terça-feira, 28 de junho de 2011

Paradoxo de Epicuro: O Problema do Mal (Parte 1)


O  texto a seguir é da autoria do blogueiro "snowball", que escreve no "Quebrando o encanto do Neo-ateísmo". Comentários meus sobre o assunto serão adicionados e sinalizados em itálico e vermelho. Aproveitem a leitura.

Um dos problemas clássicos oferecido pelos defensores do ateísmo é o Paradoxo de Epicuro. Basicamente, ele sustenta que há algum tipo de contradição entre a existência de Deus e a existência do Mal. Estou certo que todos os que estão aqui já devem ter uma idéia do que ele significa. Nesse artigo, farei uma análise da relação Deus e o Mal.

Eu costumo fazer posts mais diretos, mas como esse é um desafio filosófico real, não uma imbecilidade do tipo “Monstro do Espaguete Voador”, vou me alongar um pouco. Tentarei ser o mais simples que puder, mas não mais simples do que isso. (...)

Agora vamos ao texto:

1. Duas Observações Preliminares

Antes de começar a argumentação, duas observações são importantes para melhor entendimento da argumentação: 
  • O que são Mundos possíveis?

O conceito de Mundos Possíveis está relacionado à lógica modal. Basicamente, temos que fazer a distinção entre o "possível" e o "necessário".

Uma afirmação possível é uma que contenha um enunciado cujo valor de verdade não seja contraditório. Ou seja, algo possível é algo que não é necessariamente falso: pode ser ou não ser. Pense da idéia de “É possível que…” que entenderá facilmente. José Serra não ganhou as eleições. Era possível, mas ele não ganhou. A idéia de José Serra ganhar a eleição de 2010 não se atualizou na realidade, mas não é necessariamente falsa. Podemos descrever um mundo hipotético desse jeito sem criar nenhuma contradição. Uma Terra quadrada também é possível. Não é verdade, mas é possível. Todos os coelhos serem vermelhos também é uma possibilidade, embora não seja verdade no mundo real.

Já uma afirmação necessária é uma que contenha um enunciado que não pode ser nem possivelmente falso (se verdadeiro) nem possivelmente verdadeiro (se for falso). Ou é, ou não é. Por exemplo: um triângulo DEVE ter NECESSARIAMENTE 180º graus internos (esqueça as palavras e pense apenas nos conceitos abstratos). Isso é necessariamente verdadeiro. Um homem casado (não uma pessoa específica, mas o conceito abstrato desse termo, novamente) deve necessariamente não ser solteiro; se for solteiro, não é casado. Uma afirmação contraditória do tipo “Esse homem casado é solteiro” é necessariamente falsa e não faz parte de nenhum mundo possível.

Então, um mundo possível é uma descrição da realidade que contenha enunciados, como:

  • Mundo Possível MP1: S0 & S1 & S2 & S3 & S4
  • Mundo Possível MP2: S0 & S1 & S2 & S5 & S6
  • Mundo Possível MP3: S0 & S1 & S2 & S7 & S8...
Vamos verificar quais são essas afirmações. A primeira delas é S0:


  • S0: A proposição 2 +2 =4 é verdadeira.

A proposição S0 é necessariamente verdadeira (pois nunca é possivelmente falsa). Ela faz parte de TODOS os mundos possíveis. Não existe nenhum mundo possível onde 2 + 2 = 4 não seja verdade (vou pedir mais uma vez: não pense nos algarismos e nos sinais gráficos, mas no conceito).

Prosseguindo:

  • S1: Existe um país chamado P1.
  • S2: O País chamado P1 teve eleições no ano A1.

São duas afirmações possíveis, pois não são necessariamente falsas; o país P1 poderia ou não existir. Da mesma forma, poderia ou não ter feito eleições no ano A1.

Vamos considerar que S1 e S2 são possíveis e reais. De fato existem. S1 e S2 se desdobram em:

  • S3: O sujeito X1 venceu as eleições.
  • S4: O primeiro ano do governo de X1 foi marcado pelo fim dos concursos públicos.

Não há nada contraditório nas proposições S3 e S4. Elas poderiam muito bem ser verdades reais. Então o conjunto MP1 formado por {S0 & S1 & S2 & S3 & S4…} é um mundo possível.

Adiante, elas ainda poderiam se desdobrar em:

  • S5: O sujeito X1 venceu as eleições.
  • S6: O primeiro ano do governo de X1 foi marcado pelo aumento dos concursos públicos.

