quarta-feira, 23 de março de 2016

[Problema do Mal] Refutando "O Guia Fácil e Rápido para desarmar um Religioso"


Olá, leitores.

A imagem acima circula na internet há algum tempo. Ao verificar a fonte, vi que trata-se de um blog de humor (de péssimo gosto, aliás). Eu tenho uma opinião sobre humor: ele não foi feito pra ser refutado, é apenas humor. É pra rir ou pra ignorar. Portanto, minha atitude padrão ao ver essa imagem seria simplesmente ignorar e continuar navegando na internet.

Entretanto, pela compaixão que tenho aos meus leitores menos experientes, que podem se sentir confusos ao se deparar com uma imagem como esta, me senti motivado a analisá-la segundo o que a filosofia e a teologia cristã realmente ensinam.

Eu poderia desde o início expor os pressupostos ocultos e falsos da imagem, ou ainda expor a questão sobre o problema do mal de um modo mais sistemático, que naturalmente eliminasse os paradoxos expostos na figura. Mas, para ser mais divertido, vamos seguir as setas nas linhas de raciocínio sugeridas na imagem. Para aqueles que querem uma análise mais aprofundada do assunto, aqui mesmo no blog você encontra material relativamente abundante, bastando procurar pela tag [Problema do Mal].

quarta-feira, 16 de março de 2016

[TRADUÇÃO] Por que muitos cientistas são tão ignorantes?



Por Pascal-Emmanuel Gobry  - 08 de março de 2016

A ciência tem um enorme prestígio e autoridade em nossa cultura - por razões muito compreensíveis! E isso levou os cientistas (e não-cientistas que reivindicam o manto da ciência) a reivindicar autoridade pública, que é bom, dentro de suas áreas de especialização. O problema é quando eles alegam autoridade em áreas onde eles não têm muita experiência.

Um exemplo recente é Bill Nye, o "Science Guy", que na verdade não é cientista, mas deve a sua carreira como um artista popular à sua suposta competência científica. Bill Nye foi recentemente convidado a opinar sobre se a filosofia é uma aspiração digna.



Como observou Olivia Goldhill em Quartz, a resposta de Nye era tão auto-confiante quanto incrivelmente ignorante. Nas suas palavras:

"O vídeo, que fez toda a comunidade filosófica dos EUA sufocar coletivamente em seu café matinal, é difícil de assistir, porque a maioria das declarações de Nye está errada. Não apenas 'meio errado', mas profundamente, ridiculamente errado. Ele mistura questões sobre consciência e a realidade como se elas fossem uma só e o mesmo tema, e se equivoca totalmente sobre o argumento de Descartes, "penso, logo existo" - isso só para mencionar dois dos muitos exemplos." [Quartz]

Nye caiu na mesma armadilha que Neil de Grasse Tyson e Stephen Hawking. A Filosofia, na opinião desses homens da ciência, é em grande parte inútil, porque não pode nos dar o tipo de certas respostas que a ciência pode, e equivale a pouco mais que especulação.

Há, obviamente, um grão de verdade nisso. A Filosofia não nos dá a certeza de que a matemática ou a ciência experimental pode dar (mas mesmo assim - como muitos filósofos apontariam - estes campos não nos dão tanta certeza quanto às vezes se diz). Mas isso não significa que a filosofia é inútil, ou que não tem rigor. De fato, em certo sentido, a filosofia é inevitável. Argumentar que a filosofia é inútil é fazer filosofia. Além disso, simplesmente não se pode fugir de algumas questões existenciais, e a filosofia é uma das melhores maneiras, ou pelo menos a menos ruim, que criamos para abordar essas questões.

Indo mais ao ponto, e na prática, todas as instituições que tornam a vida moderna possível, inclusive certamente a ciência experimental, mas também coisas como capitalismo de livre mercado, o estado de bem-estar social, a democracia liberal, os direitos humanos, e mais, são fundamentados na filosofia. Todas estas coisas são instituições culturais: elas existem porque muitas pessoas acham certas ideias valiosas e decidem agir nessas bases. Por uma questão histórica, a razão pela qual temos o método científico moderno é porque ele foi desenvolvido por pessoas, incluindo filósofos como Francis Bacon, e refinada por outros filósofos como Karl Popper. E se as ideias que estão na base destas instituições culturais se perdem, ou são mal-compreendidas, as instituições culturais podem deixar de funcionar. Este é o próprio caso da ciência. Isso significa que precisamos, no mínimo, de elites que podem entender essas ideias.

