quarta-feira, 30 de maio de 2012

Prova matemática de que o universo teve um começo


Obs: Para ver como o fato de o universo ter tido um começo é importante para a argumentação da existência de Deus, clique aqui.



Em um novo estudo, cosmólogos usaram as propriedades matemáticas da eternidade para mostrar que, apesar do universo poder durar para sempre, ele deve ter tido um começo.

O Big Bang tornou-se parte da cultura popular desde que a expressão foi cunhada pelo físico Fred Hoyle, nos anos 1940, e representaria o nascimento de tudo.

No entanto, o próprio Hoyle preferia muito mais um modelo diferente do cosmos: um universo de estado estacionário, sem começo nem fim, que se estende infinitamente para o passado e para o futuro.

Essa ideia, entretanto, nunca vingou. Mas nos últimos anos, os cosmólogos começaram a estudar uma série de novas ideias com propriedades semelhantes. Curiosamente, essas ideias não entram necessariamente em conflito com a noção de um Big Bang.

Por exemplo, uma ideia é que o universo é cíclico, com big bangs seguidos de “big crunches” (crises) seguido de big bangs em um ciclo infinito.

Outra é a noção de inflação eterna, em que as diferentes partes do universo se expandem e contraem em taxas diferentes. Estas regiões podem ser pensadas como universos diferentes em um multiverso gigante.

Assim, embora pareça que vivemos em um cosmos que se expande, outros universos podem ser muito diferentes. E enquanto o nosso universo pode parecer que tem um começo, o multiverso não precisa ter um começo.

Por fim, há a ideia de um universo emergente que existe como uma espécie de semente para a eternidade e, de repente, se expande.

Essas teorias cosmológicas modernas sugerem que a evidência observacional de um universo em expansão (como o nosso) é consistente com um cosmo sem começo nem fim. Mas não é bem assim.

Audrey Mithani e Alexander Vilenkin, da Universidade Tufts em Massachusetts, EUA, dizem que todos os modelos propostos são matematicamente incompatíveis com um passado eterno.

A análise dos pesquisadores sugere que estes três modelos do universo devem ter tido um começo.

Seu argumento centra-se sobre as propriedades matemáticas da eternidade – um universo sem começo e sem fim. Tal universo deve conter trajetórias que se estendem infinitamente no passado.

No entanto, Mithani e Vilenkin lembram que este tipo de trajetória do passado não pode ser infinita se for parte de um universo que se expande de uma maneira específica.

Universos cíclicos e universos de inflação eterna se expandem dessa forma específica. Então, esses tipos de universo não podem ser eternos no passado, e devem, portanto, ter tido um começo.

“Embora a expansão possa ser eterna no futuro, não pode ser estendida indefinidamente para o passado”, dizem eles.

Esses modelos podem parecer estáveis do ponto de vista clássico, mas são instáveis do ponto de vista da mecânica quântica. A conclusão é inevitável. “Nenhum desses cenários pode realmente ser eterno no passado”, diz Mithani e Vilenkin.

Como a evidência observacional é que o nosso universo está se expandindo, então ele também deve ter nascido em algum ponto no passado. Não adianta fugir dele… Voltamos para o Big Bang. 

quarta-feira, 23 de maio de 2012

[Vídeo] A ciência pode explicar tudo?

Loop Neo Ateu - Cientificismo


Este post é uma objeção ao cientificismo, que é a doutrina de que a ciência deve ser a única maneira válida de encontrar a realidade das coisas. Há uma tendência atual muito forte de aderir ao cientificismo, principalmente por parte dos neo-ateus.

O vídeo é um pequeno trecho do famoso debate entre William Craig e Peter Atkins (que já foi postado aqui), que traz algumas ilustrações sobre o assunto.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

[Vídeo] Sobre Deus como causa e o ônus da prova



Transcrição adaptada do vídeo:

Ateu pergunta:

Olá. Há muito debate sobre o ônus da prova, e eu só queria ressaltar que não se pode provar a inexistência de algo, e os naturalistas aceitam isso. Porém, quando se invoca Deus como uma explicação o que se está fazendo é invocar algo que é inerentemente inexplicável. Assim, não se está resolvendo o problema, nao se está explicando coisa alguma. Se está somente confundindo o problema. Há mais a ser explicado. 


Assim, seria o fato de invocar Deus como uma hipótese sobre as coisas naturais, como a origem da vida e do Universo, um avanço para o conhecimento?

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Crenças que todos possuímos, ou Sobre as crenças que até o ateu possui, ou Mais uma sobre Ciência e fé


Olá, leitores. O texto a seguir é uma objeção à tendência atual de se definir ateísmo como a ausência geral de crenças. Esta definição parte principalmente dos neo-ateus, que possuem um elevado grau de cientificismo e uma espécie de preconceito de qualquer coisa relacionada à palavra "crença". Na verdade, a crença em si é algo necessário para qualquer tipo de conhecimento, como veremos a seguir. 