Também não há nada contraditório nas proposições S5 e S6. Então o conjunto MP2 formado por {S0 & S1 & S2 & S5 & S6…} também é um mundo possível. Pode ser que ele seja falso; mas ainda assim é um mundo possível.

Ou ainda:

  • S7: O sujeito X1 (concorrente direto de X2) venceu as eleições sozinho no primeiro turno e exerceu seu mandato;
  • S8: O sujeito X2 (concorrente direto de X1) venceu as eleições sozinho no primeiro turno e exerceu seu mandato;

Agora sim temos um problema; as proposições S7 e S8 não podem ser verdadeiras ao mesmo tempo. Ou S7 é falso ou S8 é falso; não há como conciliar as duas afirmações, que são excludentes. Se um mundo possível é um mundo onde não há nenhuma contradição lógica entre duas proposições (seja ela interna para uma mesma afirmação ou entre si correlacionadas como no exemplo), então o mundo MP3 formado pelo conjunto {S0 & S1 & S2 & S7 & S8…} NÃO é um mundo possível.

Se quisermos estabelecer uma contradição, então temos que mostrar que em NENHUM mundo possível comporta duas proposições. A conclusão é obrigatória e não tem nenhuma escapatória lógica. Se houver uma outra saída, então não há mais a contradição lógica e temos um mundo possível novamente.

Passamos ao próximo esclarecimento.
  • De quem é o ônus da prova no Problema do Mal?

O ônus da prova no Problema do Mal é do ateu que o propõe, não do teísta. O Paradoxo de Epicuro é utilizado com o objetivo de mostrar que Deus não pode existir ou que é irracional acreditar que Deus exista dado o Paradoxo. O que um teísta tem que fazer é apenas mostrar que o Problema do Mal não implica na conclusão “Deus não existe”, mostrando algumas saídas. Não é preciso provar que tais coisas realmente sejam assim como descritas na sua saída, a princípio.

(Por exemplo, quando um ateu faz a acusação: “Como é possível que alguém seja feliz no Céu se seu filho está no Inferno?”, o simples fato de se mostrar um caminho: “Bem, talvez as pessoas no Céu entendam os parâmetros de Deus e aprendam a conviver com isso” já tornaria a hipótese possível e não contraditória. Não é preciso ser verdade para a impossibilidade do Céu ficar refutada). O mesmo vale para o Problema do Mal.

2. Problema Lógico do Mal

Agora vamos ao Problema do Mal. Eu gostaria de falar sobre o desafio de um ateu dar uma definição objetiva para a existência do Mal sem usar uma base transcendental, mas, por questões de espaço, vou pular essa parte.

O Problema Lógico do Mal consiste em dizer que há uma contradição lógica entre Deus e o Mal; ou seja, não há nenhum mundo possível entre que aceita ao mesmo tempo (1) “Deus existe” e (2) “O mal existe”. Um é a negação de outro; o mal é uma prova necessária da inexistência de Deus. É uma contradição simples e direta, nos moldes do que vimos acima. E, para desfazer uma contradição, basta achar uma terceira saída que seja logicamente possível.

Então, o que o ateu está querendo dizer, basicamente, é que qualquer teísta entra em um problema quando aceita essas duas proposições ao mesmo tempo:

  • 1. Deus existe;
  • 2. O mal existe;

Mas, pense um pouco. Perceba que não há nenhuma contradição explícita ou formal entre esses dois enunciados. Ele não é como:

  • S7: O sujeito X1 (concorrente direto de X2) venceu as eleições sozinho no primeiro turno e exerceu seu mandato;
  • S8: O sujeito X2 (concorrente direto de X1) venceu as eleições sozinho no primeiro turno e exerceu seu mandato;
Em S7 e S8, você lê e imediatamente percebe que as duas frases não podem ser verdadeiras ao mesmo tempo. A primeira é negação da segunda e a segunda é negação da primeira. A contradição é explicíta. Mas não está claro como o “1. Deus existe” e “2. O mal existe” poderiam ser análogas a isso.

Se não temos uma contradição explícita, então quer dizer que a nossa contradição, se existente, deve estar implícita. A correlação provavelmente estaria nos atributos de Deus – o fato de ele ser todo poderoso, todo bom e odiar o mal.

Então o silogismo melhor ficaria se expressado dessa maneira:

  • (3) Deus é todo poderoso, todo bom e odeia o mal;
  • (3.1) Se Deus é todo poderoso, então pode criar qualquer mundo que desejar;
  • (3.2) Se ele pode criar qualquer mundo que desejar, então ele iria preferir um mundo sem nenhum mal;
  • (4) Mas o mal existe;
  • (5) Logo, Deus não existe;

Para que o conjunto acima implique dedutivamente em uma contradição lógica, todas as premissas devem ser necessariamente verdadeiras.