Em vez disso, nós nos tornamos uma cultura filosoficamente analfabeta em grande parte. Aparentemente todos os dias, você pode encontrar exemplos de pessoas que exibem um analfabetismo cultural impressionante - pessoas em posições nas quais isso simplesmente não deveria acontecer. A grande tradição filosófica sobre a qual nossa civilização é construída é deixada largamente de lado. Mesmo os currículos de "Artes liberais" em muitas faculdades* não ensinam os pensadores mais influentes. Se as nossas elites não estão sendo ensinados sobre essa grande tradição, então não deveria nos surpeender que alguns subconjuntos dessa elite - os cientistas experimentais e seus puxa-sacos - não sabem disso.

Isso é parte do problema. Mas é apenas uma parte dele. Afinal, como um grupo, os cientistas têm um interesse objetivo óbvio na ciência experimental sendo reconhecida como o único caminho para o conhecimento valioso, e, portanto, um interesse em desdenhar de outros caminhos para o conhecimento como menos válidos. As pessoas que ouvem os cientistas opinar sobre filosofia devem ter isso em mente.

E ainda há outro fator em jogo. Muitos, embora certamente não todos, dos cientistas que opinam aos quatro ventos sobre a inutilidade da filosofia são publicamente ateus. A forma de ateísmo que eles promovem pode ser chamada de "materialismo eliminativista", ou a noção de que a matéria é a única coisa que existe. Esta teoria é motivada pelo "cientificismo", ou a noção de que as únicas coisas cognoscíveis são cognoscíveis pela ciência. Um tanto paradoxalmente, essas proposições são essencialmente religiosas - descartar porções inteiras da experiência humana e do pensamento humano requer um empreendimento de . Eles também não são uma religião muito inteligente, uma vez que eles acabam simplesmente jogando proposições inconvenientes para baixo do tapete.

O fundamentalismo não é um sistema de crenças ou uma religião, é um estado de espírito. Pode existir religião fundamentalista, ateísmo fundamentalista, socialismo fundamentalista, libertarianismo fundamentalista, etc. O que todos eles têm em comum é, nas palavras de David Bentley Hart, "a recusa obstinada de pensar". O fundamentalista não é aquele cujas ideias são muito simples ou cruas. Ele é o único que teimosamente se recusa a pensar, quer através de outras idéias, ou nas próprias idéias.

Infelizmente, muitas das nossas maiores mentes nos dão um exemplo deste estado de espírito.

____________

* Nota do tradutor: Artes liberais é o sistema de disciplinas que surgiu na Antiguidade, em oposições às artes mecânicas ou trabalhos servis, e que foi desenvolvido nas universidades da Idade Média. O estudo de artes liberais incluía o trivium (lógica, gramática e retórica), com as disciplinas relacionadas à linguagem, e o quadrivium (aritmética, música, geometria e astronomia), com as disciplinas quantitativas.  e hoje em dia ainda é aplicado em universidades  norte-americanas, onde geralmente se obtém o título genérico de Bachelor in Arts (BA) ou Bachelor in Science (BS).

Fonte: The Week

quarta-feira, 9 de março de 2016

30 questões rápidas sobre Cristianismo (e 30 respostas concisas)



Créditos ao meu parceiro Vinicius Pinheiro pelo post original, que publico aqui com umas leves modificações que sugeri.

1) Se Deus nos ama tanto e quer que estejamos com ele, por que ele poria nossas almas em risco ao deixar a difusão de sua palavra a cargo de seres humanos falíveis, mentirosos e pecadores? Será que um professor deixaria um dos alunos assumir seu lugar se isto pusesse em risco o futuro da classe?

R: Se Deus é onipotente e todo-poderoso Ele pode ter supervisionado o processo sem interferir no livre arbítrio. Ele pode ter sincronizado previamente as circunstâncias de tal maneira que as pessoas certas nas condições certas estariam preservando Sua palavra. Lembrando que livre arbítrio não significa liberdade absoluta, mas unicamente a liberdade de escolher voluntariamente entre bem e mal.

2) Se Satanás é o Pai da Mentira, como podemos ter certeza de que ele não enganou os cristãos e fez com que eles o adorassem como deus e rejeitassem o verdadeiro deus?

R: Certamente um Deus onisciente, onipotente, e oni-benevolente, não permitiria que um impostor assumisse Sua identidade e enganasse bilhões de pessoas por tanto tempo. Esse Deus revelaria em Sua palavra as maquinações do diabo, e impediria o farsante de tentar enganar a humanidade.

