algo mais absurdo: uma causa naturalista e aleatória para o Universo e a vida. Mesmo que seja inegável que o Universo e a vida existem, a probabilidade de terem surgido por causas naturais é simplesmente tão ridícula, que não faz sentido eles não acreditarem em Deus somente por defenderem que é improvável. Não estou querendo ser simplista aqui, é claro que eles também usam de outros argumentos, mas só pra concluir, à vista do que escrevi hoje, vejo esse argumento da improbabilidade como claramente inválido.

O próximo texto é  do renomado filósofo da religião Alvin Plantinga, e fala exatamente sobre essa relação entre evolucionismo e naturalismo que comecei a discutir no final da minha postagem.

Abraços, Paz de Cristo.

Referência

Fala de William Craig no debate contra Christopher Hitchens (vídeo):
http://www .youtube.com/watch?v=aJz63BESzrk

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Mais uma sobre cristianismo e ciência

Você já pararam para pensar sobre qual é hoje em dia o principal pilar que sustenta as acusações neo-ateístas? Acho que devemos concordar que na biologia evolucionista e sua proposta naturalista de origem da vida encontram-se os principais anti-religiosos atualmente, sendo Richard Dawkins ou exemplo mais cliché de todos.


Estava pensando sobre isso ultimamente, sobre Charles Darwin, é claro que ele foi um cientista que contribuiu com o nosso conhecimento, mais alguns outros cientistas, particularmente os ateus, o colocam numa posição tão central e "libertadora" para a ciência, acho que mais um pouco mais alta do que deveria estar. Charles Darwin deveria ser considerado um dos melhores cientistas de todos os tempos? Ou por que [na verdade] ele é considerado assim, ao meu ver? Saberemos adiante.

Um parêntese interessante a ser considerado é que Darwin cometeu vários erros em suas teorias, mas isso não é muito divulgado, afinal iria acabar com a reputação que os biólogos evolucionistas neo-ateus querem que ele tenha. Para mais informações, veja aqui (em inglês) ou aqui (página traduzida).

O jornalista britânico Chris Mooney ao escrever o artigo "Why we celebrate Darwin?" (Por que nós celebramos Darwin), chega a afirmar que "A Origem das Espécies" é "um dos livros mais brilhantes já escritos". Esse artigo foi escrito em 2009, quando se celebravam 200 anos desde o nascimento do cientista, e 150 anos de sua teoria. Mooney prossegue levantando uma questão, que responde em seguida:
 
"Porque é que será que isto acontece? Existirá algum outro cientista que nós celebremos assim tanto? E será apenas devido a mais famosa teoria de Darwin ou será algo mais?"

"Eu acho que Darwin significa muito (mas muito!) mais do que a ciência por si só pode transmitir. Ele epitomiza algo mais e eu quero arriscar que é o seguinte: uma visão secular…..Darwin não é apenas alguém era brilhante; ele é uma forma de vida."

Está aí onde eu queria chegar. Darwin não é considerado um dos maiores cientistas de todos os tempos pelos ateus apenas por suas contribuições cientpificas, mas devido ao impulso em direção ao secularismo da ciência que a sua teoria gerou. E isso passava longe da intenção de Darwin no início. Ele se tornou ateu (ou agnóstico, não sei ao certo) apenas no final de sua vida, graças a uma frustração pela morte de sua filha. Mesmo assim, Darwin representa hoje não ciência, mas um estilo de vida (o secularismo).

Podemos listar alguns cientistas que foram tão ou mais importantes do que Charles Darwin, para o conhecimento e progresso da humanidade? Com certeza, e eu vou listar alguns. Mas por que será que eles são tão pouco citados, particularmente pelos ateus?


Na física, podemos citar Isaac Newton, James Clerk Maxwell, Max Planck e Albert Einstein; Robert Boyle, Antoine Lavoisier e Willard Gibbs na química; na biologia, Carolus Linnaeus, Georges Cuvier e Gregor Mendel. De fato, a ciência e a tecnologia atuais não existiriam se não fossem eles. Saindo um pouco do escopo, também consideraria o nome de René Descartes, Roger Bacon e Immanuel Kant pelas suas sólidas bases construídas na filosofia da ciência.

Se fosse considerar algum livro importante para a história da ciência, não poderia deixar de citar "Principia Mathematica Philosophiae Naturalis" (1687), de Isaac Newton, ou mesmo o "Opticks" (1704) do mesmo autor; quem sabe "The Sceptical Chymist" (1661) de Robert Boyle, ou " Traité élémentaire de chimie" (1789) de Antoine Lavoisier (eu tenho esse livro, hehe), ou "Systema Naturae" (1735), de Linnaeus ou "Discourse on the Method" (1635), de René Descartes. Todos estes revolucionaram a ciência de seus tempos e muitas das ideias presentes nestes livros, publicados entre 374 e 222 anos atrás, são usadas até hoje.


Sabem uma coisa interessante sobre estes cientistas? Todos eles (com a exceção de Albert Einstein) ERAM CRISTÃOS! Já tinha escrito sobre o assunto aqui. Sobre Albert Einstein, escrevi aqui.

Concluindo, Darwin não teria sido importante por sua contribuição científica, mas principalmente por oferecer aos ateus uma plataforma pseudo-científica para suportar o ateísmo. É interessante ver por exemplo a iniciativa da Associação Humanista Americana ao tentar criar um "dia internacional" de Darwin, ou outra organização tentando promover o "Dia de Darwin" como alternativa secular ao natal. Fatos ocorridos poucos anos atrás.

Também é interessante notar essa aparente esperança do neo-ateísmo de acabar de uma vez por todas com a crença em Deus com a comprovação do evolucionismo. Isso é engraçado porque se a evolução é verdadeira, isso não implica em nada sobre a existência de Deus.

Fiquem atentos ao meu próximo post, falarei mais sobre esse assunto em especial.

Abraços, Paz de Cristo.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

É ofensivo a Bíblia comparar os cristãos a ovelhas?


Esse pequeno artigo fala sobre a recorrente analogia bíblica que compara o povo de Deus a ovelhas e Jesus ao pastor. Não seria algo repulsivo, já que ovelhas obedecem ao pastor sem questionar e são criadas basicamente para serem comidas? James P. Holdings, do site tektonics.org esclarece a questão com o devido contexto histórico.