Mas elas são? Se não forem, o problema lógico cai por terra.

Analisaremos na continuação do post:


Abraços, Paz de Cristo.

37 comentários :

  1. Excelente blog. Parabéns. Já o coloquei na minha lista de blogs. Conheça meu canal no Youtube: www.youtube.com/logosapologetica e inscreva-se.

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  2. Caro(a) emeoliv,

    obrigado. Vou procurar o referido canal no Youtube.

    Abraços, Paz de Cristo.

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  3. mas nesse post vc não deu a resposta para o paradoxo de epicuro.

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  4. O Paradoxo de Epicuro diz que não é compatível a existência de um Deus Onipotente, Todo-Bondoso e ONISCIENTE.

    Você não cita a onisciência no seu artigo( sao 4 partes ou tem mais? ). Se Deus é onisciente desde o momento que ele criou o universo já sabia que neste exato momento eu estaria enviando esse comentário para você. Assim eu não tive a escolhe de enviar ou não pois ,desde a criação do universo, já estava certo que eu enviaria este comentário para você.

    Ele já sabia que naquele exato instante um homem entraria numa escola nos EUA e mataria varias crianças, se ele já estava ciente deste fato ( notoriamente mal ) porque deixou que ocorresse?

    Se ele sabia que o movimento das placas tectônicas causaria um tsunami que mataria milhares de pessoas, porque não fez com que as placas se encaixassem perfeitamente sem nenhum prejuízo ao planeta e sem causar o tsunami?

    Porque não criou um mundo onde o mal sequer era uma variável?

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  5. Caro Lucas,

    o problema do mal é um assunto muito amplo e que está longe de ser um caso resolvido. Ainda hoje esta é uma área de pesquisa ativa dentro da teologia e da filosofia. Mas algumas questões dentro dele (por exemplo, o problema lógico do mal) estão muito bem esclarecidas, como mostrei no artigo. A existência do mal não é logicamente incompatível com a existência de Deus, desde que hajam motivos suficientes para a existência do mal no mundo em algum instante, ou seja, que esses males levem a um bem maior.

    Quando olhamos para o sofrimento, isso nos faz lembrar de como somos frágeis e como devemos dar valor ao que temos enquanto temos ou ao que somos enquanto somos. Desastres naturais fazem nos lembrar que somos racionais e já somos capazes de exercer um certo controle sobre a natureza, mas não somos deuses e ainda estamos submetidos às condições do planeta em que vivemos. Muitas vezes as lições tiradas de uma situação de sofrimento são tão grandes que nos fazem pensar que o que aconteceu foi melhor do que se não tivéssemos sofrido. E eu poderia falar sem a menor dúvida que o sofrimento é e sempre foi o que mais faz as pessoas se voltarem para Deus.

    Deus sabe de todas essas coisas e talvez por isso (só podemos especular aqui) veja o sofrimento como um mal necessário nessa etapa da história da humanidade (desde o pecado original até aqui). Mas a Bíblia promete que, um dia, isto cessará, no momento certo Deus triunfará sobre o mal e levará os vencedores para o descanso consigo.

    Há ainda a questão de a grande maioria do sofrimento humano ser causado pelos próprios humanos. Acho que isso nem precisa ser dito.

    A sua última pergunta é bastante interessante, é na verdade uma questão ainda em aberto. Geralmente respondemos que talvez é logicamente impossível que o "melhor mundo possível" não tenha o mal como uma variável. Mas isso ainda não foi provado.

    Obs: meu artigo tem 9 partes, mas apenas as primeiras falam do paradoxo de Epicuro.

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    1. Ola David! Vou levantar alguns pontos para continuar nosso debate:

      1) Se Deus é onisciente no inicio do universo ja sabia como tudo iria transcorrer. A ideia de mandar um comentario para voce nao foi uma escolha minha, segundo essa logica, pois desde o inicio de tudo Ele já sabia que os fatos iriam ocorrer de uma maneira X, e nesta maneira X ( unico mundo possivel ) eu viveria as experiencia W Y e Z que me fariam mandar essa mensagem. Se as coisas ocorressem de uma maneira K e eu tivesse vivido as experiencias R S e T eu nao teria mandado a mensagem. Porem isso nunca foi uma possibilidade real, pois desde sempre os fatos ja ocorreriam para que eu vivenciasse W Y e Z e assim acabasse por enviar o comentario. K nunca foi um mundo possivel, pois a realidade sempre foi X, Deus criou um mundo onde X, e não K, ocorreria. Consequentemente eu nunca tive livre-arbitrio para mandar ou não o comentário.