Mesmo que não se defina ateísmo como a ausência de crenças, mas a ausência de crença em deuses ou no sobrenatural, esta definição também é equivocada e representa apenas uma forma de os ateus de hoje em dia fugirem do ônus da prova que possuem. Isto já foi mostrado aqui

O texto foi extraído (com praticamente nenhuma modificação) do blog Ministério Cristão Apologético, e contém uma pequena relação de temas em que mesmo os ateus precisam crer, pois são crenças básicas necessárias ao método científico, definidas pela filosofia da ciência.  

Abraços, Paz de Cristo.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Afinal, existem evidências para a existência de Deus? [Parte 3]

(Ler a Parte 2)



6. O Argumento Ontológico

Este argumento é bem antigo e foi originalmente proposto por Santo Anselmo, tendo sido mais tarde reformulado e defendido por Alvin Plantinga, Robert Maydole, Brian Leftow e outros. As várias versões diferem um pouco entre si, mas em geral um argumento ontológico consiste em partir de uma  definição de Deus e chegar à conclusão de que a sua existência é necessária (necessário, em filosofia, é algo que não possui nenhuma possibilidade de ser falso). Esse tipo de argumento é unicamente um raciocínio a priori e faz pouca ou nenhuma referência a posteriori, de cunho empírico.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Afinal, existem evidências para a existência de Deus? [Parte 2]

(Ler a Parte 1)


Nesta parte eu trago uma série de argumentos filosóficos ou razões para acreditar em Deus. Isto também foi motivado por uma pergunta vinda da página do Facebook:

Liliana Silva
Qual o motivo para acreditar que tudo isto [o Universo] foi obra de uma criação divina?
Amigo, desculpa, estás a tentar justificar o injustificável, e a meter os pés pelas mãos. A verdade é que não existe motivo nenhum racional para acreditar que o universo e tudo o resto que não conhecemos (nós nem sabemos o tamanho do universo, não sabemos se vemos 1% ou 0.0000001% ou menos; nem sabemos se existem outros universos ou outras formas de energia), seja uma criação divina de entidade inteligente. Mas já sabemos o que provoca as catástrofes naturais (outrora acções de deuses e divindades), ou o que significa um eclipse da lua ou do sol... ou um meteorito....... o nosso lugar na nossa galáxia... compreendes?

Eu penso que esta pergunta inicial da Liliana seria melhor formulada assim: como podemos saber que Deus existe? Pois já vimos no texto anterior que o problema está em como se pode 'provar' uma afirmação metafísica. Já sabemos que o caminho correto é, ao invés de procurar conclusões acima da possibilidade de dúvida, pesar as evidências e considerar as alternativas.

Entretanto, note bem que, se alguém se opõe radicalmente à possibilidade de Deus existir, então qualquer prova ou explicação apresentada aqui poderá ser imediatamente refutada por ele. Isto é análogo, por exemplo, a uma pessoa se recusa a acreditar que o homem andou na Lua. Nenhuma informação, por melhor que fosse, iria mudar o seu modo de pensar. Imagens via satélite de homens andando na Lua, entrevistas com os astronautas, pedras lunares… todas as provas seriam sem valor porque a pessoa já concluiu de antemão que o homem não pode ir à Lua.

É bem conhecido que a Bíblia diz que há pessoas que têm prova suficiente de que Ele existe, mas encobrem essa verdade (Rm 1.19-21). Por outro lado, há aquelas que querem saber se Deus existe; a essas Ele diz: “Vocês me procurarão e me acharão quando me procurarem de todo coração. Eu me deixarei ser encontrado por vocês…”. (Jr 29.13-14) Antes que você olhe para os fatos relacionados à existência de Deus, pergunte-se: “Se Deus realmente existe, eu gostaria de conhecê-lo?”.

Sem mais delongas, listarei os argumentos:


1. O Argumento da contingência, ou "Por que existe algo ao invés de nada"?

Vocês já pararam para pensar nesta questão? O mistério da existência é uma das perguntas mais profundas da filosofia. Por que existe algo, ao invés de nada? Os filósofos existencialistas tem respondido esta pergunta de forma bem pessimista, dizendo que a existência é um acidente ou um acaso, e que não há absolutamente nenhum sentido, valor, ou propósito na vida humana. Isto já foi comentado no texto aqui do blog: O Absurdo da vida sem Deus. Lembre-se que lá concluimos que se isto realmente é verdade, tudo que resta ao homem é o desespero e um vida desprovida de regras e valores morais (a não ser que a pessoa se iluda criando valores subjetivos para si própria). Nossa intuição se incomoda com a resposta dada pelo existencialismo.