Abraços, Paz de Cristo.

Jesus: um plágio? (parte 2)

(parte 1)


5. Problemas específicos da teoria

Já que é mais improvável que o cristianismo tenha sofrido influência de culturas distantes, como os hindus ou os persas, neste estudo se dará prioridade à comparação com os deuses egípcios, embora eventualmente será tratado um ou outro episódio sobre alguma outra mitologia.

5.1. Osíris

Possuia mais de 200 nomes divinos, incluindo Rei dos Reis, Senhor dos Senhores, Deus dos Deuses, a Ressurreição e a Vida, Bom Pastor, Pai da Eternidade, o deus que "fez homens e mulheres nascerem de novo."

Os títulos que tenho encontrado atribuídos à Osíris são Senhor de tudo, o Bom Ser (o título mais comum), Senhor do Mundo dos Mortos, Senhor/Rei da Eternidade, Soberano dos Mortos,[13] Senhor do Ocidente, O Majestoso,[14] "aquele que se assenta", o Progenitor, o Carneiro,[15] "grande Palavra" (como em, "a palavra do que virá a ser e que não é " - um reflexo da antiga noção do poder criativo da expressão de uma palavra, encontrada também no grego Logos),"Líder dos Espíritos " [16]; regente da eternidade [17], "deus vivo", "Deus acima dos deuses" [18]. Todos estes ou são títulos gerais poderiam ser atribuídos a qualquer divindade em posição de liderança, ou no mínimo estão relacionados ao domínio dos deuses sobre o mundo dos mortos. Nenhum dos títulos citados se aproxima ou é especificamente similar com os que foram atribuídos a Jesus.

Sua chegada ao mundo foi anunciada por três Reis Magos por uma estrela no ocidente

As três estrelas Mintaka, Anilam, e Alnitak no cinturão de Órion apontam diretamente para a estrela de Osíris ao ocidente, Sírius, indicando seu nascimento. Freke e Gandy repetem a última parte sobre a estrela. Porém, embora alguns estudiosos relacionem Osíris com Órion, eles por sua vez, nada sabem sobre "reis magos" ou uma "estrela no ocidente".

Ele foi uma hóstia simbólica. Seu corpo foi comido numa cerimonia religiosa sob a forma de bolos de trigo, a "planta da Verdade

Não foi achado nada na literatura acadêmica que relatasse algo semelhante.

Salmos 23 é uma cópia de um texto egípcio apelando para Osíris, o Bom Pastor, que conduz o cansado rumo aos "pastos verdejantes" e às "águas tranquilas' das terras de nefer-nefer, a fim de restabelecer a alma e o corpo e, para dar proteção no vale da sombra da morte

Se isto é verdade, nenhum comentarista na religião egípcia ou do Antigo Testamento sabe disso. Provavelmente Osíris fosse conhecido como um pastor e, de fato tal imagem era popular no Antigo Testamento (ver http://www.tektonics.org/qt/sheepcompare.html), mas esse termo não foi visto sendo aplicado a ele por ninguém, a não ser pelos defensores dos mitos.

A oração do Pai Nosso foi prefigurada por um hino egípcio à Osiris do início ao fim, “Ó Amém, ó Amém, que estais no céu.” Amém também era citado no final de cada oração.

O hebraico "Amém" nunca é usado como uma saudação e quer dizer "que assim seja", o que significa que não é algo "invocado" como é uma divindade. Além disso, vemos aqui uma ligação etimológica baseada nas línguas originais e, não na compatibilidade das letras em Inglês. Ainda sim tal oração citada como argumento é desconhecida para os estudiosos da religião egípcia.

Os ensinamentos de Jesus e Osíris são maravilhosamente semelhantes. Muitas passagens são idênticamente as mesmas, palavra por palavra.

Os estudiosos religiosos egípcios não parecem estar cientes dessas palavras. As fontes não foram citadas por Acharya, assim não nem como fazer uma comparação lado a lado.

Tal como o Senhor da vinha, foi um grande mestre viajante que civilizou o mundo. Soberano e juiz dos mortos.

Isso é um tanto não específico. Frazer relatou que Osíris ensinava o cultivo de uvas e agricultura, estabeleceu as leis Egípcias, ensinou-lhes como prestar culto e, viajou pelo mundo ensinando essas coisas. [19] Há uma alegação semelhante sobre Dionísio. Não que isso tenha importância, já que parece que somente Frazer e mais tarde Freke e Gandy conceberam a idéia de que as duas divindades estão ligadas. Literaturas escritas por estudiosos da religião egípcia não os consideram as mesmas figuras, embora alguns correlacionem Osíris e Órion e, Budge tenha observado as viagens, mas não veja qualquer relação entre Osiris e Dionísio [20]. Em todo caso, em nenhum lugar Osíris é chamado de "Senhor da vinha". Ele é o governante e juiz dos mortos, mas isso não descreve Jesus, que simboliza um Deus que não é Deus dos mortos, "mas dos vivos" (Lc 20.38). No máximo Osíris representa o que pode se esperar de qualquer divindade suprema: domínio e julgamento.

Em sua paixão, Osíris foi alvo de uma conspiração e mais tarde assassinado por Seth e "os 72

Esta é, segundo James P. Holding, uma combinação de falsificação terminológica, meia-verdade, e irrelevância [8]. Não houve uma "paixão" no referido incidente, de fato houve um complô executado por Set contra Osíris. Houve uma grande festa, em que um caixão foi trazido por Set, ele então incentivou a todos, incluindo os 72 participantes do complô e uma rainha da Etiópia, a deitarem-se nele para verificar as medidas. Finalmente chegou a vez de Osíris, ele foi convencido a deitar no caixão. No momento em que Osíris entrou, Set fechou e pregou o caixão e, o lançou no rio; Osíris morreu sufocado. Observe que os 72 aqui são inimigos de Osíris e não seus discípulos: apenas este número - um múltiplo de 12, um número que ainda valorizamos hoje quando compramos ovos ou bananas - é um ponto em comum (e isso somente em algumas passagens de Lucas 10; outros colocam o número em 70, talvez por representar o número de nações não-judias, de acordo com os judeus). Eles não fazem nada que possa ser considerado como o que os discípulos de Jesus fizeram. Conforme consta na narrativa, Ísis, a esposa de Osíris passou a procurar o caixão. Ela o encontra na Síria, onde ele havia sido incorporado à coluna de uma casa. Ela pranteou tão alto que algumas crianças na casa morreram do susto. Mais tarde, ela o levou para fora, abriu a tampa, então ficou procurando por Hórus. Nesse meio tempo Set encontrou o caixão e dilacerou o corpo de Hórus em 14 pedaços, espalhando-os por todos os lugares. Como resultado, Ísis passou a buscar os pedaços e os enterrava a medida que achava um a um. Uma história alternativa mostra Ísis, Anúbis, e Rá unindo novamente as partes do corpo, envonvendo-o com faixas, e revivendo seu corpo.