      2)Acho que voce esta subestimando a onipotencia quando diz que "Muitas vezes as lições tiradas de uma situação de sofrimento são tão grandes que nos fazem pensar que o que aconteceu foi melhor do que se não tivéssemos sofrido". Se Deus nos tivesse criado com esse aprendizado desde o inicio, nao seriam necessarios fatores externos para gerar essa licao. A nossa visão de mundo, que foi alterada após uma situação de sofrimento( lição ), na verdade foi apenas uma alteração física no nosso cérebro ( estou tentando me expressar o melhor possível mas não tenho conhecimento técnico nesta área) . Os neurônios digamos, detem agora informações novas que fazem com que nos tornemos melhores pessoas. Se essas informações já estivessem previamente inseridas em nossas mentes, a experiência não seria necessária e ainda sim teríamos “conhecimento” desta lição como se a tivéssemos vivido.

      3) Num catástrofe hipotética, porem possível, onde um grupo de 100 pessoas faz uma viagem totalmente sem contato externo, somente os 100 sabem que a viagem esta ocorrendo e 99 pessoas morrem. A morte destas pessoas vale a “licao” aprendida por este 1 sobrevivente ( perante os olhos de Deus)? E se todos morressem? Julgando que eles não tem família ou amigos fora do grupo de 100, ainda que fossem pessoas boas ( praticavam anonimamente todos os atos bondosos por isso ninguém os conhece) suas mortes ( o mal ) seriam válidas por um bem maior? Mesmo que ninguém tomasse conhecimento?
      Caso você diga que a morte das pessoas não é “o mal”, porque não seria? Já que praticavam o bem.

      Continua..

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    2. 4) Se uma crianca hipotetica tivesse passado a vida inteira com Jesus sem jamais ter conhecido outro ser humano. E Jesus, com sua onipotência, conseguisse passar toda sua bondade para esta criança. Ainda sim ela nao seria, segundo sua logica, "o mais benevolente posssivel", pois nunca teria passado pelo mal. Mesmo tendo vivido por toda sua existencia na plenitude da bondade e aprendido com Jesus toda a bondade existente, por nao conhecer o mal, nao seria "o mais benevolente possivel", já que existem licoes que so podem ser aprendidas pelo sofrimento.

      Entao :
      ou Jesus não é capaz de passar toda sua bondade para um ser humano, ainda que este não conheca outra forma de vida senão o próprio Jesus e este use sua onipotência para passar esta bondade. Pois o humano nunca viveu o sofrimento.
      ou, neste caso, o sofrimento não seria necessário para o aprendizado. Sendo assim toda a bondade do mundo poderia habitar em uma pessoa mesmo que ela nunca tenha sofrido. Sendo o mal desnecessário para a existência da benevolência plena.
      Meu ponto aqui é: Se Ele pode fazer com que uma pessoa seja totalmente benevolente sem que ela viva o mal, então a bondade absoluta pode ser alcançada sem que o mal precise existir na vida daquela pessoa. Se Ele pode fazer isso para uma pessoa, Ele pode fazer para todo um conjunto de pessoas, fazendo assim com que a bondade absoluta seja alcançada sem que o mal precise existir.
      Porém se Ele precisa que o mal exista para que a pessoa alcance a bondade absoluta, então Ele não é onipotente,pois nao pode fazer com que outro ser seja “todo-bondoso”. E não haveria nenhuma contradição nesta necessidade (visto que contradicoes nao anulam a onipotencia ).


      Peco por favor que se possível responda cada ponto individualmente , mesmo que não responda tudo de uma vez. Tentarei fazer o mesmo com possíveis questões que você venha a levantar para o debate ficar ordenado.

      Aguardo respostas e perguntas!

      Abraco!

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    3. Caro Lucas, me desculpe pela demora a responder, eu vou tentar responder aos poucos, pois estou meio enrolado com outros afazeres.

      1. Sua pergunta é fonte de pesquisas na área de filosofia da religião até hoje. De fato, não há uma resposta defintiva, mas eu creio que não há incompatibilidades maiores entre a presciência de Deus e a nossa capacidade e responsabilidade em escolhas, porque "pré-consciência" é diferente de "Pré-determinação". Enfim, existem alguns artigos de filosofia que eu posso te indicar pra você ler, que mostram nuances diferentes à resposta desse problema:

      http://criticanarede.com/presciencia.html

      http://www.arminianos.com/objecoes-filosoficas-a-presciencia-divina-por-william-lane-craig/

      Abraços, Paz de Cristo. Depois volto pra responder o resto.