Este argumento foi proposto pelo matemático e filósofo Gottfried Willhelm Leibniz,e é um dos argumentos racionais mais antigos para a existência de Deus. Ele é descrito formalmente da seguinte maneira:
  1. Tudo o que existe possui uma explicação de sua existência, seja na necessidade de sua própria natureza ou numa causa externa. 
  2.  O universo existe.
  3. Se o universo possui uma explicação de sua existência, esta explicação é uma causa externa, transcendental e pessoal.
  4. Logo, a explicação da existência do universo é uma causa externa, transcendental e pessoa.
 A conclusão depende da premissa de que o Universo não existe como um objeto necessário. O contrário nunca foi provado, portanto é racional aceitar esta premissa.

Penso que este é um dos argumentos mais importantes que nos levam a aceitar a existência de Deus de forma racional. Richard Dawkins, por exemplo, nem sequer o mencionou no livro Deus, um delírio. O argumento pode ser pensado como uma espécie de argumento cosmológico (o qual veremos a seguir) que não depende da premissa de que o Universo teve um começo.


2. O Argumento Cosmológico

Este argumento não é o mais antigo, mas é provavelmente o mais conhecido e discutido sobre a existência de Deus. A primeira formulação foi dada por São Tomás de Aquino, fazendo parte dos seus 5 argumentos para a existência de Deus, mas a ideia básica contida nele é tão antiga quanto Platão e Aristóteles. Ele pode ser descrito da seguinte maneira:
  1. Todo ser finito e contingente tem uma causa.
  2. Nada finito e contingente pode causar si mesmo.
  3. Uma cadeia causal não pode ser de comprimento infinito.
  4. Portanto, uma Primeira Causa (ou algo que não é um efeito) deve existir.
O filósofo cristão William Lane Craig defende uma variação deste argumento, conhecida como Argumento Cosmológico Kalam, que pode ser colocada desta forma:
  1. Tudo que começa a existir tem uma causa.
  2. O universo começou a existir.
  3. Portanto, o universo teve uma causa.
Tudo bem, mas isto não prova que Deus existe. Apenas que o Universo possui uma causa. Mas Craig argumenta que pode-se deduzir algumas características necessárias desta causa. Primeiro, que ela é imaterial e atemporal, pois afinal ela causou o surgimento da matéria e do espaço-tempo; segundo, que é inimaginavelmente poderosa, já que foi capaz de criar o Universo; terceiro, que deve ser um Ser pessoal. Em suas palavras: “A única maneira de ter uma causa eterna mas um efeito temporal é se a causa for um agente pessoal que livremente escolhe criar um efeito no tempo.”

Existem duas objeções comuns a este argumento: a primeira é que não há certeza absoluta de que o Universo começou a existir, ou se sempre existiu. Mas nunca teremos certeza absoluta, afinal a ciência não lida com verdades absolutas. Até onde sabemos hoje em dia, tudo indica que o Universo teve sim um começo, no evento conhecido como Big Bang. Esta é uma teoria científica que, ao contrário do que muitos pensam, é um ponto a favor para a existência de Deus.

A segunda objeção, apresentada no livro Deus, um delírio de Richard Dawkins, é que apresentar a possibilidade de Deus como um Criador levanta imediatamente a questão: Quem criou o Criador? Note que esta objeção já é resolvida pela primeira premissa do argumento de Craig, pois como Deus não começou a existir, sempre existiu, logo Ele não possui causa, ou é um ser incriado. Além disso, é um fato reconhecido na filosofia da ciência que, para reconhecer uma explicação como a melhor para um fato, não é necessário ter a "explicação da explicação". Exemplo: arqueólogos encontram restos de artefatos como pontas de lança e fragmentos de cerâmica. É totalmente justificável atribuir estes artefatos a alguma tribo ou civilização humana que esteve ali em algum lugar do passado, mesmo que estes arqueólogos não tenham nenhuma ideia de qual era aquela tribo, ou como eles chegaram ali. Logo, é racionalmente aceitável propor Deus como a melhor explicação para a origem do Universo, mesmo que não tenhamos explicação para como Ele surgiu. Se você pensar mais sobre esta objeção, perceberá que se fosse necessário a explicação da explicação para justificar uma hipótese, logo você precisaria da explicação da explicação da explicação, e assim sucessivamente, até o infinito! Em, outras palavras, nada teria uma explicação real e a ciência não poderia existir. Portanto o argumento de Dawkins é totalmente anti-científico.


3. A ordem intrínseca do Universo

Já foi dito aqui no blog, no artigo "A ordem do Universo prova a existência de Deus?", que a ordem intrínseca do Universo não "prova" a existência de Deus, mas de certo modo aponta nesta direção. O Universo encontra-se estruturado de acordo com leis físicas. Por isso, ele pode ser estudado racionalmente. A ordem e a racionalidade inerentes ao Universo, juntamente com a sua extrema complexidade, apontam neste sentido. O próprio fato de afirmar que existem "leis" naturais (termo que foi cunhado por Roger Bacon), sugere que exista uma Legislador.