3) Se Deus lançou o Diabo no inferno e o inferno é um lugar de castigo eterno, sem perdão, por que nos ensinam que o Diabo anda por aí nos tentando e nos possuindo? Um carcereiro que deixa seus prisioneiros saírem para matar e roubar seria demitido por incompetência.

R: De fato a questão parte de uma falsa premissa. A saber, que o diabo está preso no inferno atualmente. Satanás respondeu a Deus "que rodeia a Terra e passeia por ela" (Jó 1.7). Além disso, Pedro até diz que o diabo "anda ao derredor como leão que ruge buscando alguém para devorar" (1 Pedro 5.8). Não há consenso sobre a identidade dos anjos que estão aprisionados em 2 Pedro 2.4. De qualquer maneira, se deduz que não se trata de Satanás, porque ele é "o príncipe da potestade do ar", significando que ele habita na atmosfera do planeta e o influencia fortemente (Efésios 2.2).

4) Se Satanás consegue entrar até nas igrejas e fazer com que as pessoas tenham pensamentos impuros durante os cultos, como os cristãos podem ter tanta certeza de que ele não influenciou a redação e a composição da Bíblia segundo seus interesses?

R: Novamente, o Deus todo-bondoso e todo-poderoso não permitiria isso. Mesma resposta da questão número 2.

5) Deus pensa? Por que um ser que já sabe de tudo precisaria pensar?

R: Deus possui pensamentos eternos e imutáveis em vez de sequenciais e sujeitos ao tempo. Deus transcende o tempo, e portanto pensa sempre as mesmas coisas em um eterno presente.

6) Se o Universo está em todo lugar por definição, por que é que tem gente que vive perguntando “de onde veio o Universo”? Ele não pode vir dele mesmo… ou pode?

R: O universo não é a totalidade da realidade em si, mas sim a totalidade da realidade física. Logo não é verdade a premissa de que "o universo está em todo lugar por definição".

7) Se Deus é onisciente, como ele poderia ter se arrependido de sua criação?

R: Isso é figura de linguagem, antropopatia, e antropomorfismo. Em resumo, representam tentativas de descrever o Deus infinito mediante linguagem compreensível. Não é para ser interpretado literalmente ('arrepender-se' é uma ação que pressupõe tempo, e Deus não está sujeito ao tempo).

8) Se a alma é imaterial e o corpo é material, como é que a alma fica ligada ao nosso corpo?

R: Mas alma e corpo não são opostos mutuamente excludentes. O fato de algo ser imaterial não implica que seja o exato oposto da matéria, assim como o fato de que há moléculas diferentes não significa que sejam mutuamente excludentes. Dito isso, se infere nitidamente que não é impossível a co-existência entre o espírito e matéria. Tudo que existe tem semelhanças entre si, pois o oposto da existência não é outra existência, mas sim a inexistência.

9) Por que Deus mandou o dilúvio para eliminar o mal da Terra? Não funcionou! O mal voltou logo em seguida. Deus já deveria saber que isto iria acontecer, então por que ele se deu ao trabalho?

R: Premissa incorreta. O dilúvio não foi enviado para "eliminar o mal da Terra", mas somente para punir pecadores impenitentes. A diferença é sutil. Na verdade Deus só deseja eliminar o mal após os eventos descritos no livro de Apocalipse ou Revelação.

10) Se Deus é imutável, porque ele precisou “mudar as regras” enviando-se Jesus na Terra?

R: Ele não mudou as regras. Na verdade tudo isso já estava previsto desde a eternidade.

11) Por que um deus todo-poderoso teve que se tornar carne para poder se sacrificar em seu próprio nome, de modo a livrar sua criação de sua própria ira? Será que Deus, em sua sabedoria infinita, não teria uma solução menos primitiva?

R: Na realidade alguém teria que receber a penalidade do pecado, visto que Deus é justo e o mal não pode passar impune. Além disso, Deus é misericordioso e por essa razão determinou que Ele mesmo receberia a punição pelo pecado para que o homem pudesse se reconciliar com Deus. O juiz decretou que Ele mesmo pagaria o preço que custaria a liberdade do réu. Isso é compatível com a justiça e misericórdia de Deus.

12) Se tudo é “parte do plano de Deus”, como dizem os crentes, então Deus planejou todas as desgraças, todas as catástrofes e todos os nossos pecados e não precisamos sentir culpa por nada nem fazer nada para corrigir as coisas.