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    4. 2. Ao afirmar isto você está pressupondo que conhecimento inato e inadquirido é equivalente a conhecimento empírico. Com isso você ignora uma discussão filosófica de séculos sobre esse assunto. A epistemologia e a gnosiologia são ramos da filosofia que estudam como se adquire conhecimento. Existem ramos racionalistas, empiristas e mistos, que dizem que o conhecimento é obtido principalmente através da razão inata, da experiência ou de ambos. Certamente não consegui-se provar até hoje que há alguma equivalência entre um conhecimento pré-formatado e um conhecimento adquirido por experiência. Talvez Deus (que sabe a resposta pra esse problema) saiba que um conhecimento adquirido por experiência é mais eficaz que um conhecimento pré-implantado. Mas eu não posso te dar uma resposta definitiva porque como já disse, não sabemos muito ainda sobre esse assunto.

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    5. 3. Primeiro, tenha em mente que essa é uma catástrofe hipotética, então ela não prova nada a menos que tenha ocorrido no mundo real (porque se ela culmina em injustiça, Deus poderia determinar que ela simplesmente não acontecesse, por isso é mais interessante trabalhar com casos reais). Mas vamos continuar a análise:

      Primeiro, a morte de 99 pessoas poderia não ser com o único propósito de ensinar uma lição ao sobrevivente. Poderia, por exemplo, estar livrando os mortos de uma catástrofe pior no futuro, ou punindo-os por alguma coisa que eles fizeram, ou simplesmente aquele era a hora certa de eles partirem desse mundo. Ainda sim pode-se considerar que a morte de alguém pode ter o propósito de ensinar uma lição para a família do falecido, e há inúmeros outros fatores que eu não considerei.

      Comentando o último caso, se elas tinham uma vida que Deus aprova e eram muito bondosas, penso que a morte delas seria o maior de todos os bens, no ponto de vista delas: Deus estaria abreviando a vida de sofrimentos que elas tinham na Terra e estaria as levando para a sala de espera do céu. Para um cristão, morrer é lucro, embora não é algo que deva ser buscado, pois entendemos que enquanto estamos vivos Deus tem propósitos para nossas vidas.

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    6. 4. Os valores do bem e do amor certamente são muito visíveis em si próprios, mas eu acredito que são intensificados quando postos em contraste com o mal e o desamor. Portanto, aquele que conhece o bem tendo conhecido antes o mal, tem uma alegria muito maior do que aquele que sempre conheceu só o bem.

      O que eu queria é comentar sobre esse seu treecho aqui:

      "Porém se Ele precisa que o mal exista para que a pessoa alcance a bondade absoluta, então Ele não é onipotente (...) visto que contradicoes nao anulam a onipotencia".

      Não é verdade que o conceito de onipotência esteja acima de contradições lógicas. O fato de Deus ser onipotente não significa que Deus possa criar uma pedra que nem Ele mesmo possa levantar, nem fazer maldades voluntariamente, nem criar círculos quadrados, nem deixar de ser Deus. Enfim, contradições lógicas como estas não são coisas que podem existir, são apenas combinações de palavras que não fazem sentido. Portanto o fato de Deus não poder fazê-las não significa que Ela não é onipotente.

      Tem alguns textos aqui no blog sobre onipotência, você pode ler se quiser entender sobre isso mais profundamente:

      http://www.respostasaoateismo.com/2012/02/ensaio-de-c-s-lewis-sobre-onipotencia.html

      http://www.respostasaoateismo.com/2012/06/sobre-onipotencia-de-deus.html

      e ainda:

      http://teonismo.wikia.com/wiki/Paradoxo_da_onipot%C3%AAncia

      http://projetoquebrandooencantodoneoateismo.wordpress.com/2012/08/27/tecnica-paradoxo-da-pedra/

      Abraços, Paz de Cristo.

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  6. Olá David!
    Como sabia que receberia uma boa resposta passei um bom tempo revisando esses pontos de vista antes de enviar. Talvez por isso mesmo acabei por deixar passar algo que eu disse justamente para mostrar que eu não penso dessa maneira.

    Peço por favor que análise novamente o numero 4 substituindo o que esta parênteses por "visto que um ser omnipotente não poderia realizar atos contraditórios", quando tiver tempo para responder é claro.