4. A complexidade intrínseca do Universo, ou O Argumento Teleológico

Este é um dos cinco argumentos de Tomás de Aquino, mas hoje em dia ele foi renovado por outros filósofos, graças às descobertas recentes da ciência em vários campos. O argumento diz que existe uma complexidade nos fenômenos e princípios da natureza, do Universo, da Terra e da própria vida. Existem talvez três possibilidades para explicar esta observação:

1. Puro acaso; Tudo o que observamos hoje faz partes de uma série indiferentes coincidências que levaram o Universo a eventualmente produzir vida inteligente.
2. Necessidade física: de alguma forma, o Universo tem que existir. A não-existência do Universo implicaria numa série de auto-contradições lógicas.
3. Design inteligente: o Universo foi causado e planejado por uma entidade inteligente.

Antes que você possa pensar numa conclusão, deixe-e mostrar alguns exemplos do que os filósofos costumam chamar de fine tunning (algo como "ajuste fino", em português) da natureza:

A primeira série de evidências de ajuste fino ocorre quando expressamos as leis da natureza de forma matemática. Há uma série de constantes que aparecem nas equações, conhecidas como constantes fundamentais. A constante de Planck, por exemplo, determina a "tamanho" da escala de energia a nível subatômico. Seu valor é de 6,6260693 x 10-34Joule.segundo. Se o valor numérico desta constante fosse um pouco menor ou maior do que este, as consequências seriam catastróficas! As reações nucleares nas estrelas talvez não formariam os elementos essenciais para a vida, ou nem sequer os átomos poderiam existir! Se a constante gravitacional, 6,67428 x 10-11 m3 kg-1 s-2 , fosse alterada em cerca de 1% do seu valor, o Universo não teria se expandido depois do Big Bang, ou as galáxias não se formariam. Se as constantes eletromagnéticas também tivessem valores ligeiramente diferentes, moléculas não se formariam, ou talvez a água tivesse propriedades diferentes.

A segunda série de evidências de ajuste fino está nas chamadas condições iniciais do Universo, isto é, no valor numérico das propriedades físicas no Universo no instante em que este se formou. O exemplo mais corrente é o balanço entre a quantidade de matéria e anti-matéria. Se existisse uma quantidade igual destas duas substâncias no Universo, elas se anulariam e só existiria energia pura. Era necessário que houvesse uma pequena quantidade de matéria a mais do que anti-matéria, para que se formasse o Universo que hoje conhecemos e observamos. Este balanço não encontra até hoje nenhuma explicação naturalista.

O terceiro grupo de evidências é muito mais vasto e mostra uma série de "coincidências" que permitem a vida na Terra. A seguir eu mostro algumas:

a) O tamanho da Terra e a sua gravidade correspondente seguram uma camada fina de gases nitrogênio e oxigênio que se estendem, em sua maioria, até uns 80 quilômetros desde a superfície da Terra. Se a Terra fosse menor, a existência de uma atmosfera seria impossível, como ocorre no planeta Mercúrio. Se a Terra fosse maior, sua atmosfera conteria hidrogênios livres, como em Júpiter. A Terra é o único planeta conhecido que é provido de uma atmosfera com a mistura na medida exata de gases para sustentar vida humana, animal e vegetal. Até a composição da atmosfera é ideal, contando cerca de 21 % de oxigênio.

b) Uma variação minúscula da posição da Terra em direção ao Sol tornaria a vida impossível no planeta. A Terra mantém sua distância ideal do Sol enquanto gira em torno dele numa velocidade de aproximadamente 107.825 km/h. Também gira em torno de seu próprio eixo, permitindo que toda a superfície seja apropriadamente aquecida e refrescada todos os dias.

c) A lua cria movimentos importantes nas marés para que as águas não estagnem e ainda impede que os nossos oceanos massivos não inundem os continentes.

d) A água, molécula indispensável para o funcionamento de qualquer sistema vivo, possui uma série de características que são extremamente incomuns em outros líquidos. Por exemplo, a capacidade calorífica da água é anormalmente alta em relação a outros líquidos. Isto permite que não hajam grandes variações de temperatura em nossos corpos e no Planeta Terra, porque eles contém grandes quantidades de água. A água também possui um comportamento anômalo em relação à sua densidade, sendo o gelo (água sólida) menos denso que água. A água nos rios e lagos congela de cima pra baixo, e isto permite que a vida aquática permaneça nos invernos. A água possui uma tensão superficial altíssima, o que permite que ela possa subir por vários metros dentro dos caules de árvores, contra a ação da gravidade. A água em nosso planeta passa se renova através de um ciclo de evaporações e condensações na atmosfera, um ciclo que é tão perfeito que causa inveja nos projetos ainda recentes que procuram desenvolver o conceito de sustentabilidade.