A ressureição de Osíris serviu para dar esperança à todos que também desejam a vida eterna.

Ver item 5.4 sobre ressureição.

5.2. Hórus

Abaixo encontra-se um trecho do "pequeno esboço sobre a vida de Hórus", extraído da Encyclopaedia of Religion and Ethics [21]:
"No antigo Egito, haviam vários deuses inicialmente conhecidos pelo nome de Hórus, porém o mais conhecido e mais importante desde o início do período histórico foi o filho de Osíris e Ísis, que era associado com o rei do Egito. De acordo com a lenda, Osíris , que assumiu o domínio da terra logo após sua criação, foi morto por seu irmão ciumento, Seth. A irmã-esposa de Osíris, Ísis, que recolheu os pedaços de seu marido mutilado e o ressucitou, também concebeu seu filho e vigador, Hórus. Hórus lutou com Seth, e, apesar da perda de um olho na batalha, teve sucesso ao conseguir vingar a morte de seu pai tornando-se seu legítimo sucessor. Osíris então tornou-se rei dos mortos e Hórus o rei dos vivos, esta troca era renovada a cada mudança de governo terreno. O mito da realeza divina provavelmente elevou a posição dos deuses tanto quanto elevou a do rei. Na quarta dinastia, o rei, o deus vivo, provavelmente também era um dos maiores deuses, mas por volta da quinta dinastia a supremacia do culto à Rá, o deus sol, era aceito até mesmo pelos reis. O rei Hórus era agora também "filho de Rá." Isto só se tornou possível mitologicamente, ao personificação toda a genealogia antiga de Hórus (o ennead – grupo de nove deuses egípcios - Heliopolitano) como se fosse a deusa Hathor, "casa de Hórus", que também era esposa de Rá e mãe de Hórus.
Hórus era frequentemente representado como um falcão, e uma pintura dele o mostra como um grande deus do firmamento cujas asas estendidas enchem os céus; seu olho saudável era o sol e seu olho ferido a lua. Outra pintura dele, particularmente popular no Último Período, era a de uma criança humana mamando no peito de sua mãe, Ísis. Os dois principais centros de adoração ao culto de Hórus localizavam-se em Bekhdet no norte, onde hoje muito pouco ainda resta , e em Idfu no sul, no qual existe um grande e bem preservado templo datado do período ptolomaico. Os mais antigos mitos envolvendo a história de Hórus, bem como os rituais lá realizados, estão registrados em Idfu."
Nascido da virgem Ísis-Meri em 25 de dezembro numa caverna/manjedoura com seu nascimento sendo anunciado por uma estrela no Oriente e visitado por três Reis Magos.

Frazer afirma que Hórus nasceu num pântano [22], e não sabe nada acerca de uma estrela ou sobre o número de Reis Magos. Além disso nem mesmo a Bíblia relata a data exata do nascimento de Jesus ou mesmo o número de magos que visitaram Jesus (a Bíblia não diz que eram reis). Esses dados foram acrescentados posteriormente às tradições cristãs.

Sobre o nascimento virginal, ver o item 5.3.

Seu pai terreno chamava-se "Seb" ("José").

Na verdade Seb era o deus-terra e não o “pai terreno", mas ao invés da própria terra (como Nut que simbolizava o céu), ele era o pai de Osíris, não de Hórus ", apesar de existir também uma versão na qual Hórus era o filho de Seb. Há aqui também um truque etimológico. Apesar da semelhança, não há nenhuma relação entre os nomes "Seb" e "Yoseph" ou "José". Um é um nome egípcio e outro é um nome semítico que significa "Deus acrescenta".

Ele era descendente de uma linhagem real.

Isto é naturalmente verdade, e Hórus era freqüentemente identificado com a vida de Faraó, mas isto é irrelevante, já que isto é uma característica comum a quase qualquer deus. Além disso, segundo o cristianismo, Jesus descendia de uma linhagem real terrena, a de Davi (Ap 22.16), enquanto Hórus era filho apenas do rei celestial.

Aos 12 anos de idade foi uma criança que ensinou no templo, e aos 30 foi batizado, após ter desaparecido por 18 anos. Foi batizado no rio Eridanus ou Iaurutana (Jordão) por "Anup o Batizador" (João Batista), que foi decapitado. Ele teve 12 discípulos, dois dos quais foram suas "testemunhas" e eram chamados "Anup" e "AAn" (os dois "Joãos").

Estas afirmações não fazem sentido paran os eruditos da religião egípcia. Quanto à esta última alegação Miller observa:
"Minha pesquisa na literatura acadêmica não revela esta informação. Encontrei referências à quatro "discípulos" – de diversas maneiras chamados de os semi-divinos HERU-SHEMSU ("Seguidores de Hórus") [GOE: 1,491]. Encontrei referências à dezesseis seguidores humanos [GOE: 1,196]. E encontrei referências à um grupo incontável de seguidores chamados mesniu / mesnitu ("ferreiros") que acompanhavam Hórus em algumas de suas batalhas [GOE: 1.475f; embora estes possam ser identificados com os HERU-SHEMSU no texto GOE: 1,84]. Mas não consigo encontrar doze discípulos em qualquer lugar. Hórus NÃO é o deus-sol (este é Rá), portanto não podemos recorrer a afirmação de que "todos os deuses solares têm doze discípulos - no Zodíaco" como é de costume.
Além disso, Jesus não desapareceu por 18 anos, a Bíblia relata que durante este tempo ele trabalhou como carpinteiro com seu pai (Mc 6.3).