    Vou olhar direito todas as suas respostas. Para dps comentar, mas desde já agradeço pelo debate!

    Grande abraço

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    1. Minha resposta continua a mesma, é só eliminar o que eu comentei sobre o trecho que você retirou.

      Abraços, Paz de Cristo.

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  7. Só minha opinião, talvez ignorante, a respeito do comentário do Lucas Sourbeck:
    Conheço intimamente uma pessoa hipotética, entre muitas coisas, conheço também seu gosto. Em um restaurante, ela tem três opções: Pizza, lasanha, ou macarronada. Sei que ela adora pizza. Sei que ela detesta lasanha e macarronada. Sei que não existe nenhuma possibilidade dela escolher as duas ultimas. Sem eu conversar com ela, ela escolhe a pizza. Por eu saber o que ela escolheria, eu deixei seu direito de escolha prejudicado? Ou ainda, influenciei na sua escolha?

    Perceba que termino com interrogação, porque sou do conceito de que não há verdade absoluta, muito menos vinda de mim. Aberto a respostas :D

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  8. O sentido original do Paradoxo tá sendo totalmente mal construido aqui, o silogismo apresentado é deplorável, cristãos, vão brincar e senta e levanta na igreja e aceitem a condição da crença, parem de tentar pagar de racionais.

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    1. O sentido original do paradoxo se refiria à compatibilidade da existência de deuses (aqui substituído por Deus, o ser metafísico bondoso e onipotente) com a existência do mal moral. No artigo esse problema é analisado de vários ângulos, isto é:

      Na parte 1 (este texto) e parte 2 é analisado o "problema lógico" do mal, ou seja, a incompatibilidade LÓGICA entre a existência de Deus e a existência do mal. Na parte 3 é analisado o problema probabilístico do mal, ou seja, a relação entre a existência do mal e a PROBABILIDADE de Deus existir. Na parte 4 são dadas algumas observações finais.

      Tendo isso em mente, releia o texto se puder e também leia as outras partes.

      Abraços, Paz de Cristo.

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  9. Quando você diz "O Paradoxo de Epicuro é utilizado com o objetivo de mostrar que Deus não pode existir ou que é irracional acreditar que Deus exista dado o Paradoxo", entendo eu tratar-se de um equívoco de sua parte tendo em vista que o Paradoxo não tem como função precípua questionar a existência ou não de um Deus, mas sim os poderes atribuídos a Ele (onisciência, onipresença e onipotência).

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    1. Caro Rodrigo,

      esse "poderes" estão na definição filosófica de Deus. Dizer que Deus não possui estes poderes é a mesma coisa que dizer que ele não existe. Por exemplo, dizer que "não tem nenhum objeto plano com três lados na minha frente" é a mesma coisa que dizer "não tem nenhum triângulo na minha frente". Assim como dizer "não existe ser onipotente e todo-bondoso" é a mesma coisa que dizer "não existe Deus".

      Abraços, Paz de Cristo.

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  10. Mas que merda cara, o paradoxo de Epicuro não é usado para provar a "não existência de deus"
    Mas sim para provar que deus não pode ser benevolente já que criou o mal, é simplesmente isso, sua lógica esta correta, onde a lógica foi usada é que não esta.

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    1. Caro Aldo,

      veja as minhas respostas ao comentário do Rodrigo e do Fernando, logo acima.

      Abraços, Paz de Cristo.

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  11. Onisciente - sabia que Lúcifer se rebelaria contra ele e induziria o homem ao pecado original.
    Onipotente - Não teria criado Lúcifer pois sabia o que ocorreria ( citado acima )
    Benevolente - Cuidaria do mundo que ele criou e das pessoas já que foram criadas à sua imagem e semelhança.
    Isso sem mencionar o ato de benevolencia que foi matar quase toda a população do mundo afogada no dilúvio.

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    1. Caro Marcos,
      comentarei suas observações uma a uma:

      "Onisciente - sabia que Lúcifer se rebelaria contra ele e induziria o homem ao pecado original."

      Sim, ele sabia. E daí?

      "Onipotente - Não teria criado Lúcifer pois sabia o que ocorreria ( citado acima )"

      Ele poderia não ter criado. Mas criou, e daí? Até agora nenhum problema com a onisciência e onipotência.

      "Benevolente - Cuidaria do mundo que ele criou e das pessoas já que foram criadas à sua imagem e semelhança."