e) O cérebro humano processa simultaneamente uma quantidade incrível de informações. O cérebro reconhece todas as cores e objetos que você vê; assimila a temperatura à sua volta; a pressão de seus pés contra o chão; os sons ao seu redor; o quão seca sua boca está e até a textura deste artigo em suas mãos. O seu cérebro registra respostas emocionais, pensamentos e lembranças. Ao mesmo tempo, seu cérebro não perde a percepção e o comando dos movimentos ocorrentes em seu corpo, como o padrão de respiração, o movimento da pálpebra, a fome e o movimento dos músculos das suas mãos.

O cérebro humano processa mais de um milhão de mensagens por segundo. Ele avalia a importância de todos esses dados, filtrando o que é relativamente sem importância; um processo de seleção que lhe permite interagir com o ambiente em que você se encontra e se desenvolver de modo eficaz nele.

O distinto astrônomo, Sir Frederick Hoyle, mostrou como os aminoácidos, juntando-se a uma célula humana, são, matematicamente, um absurdo. Sir Hoyle ilustrou a fraqueza do “acaso” com a seguinte analogia: “Qual é a chance de um tornado soprar sobre um ferro-velho que contém todas as peças de um boeing 747; montá-lo por acidente e deixá-lo pronto para decolar? A possibilidade é tão ínfima a ponto de ser negligenciada, ainda que um tornado soprasse sobre ferros-velhos suficientes para encher todo o universo!”

f) A molécula de DNA contém informação codificada, especificando a produção, a reprodução, o funcionamento e a adaptação dos seres vivos, em quantidade e qualidade que transcendem tudo o que ser humano é capaz de compreender e imitar. Os cientistas costumam chamar esta informação de código genético.

Não existe informação sem inteligência. Não existe código sem inteligência. A vida só é possível graças à existência simultânea de informação codificada e do mecanismo necessário para a sua transcrição, tradução e execução. De resto, não se conhece qualquer explicação naturalista para a origem da vida ou de informação codificada  (até hoje as teorias bioquímicas para a origem da vida estão incompletas). A vida não poderia surgir por processos naturalísticos, na medida em que ela necessita de um ingrediente não naturalístico: informação codificada.

Alguns argumentam que a teoria da evolução foi um sucesso do naturalismo contra a hipótese de Deus. Deve-se notar, no entanto, que o sucesso da evolução não prova a inexistência de Deus (para mais detalhes, veja o texto: Evolução darwiniana prova a inexistência de Deus?). O biólogo evolucionista Francis Collins, diretor do Projeto Genoma Humano, é um dos que defende que a evolução pode ter sido guiada por Deus, como um projetista inteligente. Acreditar no naturalismo da evolução é acreditar que inumeráveis mutações que ocorrem aleatoriamente (mas que são selecionadas) produziram algo como o cérebro humano. Isto é acreditar literalmente num milagre.

Primeiro, descartamos a opção da necessidade física, porque não há como provar que o Universo deveria ser exatamente deste jeito e, de fato, os valores numéricos das constantes físicas são independentes das leis da natureza, ou seja, a princípio são arbitrários.

A possibilidade de que a sintonia fina do Universo seja produto do acaso e tão absurdamente improvável que não há como lidar racionalmente com esta hipótese. Na verdade este é um problema tão sério que, recentemente, o naturalismo propôs uma hipótese metafísica radical, a de que existe um número infinitamente grande de universos aleatórios compondo o que se chama de multiverso. Eventualmente um destes universos está finamente ajustado para a vida.

Esta hipótese tem sérios problemas. Primeiro, não existe nenhuma evidência de que tal multiverso exista. Além disso, uma regra de ouro da ciência diz que não se deve atribuir desnecessariamente a um fenômeno um número múltiplo de causas (este princípio é conhecido como Navalha de Occam). Portanto, nos resta somente a terceira opção: o Universo deve ter sido projetado.  


5. O Argumento Moral

Este argumento é muito antigo, e afirma que Deus deve existir, já que um aspecto de moralidade é observado em toda a humanidade, e a crença em Deus é a melhor explicação para essa moralidade do que qualquer outra alternativa.

Ninguém nega a afirmação de que a existência valores morais objetivos seria uma forte evidência para a existência de um Deus, no sentido de agente moral, origem destes valores. A maior objeção dos críticos sempre está em admitir que os valores morais humanos são objetivos, isto é, independentes do sujeito, da época e do lugar; são universais.