Ele realizou milagres, expulsou demônios e ressucitou El-Azarus ("El-Osíris") dos mortos.

Miller observa:
"Histórias de milagres são abundantes, mesmo entre grupos religiosos que eventualmente não poderiam ter exercido influência mútua, tais como grupos latino-americanos (por exemplo os Astecas) e os Romanos, portanto esta "semelhança" não implica nenhum significado. Não encontro em lugar algum da literatura acadêmica referências a esta ressurreição específica. Tenho examinado todas as formas do nome El-Azarus sem êxito. O fato de que algo tão notável nem sequer é mencionado nas modernas obras de Egiptologia indica seu status questionável. Simplesmente é algo que não pode ser apresentado como prova sem que exista fundamentação autêntica. O mais próximo disso que pude encontrar, está no papel que Hórus desempenha em seu funeral oficial, no qual ele "apresenta" um recém-morto à Osíris e à seu reino dos mortos. No Livro dos Mortos, por exemplo, Hórus apresenta para Osíris o recém-morto Ani e, pede que Osíris o receba e tome conta dele [GOE:1,490]."
O fato de Osíris ser citado por Acharya como "El-Azarus" parece uma tentativa de assemelhar o nome do deus com o personagem bíblico Lázaro. É também um fato que os egípcios não utilizavam esse prefixo "El".

Hórus andou sobre as águas.

O mais próximo encontrado sobre isso na literatura egípcia é que ele na verdade foi jogado na água (veja abaixo).

Seu cognome pessoal era "Iusa" o "Filho eterno desejado" de "Ptah", o "Pai". Ele era chamado de "Divino Filho".

Miller diz:
Este fato também escapou à minha investigação. Examinei provavelmente 50 títulos das diversas divindades de Hórus, e a maioria dos principais índices de referências Egípcias padrão praticamente não contêm nada a respeito destas alegações. Encontrei uma cidade chamada "Iusaas" [GOE: 1,85], uma divindade árabe pré-islâmica também de nome "Iusaas", cogitada por alguns como sendo igual ao deus egípcio Tehuti / Thoth [GOE: 2,289], e uma equivalente fêminina denominada "Iusaaset" [GOE: 1,354]. Mas nenhuma referência à Hórus como sendo "Iusa".
Ele pregou um "Sermão da Montanha", e seus seguidores recitaram as "parábolas de Iusa." Hórus foi transfigurado no monte. Ele foi crucificado entre dois ladrões, sepultado por três dias em um túmulo e, em seguida ressuscitado.

Nenhuma destas três afirmações sequer pode ser encontrada. Sobre a última Miller escreve:
Não consigo sequer encontrar referências à Hórus morrendo, até que mais tarde ele se torna "um" com Rá o deus Sol, após isso ele 'morre' e 'renasce' todos os dias a medida que o sol nasce. E mesmo nesta "morte", não há em lugar algum nenhuma referência à um túmulo.
Há na obra de Budge uma hipótese de que Hórus havia morrido e seus pedaços lançados nas águas, e que seus membros foram pescados por Sebek, o deus crocodilo, a pedido de Ísis. Isso é mais parecido com uma espécie de batismo do que com outro coisa. Outra fonte regista uma história onde Hórus é picado por uma serpente e revivido, o que ainda assim não é bem uma semelhança.

Títulos: O Caminho, a Verdade, a Luz; Messias; Ungido Filho de Deus, Filho do homem; Bom Pastor; Cordeiro de Deus; Verbo feito carne; Palavra da Verdade.

Os seguintes títulos são encontrados na literatura: Grande Deus, Senhor dos Poderes, Mestre do Céu, Vingador de Seu Pai (considerando-se que ele derrotou Set, o qual havia "assassinado" Osíris) [23]. É provável que ele fosse chamado apropriadamente de "Filho do Homem", como o filho da realeza, mas não se conhece nenhuma evidência que confirme isso.

Ele foi "o Pescador" e era associado com o Peixe ( "Ichthus"), o Cordeiro e o Leão. Ele veio para cumprir a lei. Era chamado de "o KRST" ou "Ungido". Ele deveria reinar por mil anos.

Não foi encontrada evidência para qualquer uma dessas quatro últimas alegações. KRST em egípcio significava "enterro" e não era um título [24].

5.3. Nascimento virginal

Devido a esse ser um aspecto central sobre a vida de Jesus, foi reservado um tópico em separado para tal. Há uma confusão muito grande de conceitos ao associar a ideia de nascimento virginal aos deuses pagãos. No cristianismo, os evangelistas Mateus, Marcos e Lucas relatam uma fecundação operada pelo Espírito Santo, ausente de coito, seguido de gravidez e do nascimento de Jesus. Nas outras religiões os relatos são essencialmente diferentes em muitos aspectos. Geralmente os nascimentos são resultados de um casamento entre dois deuses ou de um ato sexual entre um deus disfarçado e uma mulher mortal (hieros gamos). 

O que está em questão aqui tecnicamente é a perda ou a preservação da virgindade no processo da concepção. Maria simplesmente “achou-se grávida pelo Espírito Santo” (Mateus 1:18) antes de casar-se e antes de “conhecer” um homem. Portanto, aconteceu sem a interferência de homem ou qualquer forma de conjunção carnal. Se os autores bíblicos tinham qualquer referência anterior, essa seria a citação feita por Mateus da profecia de Isaías (Is 7:14, citado em Mt 1.23).

Em uma das histórias de Dionísio, Zeus foi a Perséfone em forma de serpente e a engravidou, portanto sua virgindade foi tecnicamente perdida. Na versão mais conhecida, Zeus se apaixonou por Semele, princesa da casa de Times. Zeus veio a ela disfarçado de homem mortal e logo Semele estava grávida. Hera, rainha de Zeus, inflamada de ciúmes, se disfarçou como uma mulher idosa e foi até a casa de Semele. Quando Semele revelou seu caso com Zeus, Hera sugeriu que a história de que Zeus era o rei dos deuses poderia ser uma mentira e que talvez ele fosse um mero mortal que inventou a história para que ela dormisse com ele. Quando Zeus foi visitá-la novamente, ela pediu por apenas uma coisa. Zeus jurou que daria a ela o que quisesse. “Apareça a mim como você aparece a Hera”. Relutantemente, mas verdadeiro à sua palavra, Zeus apareceu em toda sua glória, queimando Semele às cinzas. Hermes salvou o feto e levou até Zeus que o costurou a sua coxa e três meses depois deu a luz a Dionísio.[25] A história claramente não é comparável ao relato bíblico e, além disso, só existem relatos pós-cristãos. Os deuses e deusas antigos eram típica e muito explicitamente sexuais e ativos, até por que, para o mundo antigo, grandeza era comumente associada com a geração física de um deus. Esse elemento está completamente ausente do relato da concepção virginal de Jesus.

