segunda-feira, 7 de março de 2011

Fé (parte 1 de 3) - Sobre a fé

Antes de falar sobre aquilo que é a base do cristianismo e de qualquer religião, precisamos dar uma definição. O que vem a ser fé?

Segundo o Wikipédia, " (do Latim fides, fidelidade e do Grego pistia) é a firme opinião de que algo é verdade, sem qualquer tipo de prova ou critério objetivo de verificação, pela absoluta confiança que depositamos nesta idéia ou fonte de transmissão."

Segundo Richard Dawkins, a fé seria a confiança na existência de algo na ausência de evidências.

Não gosto de nenhuma dessas duas definições, porque não expressam fidedignamente os atributos da fé, no caso particular do cristão, da qual me julgo capaz de explicar. É verdade que sobre a fé, a Bíblia diz: "é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos" (Hb11.1); entretanto, é sabido que basear-se em algo sem evidências é considerado uma coisa inapropriada, até mesmo ridicularizada.

A fé cristã não é de modo nenhum baseada em confiança cega. Mas ela também não é 100% baseada em evidências. Tentarei mostrar nesse texto que ambas opções são erradas, ou incompletas:

As pessoas, principalmente as céticas, associam o conceito de fé a algum objeto, mas a fé pode ser fundamentada numa ideia - a da não-existência de Deus, por exemplo! Dependendo do nível de confiança que temos, podemos associar qualquer coisa a um ato de fé. Aqueles que pensam que estão totalmente fundamentados na lógica, seja para qual for o assunto, estão simplesmente depositando sua fé na lógica, ou seja, acreditam [cegamente] que a lógica é uma ferramenta perfeitamente razoável para julgar a veracidade de qualquer fenômeno físico. Não estou dizendo que isso é mentira, mas com que base afirmamos isso?

O que estou querendo propor é que toda forma de conhecimento possui axiomas. Axiomas são proposições iniciais, premissas que não podem (e em muitos casos não precisam) ser provadas, estão associadas à nosso conhecimento intuitivo. Por exemplo, na matemática temos a definição de número e operações como axiomas. Toda fórmula matemática tem sua veracidade atestada através de passos lógicos, mas se regredirmos até os princípios mais básicos desses passos, chegaremos nos axiomas, e não teríamos como prová-los. Na geometria, o conceito de ponto, reta, plano e o fato de que num ponto fora de uma reta só pode passar uma reta paralela são axiomas, premissas iniciais. Teoremas, na linguagem matemática, são proposições que podem e precisam ser provadas através de passos lógicos e/ou axiomas.



O Teorema da Incompletude de Gödel (ver Wikipédia) é a afirmação (provada) de que nenhum sistema de conhecimento pode ser válido se não possuir axiomas. Sempre haverá algo que precisa ser colocado como base, uma verdade inegável. Por exemplo: "números existem". Se essa afirmação fosse falsa, a matemática não existiria. Mas como prová-la, pela lógica? Não podemos, e nem precisamos. O conceito de número é intuitivo, praticamente inato no ser humano.

O conhecimento científico tem uma linguagem um pouco diferente da matemática. Aqueles que fazem ciência sabem que nenhuma teoria é uma verdade absoluta, é apenas uma "verdade convencional" que se encaixa em fatos experimentais. O método científico, desde Galileu, é a forma que os cientistas têm de provar suas teorias.


Por definição, uma teoria não é uma verdade, é apenas a explicação mais provável dos fatos observados até o momento. Sempre poderão surgir fatos que podem invalidar uma teoria, daí uma nova será formulada. Outro ponto interessante é que os cientistas devem 'acreditar' que o método científico é uma ferramenta que sempre leva às melhores respostas possíveis. E, assim como os outros, eles também se baseiam em lógica. Logo, a ciência não é 100% baseada em evidências, e é certo que nunca poderemos saber, cientificamente, se algo é verdade ou não.

Um terceiro ponto que queria destacar é a fé que temos o tempo todo nos nossos sentidos. Alguns pensam que sentir algo é por definição contrário a acreditar em algo, mas isso não é verdade! Não adianta apenas ver, tocar, cheirar ou ouvir algo, nós temos que acreditar que nossos sentidos correspondem a algo que é verdadeiro. Você está vendo essa tela de computador na sua frente, por isso você sabe que ela está aqui. Mas é realmente a tela do computador que você vê? Fisicamente, sabemos que não, vemos apenas os raios de luz que são refletidos da superfície do objeto, a verdade é que nenhum ser humano jamais "viu" um objeto.