O naturalismo argumenta que o conceito de moralidade é um mero produto da evolução sociobiológica. Segundo esta concepção a moralidade se torna algo totalmente subjetivo, e portanto não haveria nenhum motivo para acreditarmos que algo é absolutamente certo ou errado.

Mas, de alguma forma, sabemos que isto não é verdade. Independente de existirem alguns hábitos e valores diferentes entre si em várias culturas, existem alguns que parecem ser universais. Sempre emerge de dentro de todos nós, vindos de qualquer cultura, o sentimento de certo e errado. Até mesmo um ladrão se sente frustrado e mal tratado quando alguém o rouba. Se alguém rapta uma criança da família e a violenta sexualmente, há uma revolta e raiva que confrontam aquele ato como maléfico, independente da cultura. Como explicamos uma lei universal na consciência de todas as pessoas, que diz que assassinato por diversão é errado?

A refutação de que estas atitudes só são percebidas como certo ou errado por causa de um mecanismo de perpetuação da espécie falha em diversos aspectos, como por exemplo a coragem, o auto-sacrifício, amor, dignidade, dever e compaixão.

Outra consequência do naturalismo que é muito perigosa é que, se a moralidade é totalmente subjetiva, não há NENHUM motivo para dizer que, por exemplo, as atrocidades cometidas por Adolf Hitler foram algo errado em si. Se não há certo e errado absolutos, se não há justiça ou punição, então eu de certa forma posso fazer o que eu quiser. É como Dostoyevsky disse: "Se Deus não existe, então tudo é permitido". Esta foi a justificativa utilizada pelos soldados impiedosos da União Soviética stalinista. Para ler mais sobre o assunto, veja o texto Ateísmo e Amoralidade: um alerta aos ateus!

Bem, até agora foram cinco argumentos. Eu ainda tenho pelo menos mais cinco para expor. Como o texto já está grande demais, vou deixar para a próxima.

Abraços, Paz de Cristo.

(Ler a Parte 3)

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Afinal, existem evidências para a existência de Deus? [Parte 1]



Olá, leitores.

A motivação para esta postagem partiu de uma conversa ocasional na nossa página do Facebook:

Liliana Silva
Oi. Tenho uma pergunta: quem criou deus?

Em tua opinião, se nunca tivesses ouvido falar em deus, se ele nunca tivesse passado na TV, e os teus familiares e conhecidos nunca tivessem ouvido falar disso, como é que ele iria parar ao teu cérebro?

Respostas ao Ateísmo
A pergunta "quem criou deus" é por si só uma falácia. Pois Deus por definição é um ser necessário ou não-contingente. Os argumentos cosmológico e ontológico para a existência de Deus, por exemplo, exigem que Deus seja um ser atemporal, imaterial, necessário e muito poderoso.

Em relação à segunda pergunta, seria possível sim que eu nunca tivesse ouvido falar nele, assim como há de fato muitas pessoas no mundo que não o conhecem. Mas Ele se revelou historicamente ao mundo e sua mensagem tem sido espalhada desde os tempos de Cristo.

E mesmo que nunca tivesse ouvido falar dEle, ainda há todas as maravilhas da natureza, a ordem intrínseca do Universo e nosso senso moral, coisas não-teológicas que de certa forma apontam para um Criador.

Liliana Silva
Obg. Qual é a evidência concreta mais forte que comprove a existência de um deus (ou deuses)?
Respostas ao Ateísmo
Sobre "evidência", cara Liliana, sua pergunta é um tema para uma postagem inteira no meu blog. Vou trabalhar nisso e quando estiver pronto publico e te mando o link (já aviso que pode demorar meses, há uma lista de espera grande dos textos). Mas, se estamos falando de argumentos e não de evidências, eu já escrevi alguns.

Liliana Silva
Não reconheço qualquer evidência apresentada que comprove a existência de um deus ou deuses.

Antes de responder se há ou não evidências, é preciso definir alguns pontos fundamentais: 

1. De que tipo de evidências estamos falando? 

2. Existe algum tipo de evidência que deveríamos esperar, caso Deus existisse? 

3. A existência de Deus pode ser provada cientificamente?

Uma objeção frequente de ateus (e até de agnósticos) em relação à existência de Deus é que, segundo eles, não há evidências suficientes para que se acredite. Mas afinal, de que tipo de evidências eles estariam falando? Se você falar com um deles (e eu já perdi a conta de quantas vezes ouvi isso), eles dirão "Se todos os casos de câncer do mundo forem curados instantaneamente, acreditarei em Deus", ou "se todos os porquinhos-da-índia voarem, eu acredito", ou "se esta cadeira começar a levitar na minha frente, então Deus existe." É evidente que estas pessoas não pararam pra pensar nas duas primeiras perguntas que eu propus acima. Então, vamos refletir um pouco sobre isso:

Existe uma disciplina chamada metodologia da pesquisa, e ela possui alguns princípios básicos:

(1) a definição do escopo de busca;
(2) a definição do plano de discussão;
(3) a definição do tipo de evidência esperada que irá reforçar ou negar a tese.