No mito de Hórus, as diferenças são ainda mais gritantes.Hórus certamente não nasceu de uma virgem. Na verdade, um antigo relevo egípcio retrata essa concepção, ao mostrar sua mãe Ísis na forma de um falcão, pairando sobre o pênis ereto de um Osíris prostrado e morto no Mundo dos mortos ([21] no verbete "Phallus"). 

Na realidade, a descrição da concepção de Hórus irá mostrar exatamente os elementos sexuais que caracterizam "nascimentos milagrosos" pagãos, como observado anteriormente por estudiosos:
"Mas depois dela [isto é, Ísis] tê-lo trazido [isto é, o corpo de Osíris] de volta ao Egito, Seth conseguiu se apossar do corpo de Osíris novamente e o despedaçou em catorze partes, as quais ele espalhou por toda a terra do Egito. Ísis então saiu uma segunda vez em busca do corpo de Osíris e enterrou cada parte no lugar em que ela encontrava (por isso o grande número de túmulos de Osíris existentes no Egito). A única parte que ela não encontrou foi o pênis do deus, pois Seth o havia jogado no rio, onde o membro foi comido por um peixe; Ísis, então moldou um pênis artificial para colocar no lugar do que havia sido cortado. Ela também teve relações sexuais com Osíris após a morte dele, o que resultou na concepção e nascimento de seu filho póstumo, Harpocrates, Hórus o Filho. Osíris tornou-se rei do mundo dos mortos e, Hórus começou a lutar com Seth..."[26, CANE: 2:1702]
Como pode-se notar, o relato está muito distante da realidade bíblica, apesar de uma concepção necrofílica ser miraculosa. 

O fato de Hórus supostamente ter nascido em 25 de Dezembro não é importante para nós, já que em lugar nenhum do Novo Testamento esta data é associada ao nascimento de Jesus. Uma das únicas referências sobre o nascimento de Hórus é que ele nasceu no dia 31 do mês de Khoiak Egípcio (não se sabe a qual dia do nosso calendário este corresponde). 

Archarya acrescenta, usando Massey como uma provável fonte, a alegação de que nas paredes do Templo em Luxor existe uma cena mostrando a "Anunciação, Imaculada Conceição, Nascimento e Adoração de Hórus, com Thoth anunciando à Virgem Ísis que ela irá dar à luz; com Kenph, o "Espírito Santo", engravidando a virgem", concluindo com a visita dos três Reis Magos. Por alguma razão nem Archarya nem Massey fornecem um nome ou número para este relevo, ou um local mais específico do que o Templo em Luxor, que é um lugar bastante grande e inacessível para a maioria dos leitores dela. Quando pressionada em seu website por um leitor que investigava o assunto, Archarya fez um jogo de palavras - "Isis é a constelação de Virgo a Virgem, assim como a Lua, que se torna uma "virgem" durante o período de Lua Nova. O deus sol - neste caso, Hórus - é nascido desta deusa virgem". - O relato de Acharya alude à um documento do 6º século dC! E em momento algum apresenta-se uma confirmação para a ligação Ísis-Virgem. Se tal relevo existe de fato, é apenas aquilo que Archarya pensa ser através da interpretação de Massey.

Foi encontrada uma possível descrição do relevo em um site egípcio de viagens não divulgado:
"Acreditava-se que a Realeza fora decretada pelos deuses no início dos tempos de acordo com ma'at, o reinado bem organizado de verdade, justiça, e ordem cósmica. O rei soberano era também o filho físico do deus sol criador. Esta concepção divina e nascimento foi registrada nas paredes do Templo em Luxor, em Deir el-Bahri, e em outros templos reais por todo o Egito. O rei era também uma encarnação do Dinástico deus Hórus, e quando morto, foi identificado com Osíris, o pai de Hórus. Este rei vivo era portanto uma única entidade, a encarnação viva da divindade, escolhido divinamente como um mediador, que poderia atuar como um sacerdote em favor de toda a nação, recitando orações, oferecendo sacrifícios... Um átrio cercado por colunas do rei Akenatom III está unido ao interior de uma sala imponente com teto plano apoiada sobre várias fileiras de colunas, o qual é o primeiro aposento interno originalmente coberto e fazia parte do templo. Isto conduz à uma sucessão de antecâmaras com salas auxiliares. O quarto do nascimento a leste da segunda antecâmara é decorado com relevos que retratam o nascimento simbólico divino de Akenatom III, resultante da união de sua mãe Mutemwiya e o deus Amun. O santuário inclui um edifício à parte adicionado por Alexandre o Grande dentro da câmara maior criada por Akenatom III. Relevos bem preservados mostram o santuário transportável de Amun e outras cenas do rei, na presença dos deuses. O santuário de Akenatom III é o último aposento sobre o eixo central do templo."
Este relato é significativamente desprovido de uma concepção ou nascimento virginal, de Reis Magos, ou de um Espírito Santo. Ainda sim, a ordem presente no relevo é a concepção e depois o anúncio, enquanto que os evangelhos declaram o anúncio e depois a concepção.

“Meri” (“Mr-ee”) é a palavra egípcia para “amada” e aparentemente foi aplicada a Isis antes do tempo do Senhor Jesus como um título e não como parte do seu nome. Mas como provavelmente havia milhares de mulheres entre o tempo de Horus e altura do Senhor com um nome ou título que era uma variação de “Mary”, não há razão alguma para se supor que a Mãe do Senhor Jesus foi nomeada segundo o nome de Isis em particular. Mesmo que, hipoteticamente, os autores dos Evangelho tivessem fabricado a Mãe do Senhor e a tivessem dado o nome de “Mary” (Maria), é muito mais provável que eles se baseassem numa “Mary” mais perto do seu tempo do que na “Isis-Meri”.