Até agora, falamos em três tipos de fé: fé na lógica, fé no método científico e fé nos nossos sentidos. Todo ser humano, especialmente o cientista, se baseia nesse tipo de fé. Sabemos que essa fé nos traz muitos resultados certos, mas também pode trazer enganos: Os sofismas são construções que usam a lógica, mas apresentam resultados errados ou absurdos. O método científico nem sempre leva a uma teoria definitiva, os modelos são sempre revisados ao longo dos tempos, e também bem sabemos que nossos sentidos muitas vezes nos enganam, seja por nossa subjetividade, seja por alguma limitação física pela qual estejamos passando.


Quero que entendam que eu não estou condenando essas formas de fé, muito pelo contrário, afirmei anteriormente que elas são necessárias para a construção de qualquer coleção de conhecimento.

Agora, chegou o ponto tão esperado: no que se baseia a fé cristã? Somos apenas um bando de macacos treinados para aceitar tudo aquilo que nos é dito? Fechamos os olhos para qualquer evidência contrária ao nosso conjunto de conhecimentos, se tal fato for apresentado? Claro que não.

11 comentários :

  1. Como ter fé em mitologias é ter “certeza” sem provas, não racionalizar, ou substituir a realidade por fantasias religiosas, os detalhes que emergiram ao longo dos anos, os avanços da tecnologia, e a “A Bíblia Desmascarada” mostram que:

    João Batista não batizou Jesus, pois foi preso aos 26 anos e decapitado.
    Foi um traumatismo craniano que “transformou” o Saulo em Paulo.
    O “Pedro pedra” nunca foi Bispo, que dirá Papa...
    O Coliseu só ficou pronto 20 anos depois que Nero morreu...
    Herodes morreu antes do suposto nascimento de Jesus...
    A “Gás planta” virou Deus conversando com a personagem Moisés, etc.


    O “Gênesis” é uma coleção de abracadrabas ou mitologias, onde o devoto é adestrado crer sem racionalizar; finge que a vida NÃO tem um “Prazo de validade”; acredita que mesmo depois da destruição do cérebro se viveria para sempre; bem como, faz tudo para alastrar as crendices de uma religião tóxica ou “religião prisão.


    Lisandro Hubris

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  2. A Bíblia não é uma coleção de mitologias. É um livro com muitos fatos históricos comprovados, e outros ainda discutidos. Vejo o relato de Gênesis como simbólico, veja aqui http://respostasaoateismo.blogspot.com/2011/03/interpretacao-literal-do-genesis_02.html

    *Sobre essa de João Batista, eu realmente não sei dizer algo;
    *Sobre Paulo, como pode um homem viver dezenas de anos sem sequelas e totalmente lucido a ponto de escrever varios textos com impressionante racionalidade, após um suposto traumatismo craniano? Acorda Lisandro!
    *Concordo que Pedro nunca foi bispo, isso é invencionice da Igreja Católica.
    *O fato do Coliseu é irrelevante pra mim.
    *Herodes morreu em 4 ou 3 a.C. mas Jesus nasceu em 5 ou 6 a.C., isso é mais do que comprovado hoje em dia.

    Abraços

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  3. Além da fé e a racionalidade serem tão antagônicos que no mesmo cérebro só um prospera de cada vez, como “Deus” é uma atrofia cerebral, parecida com a causada pela falta de minerais essenciais à primeira infância, mesmo quando o ateísmo floresce no período produtivo e agradável da vida do “homem médio”, quando muito sofrido, aterrorizado ou decrépito, até os outroras descrentes pode se transformar em mais um adorador de Entidades, achar que foi “iluminado por Jesus” ou perder a capacidade de contestar doutrinas contrárias ao que as religiões “ensinam”. Lisandro Hubris

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  4. De fato, tudo é fé, isso significa que todas as hipóteses podem estar erradas ou certas, entao deviamos todos viver bem procurando a verdade, somando idéias, não negando nada, mas alguns não compreendem isso, dando exemplo cristãos, nos julgam como tolos, mas e se de fato um deus do modo que vocês pensam nao existir? não há como saber a verdade no tempo de uma vida humana, nem em mil vidas humanas, o fato de criticarmos outras idéias é totalmente idiota, em vez de nos unir-mos, ficamos fazendo piadas de outras crenças e etc... eu creio que de fato um deus exista, mas não do jeito cristão/judeu de se ver, deus pode ser um conjunto de ideias, algo sem conciencia, ou algo superior á forma de conciencia, deus pode ser o universo, todos nós podemos ser parte disso, o fato é q em vez de pensarmos juntos, botamos barreiras na busca da verdade...

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  5. "..pode ser..pode ser pode ser..."