Se você falhar na definição de algum destes itens, consequentemente falhará na validade de suas conclusões. Por exemplo, mesmo que o ateu diga "Aceito qualquer evidência empírica, comprovável", ele está falhando em relação ao princípio (3) por ser vago demais. Vejam por exemplo o exemplo abaixo (créditos: Quebrando o Encanto do Neo-ateísmo):

Uma garota, encontrada ferida na beira da estrada, foi encaminhada para o hospital e o delegado pediu para verificar se houve um atropelamento. O chefe da equipe médica diz “Galera, vão lá e descubram se ela foi atropelada”. Você (mais inexperiente) retruca: “Que tipo de evidência devemos encontrar para confirmar a hipótese?”.
(Opção 1)
LÍDER: Qualquer evidência, se vocês acharem que não temos o suficiente, me avisem que dou a pesquisa por encerrada.
Ou:
(Opção 2)
LÍDER: Bem, se ela foi atropelada, o esperado é que se encontrem hematomas ou fraturas na região do quadril ou das costelas, causadas pelo impacto do carro no seu corpo. Também devemos procurar escoriações nos braços, nas costas e nas àreas laterais do tronco, que seriam os resultados do atrito com o chão, no caso de ela ter sido arrastada ou arremessada para longe quando do encontro com o automóvel. Se essas evidências forem encontradas, aliado ao fato de ela estar desacordada perto de uma rodovia, então temos um bom caso para definir que ela realmente foi atropelada.

Segundo os princípios que eu citei, torna-se óbvio que a segunda opção é a mais adequada. Agora, em relação a prova ser "concreta" ou "empírica", comete-se a falácia da inversão de planos, o que quebra os princípios (1) e (2). A discussão sobre a existência de Deus é feita no plano metafísico, afinal Deus por definição é metafísico. Deve-se ter em mente aqui que, em discussões metafísicas, não existem "provas" no sentido matemático ou científico, mas sim adotam-se as posições mais coerentes. Exemplos de outras discussões metafísicas são: a universalidade das leis físicas no Universo, a impossibilidade de um infinito real, a existência de um mundo exterior a nossas mentes, etc.

Uma objeção frequente a este ponto é que se Deus, mesmo sendo metafísico, interage com o mundo físico, esta interação pode (e deve, segundo eles) ser verificada. O problema com este raciocínio é que Deus interage com o mundo físico de forma pontual e extraordinária (com milagres, por exemplo). Milagres, por definição, não são eventos reprodutíveis, portanto nunca podem ser testados pelo método científico. (Note que isto não quer dizer que não existem, assim como você não pode dizer que não existe luz infravermelha só porque você não pode vê-la. Ela apenas está "fora do escopo" da sua visão). Isto, portanto, esclarece também a terceira questão.

Continuando nossa linha de raciocínio, agora que já estabelecemos as bases filosóficas do assunto, chegamos à conclusão de que não se pode esperar qualquer evidência que se queira para a existência de Deus, nem uma prova científica, nem uma prova matemática. Mas então, como saber que Deus existe, afinal?

Existem argumentos filosóficos lógicos para a existência de Deus. Estes argumentos geralmente são um conjunto de premissas em que se segue a conclusão lógica de que Deus existe. Eles não 'provam' que Deus existe, dada a impossibilidade de provar uma afirmação metafísica, como já comentei. Entretanto, eles oferecem boas razões para que acreditemos nisso (assim como temos boas razões para acreditar que as leis físicas são universais, que não existe um infinito real e que existe um mundo exterior à nossa mente).

O fato de existirem argumentos que são boas razões para acreditarmos não quer dizer que estes argumentos são capazes de convencer todos os sers pensantes. E isto também é uma objeção frequente aos argumentos a favor da existência de Deus. O ateu alega que, se tal argumento não o convence, então o argumento não prova a existência de Deus ou então é inútil. Mas, provavelmente, o ateu nunca parou pra pensar que isto é uma consequência de qualquer afirmação metafísica. É impossível construir um argumento sobre uma afirmação filosófica qualquer que seja convincente a todos os seres racionais. 

Para quem está acostumado com uma visão objetiva de mundo, com o método científico, mas ignora estes princípios básicos de filosofia, será natural procurar provas para a existência de Deus que estejam acima da possibilidade de dúvida. E pensam que o fato de os argumentos para a existência de Deus não produzirem uma certeza matemática enfraquece, por si só, a possibilidade da existência de Deus. Mas já vimso que não é assim. Isto só significa que a questão sobre a existência de Deus está no mesmo nível das outras questões metafísicas. Você não pode provar que Deus existe assim como você não pode provar que o computador que está na sua frente, neste momento, é real. Seus sentidos poderiam estar te enganando o tempo todo. E não adianta nem pedir ao seu irmão ou namorada para sentir o computador também, afinal você também não tem como provar que eles próprios são reais, em vez de um produto da sua mente.