Na pesquisa de Raymond Brown a respeito das narrativas a respeito do nascimento de Jesus ele avalia os exemplos de “nascimentos virginais” não-cristãos e sua conclusão é: "Em suma, não há nenhum exemplo claro de concepção virginal no mundo ou nas religiões pagãs que plausivelmente poderia ter dado aos judeus cristãos do primeiro século a idéia da concepção virginal de Jesus [27].

5.4. A Ressureição

Segundo Paulo, o maior fundamento da fé cristã é a crença na morte e ressurreição de Jesus (I Co 15:13,14). Ainda no início do capítulo de 1 Coríntios 15, os exegetas do Novo Testamento encontram fortes evidências para defender a realidade do fato da ressurreição. E foi justamente nesta pedra fundamental que os críticos aproveitaram para divulgar os paralelismos com personagens das religiões de mistério e das deidades que experimentaram morte e ressurreição.

A idéia do paralelo entre os deuses que morrem e ressuscitam e o conceito cristão da morte e ressurreição de Jesus foi popularizada pelo livro de James Frazer, The Golden Bough, primeiro publicado em 1906. Segundo ele e muitos outros críticos da modernidade, não há qualquer diferença entre a ressurreição de Jesus e daquelas deidades que eram conhecidas pela mitologia.

Não é senão a partir do terceiro século depois de Cristo que encontramos suficiente material a respeito das religiões pagãs que permitam uma relativa reconstrução de seu conteúdo. Muitos escritores utilizam-se deste material (depois de 200 d.C.) para formular reconstruções das religiões dos séculos anteriores. Essa prática, porém, é extremamente anti-acadêmica e não pode permanecer sem desafios [28].

Na realidade, segundo Pierre Lambrechts, os textos que referem-se à ressurreição são muito tardios, do segundo ao quarto século A.D.[29] A aparente ressurreição de Adonis, por exemplo, não tem sequer uma evidência, nem nos textos antigos nem nas representações pictográficas. Quanto à ressurreição de Attis, não há qualquer sugestão que ele foi um deus ressurreto senão até depois de 150 d.C.[30]

O caso mais importante desta seção talvez seja o do deus Osíris. A versão mais completa do mito de sua morte e ressurgimento é encontrada em Plutarco, que escreveu no segundo século depois de Cristo. De acordo com a versão mais comum do mito, Osíris foi assassinado por seu irmão que então o afundou em um caixão no rio Nilo. Ísis descobriu o corpo e o levou de volta ao Egito. Mas seu cunhado mais uma vez ganhou acesso ao corpo, dessa vez o desmembrando em catorze pedaços, os quais ele jogou longe. Depois de muita procura, Ísis recuperou cada pedaço do corpo. Algumas vezes aqueles que contam a história se contentam em dizer que Osíris voltou à vida, mesmo que isso passe longe daquilo que a linguagem utilizada pelo mito permite dizer. Alguns escritores ainda vão mais longe ao falar sobre a “ressurreição” de Osíris. Ísis restaura o corpo de Osíris e ele é colocado como um deus do mundo dos mortos. Roland de Vaux complementa dizendo:
O que significa Osíris ter “levantado para a vida”? Simplesmente que, graças à ministração de Ísis, ele pode levar uma vida além da tumba que é quase uma perfeita réplica da existência terrestre. Mas ele nunca mais voltará a habitar entre os viventes e reinará apenas sobre os mortos... Este deus revivido é, na realidade, um deus “múmia” [31].
Em outras palavras, Osíris é uma deidade que morre, mas não que ressuscita. Ele é sempre retratado em forma mumificada. Além disso, de acordo com Wilbur Smith, uma das maiores autoridades em religiões antigas, “não há nada nos textos que justifiquem a presunção que Osíris sabia que iria levantar dos mortos, e que se tornaria rei e juiz dos mortos, ou que os Egípcios acreditavam que Osíris morreu em seu favor e que retornou a vida para que eles pudessem levantar da morte também” [32].

A conhecida fórmula egípcia repetida "Levante-se, você não morreu", quer seja aplicada à Osíris ou à um cidadão do Egito, sinalizava uma vida nova e permanente no reino dos mortos. Sobre isso, o autor Frankfort concorda:
"Na verdade, de modo algum Osíris foi um deus 'agonizante', e sim um deus 'morto'. Ele nunca retornou entre os vivos; ele não foi libertado do mundo dos mortos, como foi Tammuz. Pelo contrário, no geral Osíris pertencia ao mundo dos mortos, era a partir de lá que ele concedia suas bênçãos sobre o Egito. Ele sempre foi retratado como uma múmia, um rei morto" [33].
Conforme observa Yamauchi, "os homens comuns aspiravam a identificação com Osíris como aquele que triunfou sobre a morte." Mas é um erro comparar a visão egípcia da vida após a morte com a doutrina bíblica da ressurreição. Para alcançar a imortalidade o egípcio tinha que satisfazer três condições: Primeiro, seu corpo tinha de ser preservado por meio da mumificação. Segundo, a alimentação era fornecida pela própria oferta de pão e cerveja. Terceiro, feitiços mágicos eram sepultados com ele. Seu corpo não ressurgia dos mortos; ao invés disso elementos de sua personalidade - seu Ba e Ka - continuavam a pairar sobre seu corpo." [34]

Assim, como escreveram os autores do livro “Reinventing Jesus”, Komoszewski, Sawyer e Wallace , a “ressurreição” de Osíris está mais parecido com a história de Frankenstein do que a de Jesus.Existem de fato muitas histórias de deuses egípcios espalhando várias partes do corpo ao redor, para não prejudicar o conjunto, pois "pensava-se que corpos divinos eram imunes às substituições" [35]. Neste caso, o corpo morto de Osíris não apodreceu e nem se decompôs como se esperava para que fosse montado novamente em conjunto. Foi assim com todos estes deuses egípcios: Seth e Hórus têm uma luta em que atiram excrementos um no outro, em seguida cada um rouba os órgãos genitais do outro [36]. O olho de Hórus é roubado por Set, porém Hórus o toma de volta e o entrega à Osíris, que o devora [37]. Hórus teve uma dor de cabeça, e outra divindade se ofereceu para emprestar a própria cabeça para ele até que sua aflição desapareçesse [35]. Osíris pagou um preço por ter morrido mutilado, já que ele foi limitado ao mundo dos mortos [e de forma notória alienado como consequência do que se passou "acima da superfície" [38], mas isto somente porque ele na realidade havia morrido uma vez antes, quando seu pai o matou acidentalmente [39].