      Não se esqueça que "Onisciência, oinpotência e benevolência" não são os únicos atributos de Deus. Amor, Justiça e Santidade também o são. Todo Amor verdadeiro pressupõe a existência de ódio: quem ama a verdade, odeia a mentira; quem ama a justiça, odeia a injustiça; quem ama a santidade, odeia a impureza e o pecado, e por aí vai. Outro pressuposto do amor é a liberdade. Quem ama não obriga o amado a amá-lo de volta - amor tem que ser voluntário, do contrário não é amor.

      Por isso, Deus, quando criou os seres humanos, os criou dotados de liberdade, para escolherem amá-lo de volta ou não. O problema é que quando as pessoas escolhem não amar a Deus, elas passam a não amar tudo o que Deus representa, isto é, bondade, justiça, santidade e o próprio amor. Então elas passam a fazer coisas que Deus odeia. Deus é paciente e dá uma chance para as pessoas se arrependerem. Mas Deus também é justo, e por isso não poderia ficar esperando as pessoas para sempre. Uma hora teriam que pagar pelos seus erros, e elas pagam se afastando eternamente da presença de Deus - portanto se afastando eternamente de toda a bondade, justiça, santidade e amor. Esse afastamento é conhecido como "inferno".

      Abraços, Paz de Cristo.

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    2. David Sousa,
      Faltou seu comentário sobre o dilúvio e me parece ilógico Deus criar o ser humano mesmo sabendo de tudo que aconteceria depois disso.Se Lúcifer tentou Eva e Adão,quem tentou Lucifer à se rebelar contra Deus?Não seria mais fácil Deus exterminar Lúcifer que era a raiz da maldade?A ciência diz que o universo está em expansão e a bíblia diz que Deus criou o mundo em 6 dias e descansou no sétimo,então estamos no sexto dia da criação ainda?Já que ,se está em expansão não foi finalizado.

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    3. Dizer que algo "parece ilógico" não é argumento para nada. Lembre-se que, a princípio, o entendimento de Deus é superior ao nosso, então não podemos dizer que algo é mal planejado ou falho só porque não conseguimos ver um sentido nele, já que sempre há a possibilidade de ter um sentido que não somos capazes de entender. Eu sei que isso parece meio que "fugir da explicação", mas é uma consequência direta da nossa mente limitada, e eu não posso fazer nada quanto a isso.

      Vou tentar responder novamente às suas perguntas, mas eu penso que elas não são tão relevantes assim:

      "Se Lúcifer tentou Eva e Adão,quem tentou Lucifer à se rebelar contra Deus?"

      Por que alguém precisaria ter tentado Lúcifer? (a propósito, isso é um erro comum, mas "Lúcifer" não é um nome próprio. Você está se referindo ao anjo que veio a se tornar Satanás, o Acusador, que aliás também não é um nome próprio, é um título. A Bíblia jamais revelou o nome dele. "Lúcifer" é uma qualidade, significa "portador de luz", "estrela d'alva", e essa qualidade foi usada na Bíblia também para se referir a Jesus, por exemplo. Por isso não podemos usar "Lucifer" como um nome). Mas como eu estava dizendo, porque você acha que alguém precisaria tentá-lo? Você está SUPONDO que os anjos tinham a mesma composição física e mental, as mesmas necessidades que nós humanos. Mas se fosse assim, porque usar nomes diferentes? Porque eles são "anjos" e nós "humanos"? Eles são seres diferentes, não há porque pensar que ele teria que ser tentado igual a nós para que pecasse.

      "Não seria mais fácil Deus exterminar Lúcifer que era a raiz da maldade?"

      Perguntas como "não seria mais fácil" não cabem para Deus. Para Deus não existe mais fácil ou mais difícil, tudo é igualmente possível. Se Deus tivesse feito só o "mais fácil" ele nem teria criado o Universo. Mas tudo que Ele faz, o faz comum propósito. E se Ele não eliminou o mal até hoje, é porque tudo isso tem um propósito para Ele. Mas Ele promete que vai eliminar no futuro, no apocalipse, quando tudo já tiver servido aos propósitos dele, e será cortado pela raiz.

      "Então estamos no sexto dia da criação ainda?Já que ,se está em expansão não foi finalizado."

      Eu sou químico, posso responder melhor esta pergunta. Se você fosse pensar assim, o Universo só estaria "finalizado" quando entrasse em equilíbrio termodinâmico, ou seja, sua entropia chegasse ao máximo possível e nada mais poderia mudar. Enquanto não está em equilíbrio, o Universo continua mudando. E graças a essas mudanças, temos o calor do Sol, temos as reações químicas que permitem a vida, etc.