Bem, acho que já escrevi demais, portanto na próxima parte do texto listarei os argumentos de que venho falando.

Abraços, Paz de Cristo.


quarta-feira, 2 de maio de 2012

Pode-se afirmar ou negar logicamente a veracidade de alguma religião?



Obs: Este texto requer um conhecimento prévio dos argumentos para a existência de Deus. Veja aqui uma série de 6 breves vídeos no Youtube.

Com base no argumento cosmológico, sabemos que Deus é:
1. Auto-existente, atemporal, não espacial, imaterial (uma vez que ele  criou o tempo, o espaço e a matéria, então deve estar fora do tempo, do espaço e da matéria). Em outras palavras, ele não tem limites. Ou seja, ele é infinito.
2. Inimaginavelmente poderoso, uma vez que ele criou todo o Universo do nada.
3. Pessoal, uma vez que ele optou por converter um estado de nulidade em um Universo tempo-espaço-material (uma força impessoal não tem capacidade de tomar decisões).
Com base no argumento teleológico, sabemos que Deus é:
4. Supremamente inteligente, uma vez que planejou a vida e o Universo com incrível complexidade e precisão.
5. Determinado, uma vez que planejou as muitas formas de vida para viverem nesse ambiente específico e ordenado.
Com base no argumento moral, sabemos que Deus é:
6. Absolutamente puro no aspecto moral (ele é o padrão imutável de moralidade pelo qual todas as ações são medidas. Esse padrão inclui justiça e amor infinitos).
Teísmo é a abordagem adequada para descrever tal Deus. Aqui está a maravilhosa verdade sobre essas descobertas: o Deus teísta que descobrimos é compatível com o Deus da Bíblia, mas nós o descobrimos sem usar a Bíblia. Mostramos que, por meio de raciocínio, ciência e filosofia adequados, pode-se conhecer muitas coisas sobre o Deus da Bíblia. Na verdade, isso é o que a própria Bíblia diz (e.g. 5119; Rm 1.18-20; 2.14,15). Os teólogos chamam essa revelação de Deus de natural ou revelação geral (que é claramente vista independentemente de qualquer tipo de Escritura). A revelação das Escrituras é chamada de revelação especial. Assim, sabemos por meio da revelação natural que o teísmo é verdadeiro.

Essa descoberta nos ajuda a ver não apenas como é a verdadeira tampa da caixa, mas o que ela não pode ser. Uma vez que o oposto de verdadeiro é falso, sabemos que qualquer visão de mundo não teísta deve ser falsa. Ou, colocando de outra maneira, entre as maiores religiões mundiais, somente uma das religiões teístas — judaísmo, cristianismo ou islamismo — pode ser verdadeira. Todas as outras principais religiões mundiais não podem ser verdadeiras, porque elas são não-teístas.

Pode ser verdadeira (teísta)Não pode ser verdadeira (não teísta)
1. Judaísmo

1. Hinduísmo (panteísta ou politeísta)
2. Cristianismo

2. Budismo (panteísta ou ateísta)
3. Islamismo

3. Nova Era (panteísta)
4. Humanismo secular (ateísta)

5. Mormonismo (politeísta)

6. Wicca (panteísta ou politeísta)

7. Taoísmo (panteísta ou ateísta)

8. Confucionismo (ateísta)

9. Xintoísmo (politeísta)


Isso pode parecer uma declaração muito imponente — negar a verdade de tantas religiões mundiais nesse estágio. Mas, por meio de lógica simples usando a lei da não-contradição — religiões mutuamente excludentes não podem ser verdadeiras ao mesmo tempo. Tão certo quanto jogadores de futebol são cortados da escalação de um jogo porque carecem de certas habilidades, certas religiões mundiais são cortadas da escalação como possíveis religiões verdadeiras porque carecem das qualificações necessárias.

Desse modo, por meio da lógica, se o teísmo é verdadeiro, então todos os não teísmos são falsos. Isso não significa que todo o ensinamento de uma religião não teísta é falso ou que não existe nada de bom nessas religiões — certamente existe verdade e bondade na maioria das religiões mundiais. Isso simplesmente quer dizer que, como uma maneira de se olhar para o mundo (i.e., uma visão de mundo), qualquer religião não teísta está construída sobre um fundamento falso. Embora alguns detalhes possam ser verdadeiros, o cerne de qualquer sistema religioso não teísta é falso.


Fonte: GEISLER, Norman; TUREK, Franklin; - Não tenho fé suficiente para ser ateu - Ed. Vida (Adaptado)
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