    NãO é o que pode ser..
    são as provas que se tem para provar que quase com crtz é...!
    Sinceramente,não interessa em quem você acredita ou deixa de acreditar,o que importa é se suas razões para tal se sustentam.No entanto concordo quando dizes que temos que "buscar" a verdade e não simplesmente fazer piadinhas sem graça ou ridicularizações baseadas em simples jogos de palavras presumidos de pensamento circular óbvio.(Não importando o que se defende)...

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  6. "Como ter fé em mitologias é ter “certeza” sem provas"

    "João Batista não batizou Jesus, pois foi preso aos 26 anos e decapitado.
    Foi um traumatismo craniano que “transformou” o Saulo em Paulo.
    O “Pedro pedra” nunca foi Bispo, que dirá Papa...
    O Coliseu só ficou pronto 20 anos depois que Nero morreu...
    Herodes morreu antes do suposto nascimento de Jesus...
    A “Gás planta” virou Deus conversando com a personagem Moisés"

    Taí, ainda não tinha visto o ateísmo imbecil sob o prisma de ser uma mitologia.

    Afinal, o ateu listou várias CERTEZAS SEM PROVAS. Logo, segundo o ateu ...

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  7. Esse Lisandro é um dos ateus militantes mais medíocres que já vi frequentando os blogs. Aliás, que estranho um ser tão "racional" (rs) entre "irracionais". Outra pérola dele:

    "O “Gênesis” é uma coleção de abracadrabas ou mitologias, onde o devoto é adestrado crer sem racionalizar; finge que a vida NÃO tem um “Prazo de validade"

    Pois é, se o ateu não fosse tão fanático na sua militância imbecil, saberia o "És pó e ao pó tornarás". Melhor lembrança para a finitude da vida, impossível.

    Quanto a viver "depois da morte do cérebro", de nada adiantará mostrar ao ateu bocó que isso, sim, é uma crença. Ele tem todo direito de acreditar que ao morrer tudo vai acabar e aí será como se ele nem tivesse existido. Aliás, eu acredito isso também, em relação a ele.

    O que ele não pode - por absoluta falta de meios - é afirmar, como uma "certeza sem provas", que a crença em uma vida SOBRENATURAL após a morte não passa de uma crença irracional. Gostaria muito de saber como ele sabe disso. Ah, tinha me esquecido: ele é ateu, portanto sabe TUDO o que é possível saber. Tola prepotência!

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  8. Eduardo,
    vejo que tem comentado sobre o Liasndro. Esse cara realmente é uma figura... você conhece o Yahoo Respostas? Ele tem uma conta lá há mais de 6 anos, e tudo que ele faz é postar "perguntas" na seção de religião, que são na verdade afirmações sem nenhuma fonte ou referência... ele reuniu todas essas informações que ele tira de sites não confiáveis em algo que ele chamou de "livro", com o nome "A Bíblia Desmascarada". Algumas coisas lá são realmente hilárias.

    O que me preocupa em relação ao Lisandro é que por mais que eu pacientemente refute cada palavra que ele posta no YR, ele parece ignorar tudo que eu digo e continua repetindo suas máximas, como um papagaio. Às vezes não dá nem pra ter certeza se ele realmente acredita no que está falando.

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  9. Contradição:

    A fé cristã não é de modo nenhum baseada em confiança cega. Mas ela também não é 100% baseada em evidências.

    O correto seria afirmar a 'Fé' não é em todos os casos baseada somente em evidencias ou somente na cegueira. Algumas pessoas não precisam de qualquer evidencia para crerem em algo, enquanto outros necessitam de Evidencias e de Fé, da mesma forma que algumas preferem somente evidencias.

    Quando você diz que a fé não é cega, está afirmando que a fé não é cega. Porém quando diz que a fé não necessariamente se baseia em evidencias, então está dizendo que ela possuí pontos cegos ou é totalmente cega. De qualquer forma, sua afirmação não se mantêm.

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  10. Outra besteira em seu texto: Por definição, uma teoria não é uma verdade, é apenas a explicação mais provável dos fatos observados até o momento.

    Em outras palavras uma teoria é aceitar como verdadeira, não por ser a melhor explicação, mas por ser a única explicação. Para encontrar um nível mais elevado de verdade, deve-se mudar para a matemática. A Teoria da evolução não é apenas a melhor explicação, mas também a única explicação que pode ser observada, analisada e da qual é utilizada em diversas áreas de nosso conhecimento. Dizer que teoria é apenas a melhor explicação para algo, é diminuir a importância da palavra 'Teoria'.

    Na Ciência, a palavra Teoria tem o peso da palavra verdade. Não diminua sua importância para validar seu ponto de vista.

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  11. O Senhor já foi refutado a um bom tempo: http://religiaoeateismo.blogspot.com.br/2015/04/o-que-e-fe-e-para-que-serve.html

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