      A palavra "fim" tem dois sentidos possíveis. Um deles está associado com "término", "encerramento". O segundo é "finalidade", "propósito". O "fim" que Deus queria alcançar com o Universo é que ele estivesse preparado para desenvolver a vida e que a espécie humana se formasse e se multiplicasse. E esse "fim" já foi alcançado.

      Abraços, Paz de Cristo.

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    4. Se não existe mais fácil ou mais difícil para o criador, por que ele não faz?

      Daí vem o paradoxo, logo não há resposta para quem ainda não entendeu quem é DEUS.

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    5. Outra coisa: Não existe propósito para DEUS.

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  12. Kkkkkkkk, vc acha q conseguiu refutar Epicuro??? Eu tô rindo até agora cara. Só os genocídios da gibiblia nos mostra q deus ñ existe.

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    1. Carlos André,

      Mostre a falácia na estrutura lógica do argumento, então.

      Abraços, Paz de Cristo.

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  13. Você busca defender que não há incompatibilidade entre a existência de Deus e o mal no mundo, que a simples apresentação de uma hipótese possível que concilie a existência de Deus e o mal já é suficiente para mostrar que não foi provada essa incompatibilidade. Eu concordo plenamente com isso. Mas você está esquecendo de incluir um ponto importante na sua análise, a probabilidade. Você só está analisando a possibilidade. A probabilidade de que algo é desse ou de tal jeito é medida com base nas evidências. Se hipóteses sem evidências vão contra o que as evidências apontam, isso não abalará a probabilidade, que é pautada em evidências. Se essas hipóteses não possuem evidências, então elas devem ser descartadas.
    Exemplo. Imagine que está em um quarto escuro e possui uma lanterna. Você vai andando pelo quarto e só vê bolas azuis. Você anda muito pelo quarto, e só vê bolas azuis. Agora vai medir a probabilidade do que existe no resto do quarto que não verificou. É possível que existam bolas vermelhas, triângulos amarelos, duendes, fadas etc. Mas essas hipóteses sem evidência não vão afetar a probabilidade de que o resto do quarto tenha bolas azuis.
    A probabilidade se contenta com possibilidades quando não existem evidências apontando para um lado. Como ao jogar um dado, a não ser que o dado seja viciado. Mas a hipótese do quarto não é como jogar um dado, porque existem evidências apontando para um lado. O problema do mal não pode ser usado para provar que Deus não existe. Deve ser usado para provar que um Deus amoroso, onipotente, onisciente e eterno provavelmente não existe, porque as evidências do mundo apontam para a sua não existência, apesar de serem possíveis explicações que conciliem o mal no mundo com as características de Deus, como dizer que vivemos em uma Matrix, que o sofrimento não é real, e que todos vão viver no céu depois da “morte”, que também não é real.

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    1. Gabriel,

      essa é a parte 1 de uma série de textos que discorre sobre o Problema do mal. Aqui é abordada a questão do paradoxo de Epicuro (que é um problema de lógica). Na parte 3 do texto é abordado o problema das probabilidades. Sei que você já viu a parte 3 porque comentou lá, e eu já te respondi.

      Abraços, Paz de Cristo.

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  14. Nenhum ateu decente usa Epicuro como argumento PORQUE EPICURO NÃO ERA ATEU! O paradoxo dele apenas buscava evidenciar que deuses não estão nem aí para os humanos e portanto que se dane a opinião dos humanos sobre eles! Onisciência e onipotência divinas quando dos deuses para com os humanos são inúteis já que deuses não se importam com o que acontece com suas criaturas - tá aí a Síria atual que não me deixa mentir...

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    1. Não é novidade que os ateus modernos utilizam o paradoxo para argumentar que o Deus cristão é logicamente contraditório.

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  15. David, seu texto é muito bem elaborado, porém peca na raiz ao usar o PE para afirmar o que o mesmo não diz e nem aborda.
    o texto seria devensável para opor bons textos ateus.
    Estes teus bons textos servem apenas para um debate filosófico de alto nível, já que a discussão central é a fé (cristã?) que vc defende, e fé simplesmente ignora fatos e dados contrário e sua fé. Estes fatos só lhes são úteis quando usados contra as religiões concorrentes.

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    1. Não entendi muito bem a sua crítica.

      E discordo fortemente que a fé (cristã) "simplesmente ignora fatos e dados contrários".

      Abraços, Paz de Cristo.

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  16. O problema lógico do mal está refutado.

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