R: Tudo é parte do plano de Deus, mas o mal surgiu de forma permissiva. Deus não teve a intenção deliberada de produzir o mal. O mal surgiu porque criaturas racionais livres escolheram o mal em vez do bem. Deus teve uma boa razão para permitir o mal, mesmo que essa razão seja inescrutável para seres finitos e limitados como nós.

13) Porque os teístas dizem que eu preciso vasculhar todos os lugares do universo e não achá-lo para dizer que Deus não existe, se eu só precisaria não encontrá-lo em apenas um lugar, visto que é onipresente?

R: Deus é onipresente, mas em Sua natureza espiritual Ele é invisível aos olhos humanos. Logo mesmo Deus sendo onipresente, o homem não pode refutar um Ser que é invisível e imaterial.

14) Se Deus não é a causa da confusão, o que dizer da Torre de Babel?

R: Deus não causa confusão no sentido de que Ele é sempre verdadeiro e fiel. Todavia não no sentido de que Ele nunca poderia confundir a linguagem humana na Torre de Babel.

15) Cristãos dizem que se um bebê morrer, ele vai para o céu. Porquê então são tão contrários ao aborto, se isso privaria todas as crianças de irem para o Inferno?

R: Porque Deus é o criador e doador da vida e portanto o único Ser que tem o direito de tirá-la. A menos que Deus mesmo execute a ordem de tirar vidas, o ser humano não pode fazer isso. Estaríamos divinizando a nós mesmos se sem o consentimento do Deus Criador estivéssemos matando outras pessoas. Lembrando sempre que o novo testamento é o término da revelação divina.

16) Como Deus pode ter emoções (ciúme, raiva, tristeza, amor) se ele é omnipotente, omnisciente e omnipresente? Emoções são uma reação, mas como Deus pode reagir a algo que ele já sabia que iria acontecer e até planejou?

R: Antes de ser uma reação a emoção é uma sensação. Com respeito a Deus, a emoção é uma sensação eterna e imutável em vez de uma reação. Isso porque Deus, sendo criador do universo, transcende a sequência temporal. Ele vive em eterno presente. Sensação aqui tem o significado de sentimento intuitivo apenas.

17) Por que Deus permite que uma criança nasça se ele já sabe que ela vai para o inferno? Onde está seu amor infinito?

R: Porque Deus não viola nosso livre arbítrio. A escolha dos pais em praticar sexo ou gerar filhos é feita livremente e não pode ser interrompida por Deus. Isso mesmo que os filhos tenham conduta espiritualmente reprovável. É melhor ser livre que ser um robô ou um escravo.

18) Como podemos ser felizes no céu sabendo que pessoas que amamos estão sofrendo no inferno? Um crente me disse que as memórias que temos dos entes queridos são apagadas para não sofrermos no céu. Mas se perdemos nossa memória, não deixamos de ser nós mesmo?

R: É possível que Deus apague nossas memórias. E isso não faz com que deixemos de ser nós mesmos. Se for uma remoção parcial, isso não afeta necessariamente nossa identidade.  Pode ser também que as pessoas que vão para o céu adquiram um nível mais profundo de consciência que as faça entender o eterno propósito de Deus em punir as pessoas e as faça não sofrer por causa da situação dos perdidos.

19) Por que Deus abriu o Mar Vermelho para que Moisés tirasse os judeus do Egito mas não abriu os portões dos campos de concentração?

R: Deus possuía a intenção de preservar o povo hebreu no Egito pois planejava que Jesus nascesse através deles 1.400 anos depois. Por isso vemos tantas intervenções milagrosas no povo hebreu no Antigo Testamento, antes de Jesus. Avançando na história, vemos menos intervenção porque os judeus rejeitaram o próprio Messias, e assim de certa forma rejeitaram o próprio Deus. Ainda assim, Deus não rejeitou completamente os judeus (como Paulo afirma em Romanos 11), pois ainda tem um papel para eles no Apocalipse (a conversão final dos judeus será um sinal do fim dos tempos).

20) Por que dizem que temos livre arbítrio se só há duas opções: seguir a Deus e ir para o céu ou desobedecer e ir para o inferno?

R: Há a distinção entre livre-agência e livre-arbítrio. A livre-agência é a capacidade de escolha para questões não-morais, e de fato em relação a elas há várias possíveis. O livre-arbítrio é a capacidade de escolha moral, e em relação a esse só pode haver duas escolhas possíveis, de fato: bom ou mau, certo ou errado.