Mudando de deidade, outro muito mencionado por sua suposta história de reaparição dos mortos é o de Cybele e Áttis. Cybele era uma figura muito adorada no mundo helenístico; o rito para ela antigamente incluía um frenesi nos adoradores homens que os levava a se castrarem.

Encontramos especialmente três mitos diferentes com respeito à vida de Áttis. De acordo com um dos mitos, Cybele amava um pastor de ovelhas chamado Áttis. Por Áttis ter sido infiel, ela o levou a loucura. Tomado de loucura, Áttis castrou-se e morreu. Isso encaminhou Cybele a um luto muito forte e introduziu a morte ao mundo natural. Mas então Cybele restaura Áttis à vida, um evento que também trouxe o mundo da natureza à vida. As pressuposições do intérprete tendem a determinar a linguagem usada para descrever o que se segue à morte de Áttis. Referem-se a ela descuidadamente como “ressurreição de Áttis.” Não há nada que se pareça uma ressurreição corpórea no mito, que sugira que Cybele só podia preservar o corpo morto de Áttis, ou seja, ele volta a vida de forma praticamente vegetativa, pois o mito menciona que os pêlos do seu corpo continuaram a crescer e que ele movimentava um de seus dedos. Em algumas versões do mito, Áttis volta à vida na forma de uma árvore. Nem nesse e nem nas outras três histórias, encontramos morte e ressurreição ou qualquer coisa semelhante ao que vemos nos evangelhos.

Foi somente em celebrações posteriores pelos romanos (depois de 300 d.C.) que algo remotamente semelhante ocorre. A árvore que simbolizava Áttis foi cortada e enterrada dentro de um santuário. Na outra noite, a “tumba” da árvore estava aberta e a “ressurreição de Áttis” foi celebrada. A linguagem, porém é ambígua e os detalhes sobre o culto são remotos; todo o material é muito tardio.

Nas comparações com Krishna, as respostas se tornam ainda mais fáceis de dar. Segundo especialistas em hinduísmo, Krishna foi morto por um caçador que acidentalmente atirou em seu calcanhar. Ele morreu e ascendeu. Não houve qualquer ressurreição e ninguém o viu ascender. Mesmo que o mito da ascensão de Krishna traga algum desconforto, ele pode ser rapidamente resolvido com as declarações de Benjamin Walker em seu livro “ The Hindu World: An Encyclopedia Survey of Hinduism ”: “não pode haver qualquer dúvida que os hindus pegaram emprestado os contos [do cristianismo], mas não o nome” [40]. Por estes paralelos virem do Bhagavata Purana e o Harivamsa, Bryant acredita que o Bhagavata Purana seja “anterior ao século VII d.C. (apesar de alguns acadêmicos considerarem do século XI)” e que o Harivamsa tenha sido composto entre o quarto e o sexto século.

O mesmo caso de datação tardia acontece com o mito de Mitra (a partir do primeiro século d.C.) e o caso de histórias completamente diversas à morte e ressurreição de Cristo acontece com Dionísio e Hórus.

Apesar de ser chocante às mentes religiosas ocidentais, é senso comum dentro da história das religiões que imortalidade não é uma característica básica da divindade. Deuses morrem. Alguns deuses simplesmente desaparecem, alguns somente para retornar novamente depois e alguns para reaparecer freqüentemente. Todas as deidades que foram identificadas como fazendo parte da classe de deidades que morrem e ressuscitam podem ser colocados sob duas classes maiores: deuses que desaparecem e deuses que morrem. No primeiro caso, as deidades retornam, mas não haviam morrido, e no segundo caso, os deuses que morrem, mas não retornam. Nenhum desses paralelos, para a concepção judaica, ressuscitou dos mortos, e para alguns acadêmicos hoje paira a dúvida se literalmente existe algum deus que experimentou a morte e a ressurreição. Uma citação muito interessante explica a realidade da teoria:

Desde a década de 1930...um consenso tem se desenvolvido que os ‘deuses que morrem e ressuscitam' morreram mas não retornaram ou levantaram-se para viver novamente...Aqueles que pensam diferente são vistos como membros residuais de espécies quase extinta [41].

Ainda podem ser levantadas algumas questões relevantes acerca da diferença conceitual entre a ressureição dos deuses pagãos e a de Jesus:

a) Em todos os casos de deuses que morrem, eles morrem por compulsão e não por escolha, às vezes por orgulho ou desespero, mas nunca por amor sacrifical [42].

b) Os deuses que morrem e ressuscitam segundo os mitos, nunca morreram por outra pessoa (vicariamente), e nunca anunciaram morrer pelo pecado. A idéia de uma aliança substitutiva pelo homem é totalmente única ao cristianismo. Além disso, Jesus morreu uma vez por todos os pecados, enquanto os deuses pagãos eram freqüentemente deuses de vegetação que imitavam os ciclos anuais da natureza aparecendo e morrendo diversas vezes.

c) Jesus morreu voluntariamente e sua morte foi uma vitória e não uma derrota, ambos os aspectos são contrários aos conceitos pagãos [43].

6. Conclusão

Segundo Marina Garner, a análise detalhada dos paralelismos aqui citados leva às seguintes conclusões [6]:

a) O conceito de nascimento virginal encontrado nos mitos pagãos em contraste com o relato bíblico diferem em muito.

b) Ressurreição de acordo com o conceito judaico e cristão não é percebido nos mitos pagãos, mas sim deuses que desaparecem mas não morrem e deuses que morrem mas não reaparecem.

c) A datação dos materiais que podemos usar para ter uma idéia de como eram esses deuses é bastante posterior ao início do cristianismo, não podendo, portanto, ter tido influências no seu desenvolvimento. Se houve influências, foi do cristianismo para o paganismo.

d) Todo o relato do nascimento, vida e morte de Jesus é completamente único ao cristianismo e contém uma originalidade não encontrada nos mitos pagãos.

Ou, nas palavras de Ronald Nash [44]:
"Esforços liberais de desacreditar a revelação singular cristã através dos argumentos da influência das religiões pagãs destroem-se rapidamente a partir da verificação completa das informações disponíveis. É claro que os argumentos liberais exibem academicismo incrivelmente ruim e com certeza, essa conclusão está sendo muito generosa."
Fica claro que a melhor conclusão a ser feita é aquela do livro em que encontramos a verdadeira revelação da verdade e da fonte do mistério da vida, morte e ressurreição de Jesus: a Bíblia. Por que “ não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (At 4.12).

7. Referências

[1] http://www.thezeitgeistmovement.com/joomla/index.php?Itemid=50 , acessado dia 11/05/2009.
[2] http://www.zeitgeistmovie.com/, dia 11/05/2009
[3] Timothy Freke e Peter Gandy , The Jesus Mysteries, Three Rivers Press (Setembro, 2001). p. 9
[4] Murdock, D.M. (as Acharya S) (1999). The Christ Conspiracy: The Greatest Story Ever Sold. Kempton, Illinois: Adventures Unlimited Press. ISBN 0-932813-74-7. p. 114-116
[5] Charles François Dupuis, The origin of all religious worship (1798). Kessinger Publishing, 2007, p. 293.
[6] Marina Garner, Jesus: um plágio? - Centro Universitário Advetista de São Paulo, Revista Kerygma ano 6 vol.1, 2010. Disponível em http://www.unasp-ec.com/revistas/index.php/kerygma/article/view/35/29, acessado dia 12/10/2011
[7] Edwin M. Yamauchi, Easter: Myth, Hallucination or History? Christianity Today, march, 1974, pt. 1.
[8] James Patrick Holding, Was the story of Jesus stolen from that of the Egyptian deites Horus and Osiris? - Disponível em http://www.tektonics.org/copycat/osy.html, acessado dia 12/10/2011
[9] J. Gresham Machen, The Origin of Paul's Religion . New York: Macmillan, 1925, p. 9. 
[10] J. Ed Komoszewski, M. James Sawyer, Daniel B. Wallace , Reinventing Jesus . Kregel Publications, 2006, p. 231. 
[11] Idem, p. 232-233.
[12] Nash, Ronald H. Christianity & the Hellenistic World.1984. p. 192-199; citando Bruce Metzger sobre o culto de Cybele.
[13] Frazer, J. G. Adonis, Attis, Osiris. 1961.
[14] Griffith, J. Gwyn. The Origins of Osiris and His Cult. Brill: 1996. 
[15] Budge, E. Wallis. . 1961. p.26
[16] Idem, p.79 
[17] Shorter, Alan. Egyptian Gods: A Handbook. 1937 p.37
[18] Meeks, Dimitri. Daily Life of the Egyptian Gods. 1996. p.31
[19] Frazer, J. G. Adonis, Attis, Osiris. 1961. vii, 7
[20] Budge, E. Wallis. . 1961. p.9
[21] James Hastings, Encyclopaedia of Religion and Ethics, 24 volumes, citada por Holding em [8].
[22] Frazer, J. G. Adonis, Attis, Osiris. 1961. p.8
[23] Budge, E. Wallis. . 1961. p.78
[24] Aren’t there some striking parallels between the Jesus and Horus stories? - disponível em http://www.kingdavid8.com/Copycat/JesusHorus.html - acessado em 12/10/2011
[25] Barry Powell, Classical Myth (3a. ed.). PrenticeHall. New Jersey, 2001, p. 250.
[26] Mich F. Lindemans, Encyclopedia of Mythica . Artigo publicado dia 21 de maio, 1997 no website: http://www.pantheon.org/articles/i/isis.html. Acessado dia 23/08/09 .
[27] Raymond E. Brown, The Birth of the Messiah . Anchor Bible, 1999, p. 523.
[28] A summary critique the mythological Jesus mysteries a book review of “The Jesus Mysteries: Was the “Original Jesus” a Pagan God?” by Timothy Freke and Peter Gandy. Christian Research Journal, Vol. 26, No. 1, 2003.
[29] P. Lambrechts, "La' Resurrection de Adonis," em Melanges Isadore Levy , 1955, p. 207-240 como citado em Edwin Yamauchi, "The Passover Plot or Easter Triumph?" em J. W. Montgomery, (ed), Christianity for the Tough-Minded . Minneapolis: Bethany, 1971.
[30] Ibidem
[31] Roland de Vaux, The Bible and the Ancient Near East. Doubleday, 1971. p. 236
[32] Wilbur M. Smith, Therefore Stand. New Canaan, CT: Keats, 1981, p. 583.
[33] Frankfort, Kingship and the gods: a study of ancient Near Eastern religion as the integration of society & nature. UChicago:1978 edition, p.289
[34] The Resurrection of Jesus Christ: Myth, Hoax, or History?" David J. MacLeod, in The Emmaus Journal, V7 #2, Winter 98, p169
[35] Meeks, Dimitri. Daily Life of the Egyptian Gods. 1996. p.57
[36] Budge, E. Wallis. . 1961. p.64
[37] Ibidem, p.88
[38] Meeks, Dimitri. Daily Life of the Egyptian Gods. 1996. pp.88-89
[39] Ibidem, p.80
[40] Benjamin Walker, The Hindu World: An Encyclopedic Survey of Hinduism , Vol. 1. New York: Praeger, 1983, p. 240-241.
[41] Tryggve N. D. Mettinger, The Riddle of Resurrection: "Dying and Rising Gods" in the Ancient Near East . Stockholm, Sweden: Almquist & Wiksell International, 2001, p. 4, 7.
[42] J. N. D. Anderson, Christianity and Comparative Religion. Downers Grove, IL: InterVarsity Press, 1977, p. 38.
[43] Ronald H. Nash, Christianity & the Hellenistic World . Grand Rapids, MI: Zondervan/Probe, 1984, p.
171-172.
[44] Ronald Nash, Was the New Testament Influenced by Pagan Religions? Christian Research Journal, Inverno 1994, p. 8.</p>
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