21) Em Isaías 40.28 diz “Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o SENHOR, o Criador dos fins da terra, nem se cansa, nem se fatiga?”. Então como é que os católicos dizem que Deus descansou no sétimo dia no Gênesis?

R: "Descansar" no hebraico significa "completar, encerrar". Significa que Deus completou o processo da criação. De modo nenhum significa que Deus estava realmente cansado e por isso descansou.

22) Judeus tradicionais dizem que o nome de Deus é impronunciável e por isso o chamam de Javé ou JHVH. Como é que então alguém pode ser acusado de falar seu nome em vão se ninguém sabe qual é?

R: Deus possui vários títulos, não somente o nome sagrado Javé. Ele é chamado de Elohim, Eloah, Adonai, etc. Falar qualquer um desses nomes em vão é pecar contra o Senhor Deus.

23) Por que Deus é do sexo masculino?

R: Deus é espírito e não tem gênero sexual. Ele é normalmente referido como ser masculino porque é o Criador do universo; e essa função é mais semelhante à função sexual ativa do homem que penetra e fecunda uma mulher. Em suma, Deus é transcendente e criador, assim como o elemento masculino, que está fora da mulher e fecunda a própria mulher.

24) Se você nasce retardado, sua alma também é retardada? E se você fica retardado depois de velho?

R: O corpo é somente o meio instrumental da alma. Quando o corpo não funciona bem a alma não pode operar bem através do corpo, assim como um pianista e seu piano. Mas a alma em si não tem essas deficiências. A alma existe independente do corpo, e fora do corpo ela funciona normalmente.

25) Por que precisamos rezar se Deus já sabe de tudo o que vamos dizer e do que precisamos? Será que ele gosta que nos humilhemos diante dele?

R: A função básica da oração é a comunhão com Deus, em adoração e louvor. A petição é meramente um aspecto secundário, não a razão básica. Pedimos a Deus como uma manifestação de adoração e intimidade com Deus, não como algo que tem importância independente.

26) Por que danos ao cérebro podem mudar nossa personalidade se nossa essência está na alma?

R: Novamente, a alma não funciona bem através de um corpo danificado, mas ela pode existir sem corpo e sem as deficiências do corpo.

27) Cristãos adora dizer o quanto Jesus se sacrificou por nós. Mas se ele era Deus, então como ele não sabia que em 3 dias estaria no céu para nos governar? Se ele está lá e vivo, o que exatamente ele sacrificou?

R: Jesus Cristo sacrificou Sua invulnerabilidade divina, ou seja, Sua incapacidade de sofrer e sentir dor. Como nosso substituto, Jesus suportou um sofrimento equivalente ao inferno eterno em poucas horas de crucificação. Sendo Deus, Ele nunca precisaria abdicar de Sua invulnerabilidade, menos ainda precisava sofrer um sofrimento infinito.

28) Como Adão e Eva podiam saber que era errado comer da Fruta do Conhecimento se só ao comê-la saberiam o que era bom e mal, certo e errado?

R: O tomar do fruto significava conhecer o mal por experiência própria. Certamente, em contraste com o bem, o primeiro casal já conhecia o conceito do mal e suas consequências.

29) Como podemos ofender a Deus se não é possível surpreendê-lo?

R: Novamente, Deus tem sentimentos eternos. Ele está sempre contente com a justiça e ofendido com a injustiça. Não é Deus que muda em relação a nós quando pecamos, somos nós que mudamos de um sentimento eterno de Deus para outro sentimento eterno. Quando mudamos do lado esquerdo para o lado direito de uma pilastra a pilastra não muda em relação a nós.

30) Em 1 Coríntos 15.50 diz “Isto afirmo, irmãos, que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção”. Como Jesus pôde então ascender ao reino de Deus se ele mesmo é carne e sangue?

R: "Carne e sangue" no contexto significam a carne perecível, sujeita ao sofrimento e à morte. O corpo glorificado não se enquadra nessa descrição.

Abraços, Paz de Cristo.

quarta-feira, 2 de março de 2016

[TRADUÇÃO] A Questão Última das Origens: Deus e o Início do Universo - William Lane Craig



Olá leitores. Trago com exclusividade um artigo acadêmico de William Lane Craig defendendo a tese de um início absoluto do Universo - tese que aponta diretamente para a existência de Deus, em contraste com vários modelos cosmológicos recentes que tentam fugir desta conclusão. O artigo foi traduzido por mim e o original encontra-se em reasonablefaith.org.
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