sexta-feira, 22 de julho de 2011

O Problema do Mal, Parte 7: INFERNO (continuação)

Como prometido, aqui está o texto que mostra uma visão ateísta limitada do inferno, e a minha análise na forma de comentários. O artigo na íntegra pode ser encontrado aqui. As citações ao mesmo serão destacadas em vermelho.
O Inferno existe?

A Igreja Católica passou 2000 anos descrevendo o inferno como um lugar cheio de fogo e tortura. Os protestantes ainda se apegam a essa idéia e é assim que ele foi mostrado aos pastores de Fátima durante uma das supostas aparições da Virgem. Agora a Igreja diz que o sofrimento é apenas a ausência de Deus, o arrependimento por se ter escolhido a opção errada. Não uma condenação, mas uma escolha individual.

Se só ao chegar lá os pecadores vão realmente entender que estavam errados, como afirmar que a escolha foi consciente e informada? Pelo contrário, em Lucas 16:19-31 conta-se a parábola do rico no inferno que pede que seus irmãos ainda vivos sejam avisados do que lhe aconteceu para que não acabem como ele, o que lhe é negado. A explicação, ridícula, é a de que, se não acreditaram em Abraão e nos profetas, também não vão acreditar se os mortos lhes aparecerem (por que não?!). Conclui-se que seus irmãos não sabiam do risco que corriam (mesmo porque, para os judeus, a noção de céu e inferno era um tanto confusa). E não é permitido ajudá-los. Deixem que se danem.
Eu não entendi porque o autor disse que essa é uma explicação ridícula. O próprio Jesus veio à terra, fez muitos milagres e mesmo assim várias pessoas que o viram pessoalmente não creram nele. Aqueles que pensam que é necessário apenas ver para crer, estão enganados. Existem aqueles que crêem sem ver e aqueles que nem vendo crêem. Quando as pessoas não querem enxergar algo, seja por orgulho ou por qualquer motivo, nem mesmo a evidência a faz enxergar o que ela precisa ver.

Existe muito mais coisas a comentar sobre esses parágrafos iniciais. Primeiramente, ninguém pode ser condenado por Deus se for inconscientemente ou desinformado. Isso seria contra o senso de justiça de Deus. Existem os que nunca ouviram, por falta de oportunidade, sobre Jesus e o Plano de Salvação (já explicado  por alto nos artigos anteriores). A estes ignorantes (por não conhecerem, não por serem estúpidos) Deus tem um plano justo para julgá-los, que para nós não é totalmente revelado. Jesus faz possivelmente uma alusão ao assunto em Lc 12.48: "A quem pouco foi dado, pouco será cobrado; e a quem muito foi dado, muito será cobrado", ou seja, serão julgados de acordo com a revelação que tiveram sobre Deus e a Sua Vontade. O que o texto de Lázaro e o rico fala (lembrando que muitos autores o consideram uma parábola, e não um caso real) é que os familiares do rico provavelmente conheciam a Palavra de Deus (sendo judeus) , mas não acreditavam ou não davam importância para ela (ou seja, não estavam no estado de ignorância). O rico, estando num lugar de condenação, queria voltar e contar aos seus que aquilo era real, o que no fundo eles sabiam, mas não davam importância. Não era permitido ajudá-los porque a questão da salvação é individual, e cada um é dada a responsabilidade de seus próprios atos.

Antes de continuar, precisaria explicar um pouco mais sobre salvação. Expliquei sobre isso nos últimos textos, e não queria ser repetitivo, só vou relembrar alguns pontos:  
 "Porque pelo favor divino vocês são salvos; e isto não vem de vocês, é um presente de Deus; não é pelas próprias ações, para que ninguém se orgulhe disso" (Ef 2.8,9 - paráfrase e grifo meus).
Deus instituiu a salvação a todos, mas é óbvio que para desfrutarmos do presente de Deus precisamos no mínimo acreditar que Ele existe e aceitar o presente. Pois bem, é esse mínimo o preço que precisamos pagar pela salvação (e eu nem consideraria um "preço" em si, é mais um pré-requisito lógico!). Não é preciso seguir um código rígido de conduta, se privar de coisas prazerosas, como muitos pensam. A verdade é que a salvação é um processo de desenvolvimento, e começa aqui na Terra. À medida que recebemos a Jesus, nossa essência vai mudando e vamos deixando as velhas práticas naturalmente, e não como que fizéssemos obrigados. Se acreditamos em Deus e o amamos, não vamos querer fazer algo que o desagrade. Essa é a base de qualquer relacionamento saudável, nada mais natural do que praticar isso com o nosso Deus pessoal.

Mas por que precisamos de salvação? O ser humano está em um estado decaído, sendo pré-disposto ao pecado e incapaz de se aproximar naturalmente de Deus. Essa questão também é um pouco complexa pra explicar tudo aqui, o texto vai ficar chato, em suma eu não acredito que Deus tenha feito isso porque queria nos condenar, mas porque havia um propósito que talvez não possamos entender, algo como termos que encarar um desafio, em nossas vidas, para podermos estar sempre perto dEle. RESUMINDO: Somos "condenados" por nossas ações e salvos por um presente de Deus através simplesmente da fé.

Até esse ponto meu argumento ainda não parece convincente, porque ainda não parece justo ser condenado por ações, como se não tivéssemos escolhido isso. Mas digo que o nosso destino é resultado da nossa escolha. A "condenação", ou a sentença que Deus impõe é simplesmente a concessão de um desejo nosso. Em um texto muito antigo desse blog eu expliquei sobre o princípio do terceiro excluído, dizendo que "A só pode ser x ou não-x; não existe terceira possibilidade". Isso quer dizer que se você aceita a Jesus, está fazendo uma escolha; se você não aceitou, você também está fazendo uma escolha, está escolhendo o contrário. Não pode haver terceira possibilidade, ou você está com Deus ou não está. Escolhendo aproximar-se de Deus, você atende ao propósito a que foi criado, e preenche o seu "vazio interior natural " com o que faltava, a essência de Deus. Se Deus é o sinônimo de bem, amor e justiça e verdade, é isso que você terá. Se na sua vida você nega ou ignora a Deus, receberá o fruto da sua escolha que é o opostos dessas coisas. Vamos analisar mais algumas linhas do artigo:
Note-se que o condenado tinha bom coração. Ele poderia perfeitamente desejar que seus irmãos sofressem também. Outro absurdo é que Lázaro, o pobre, foi para o céu após uma vida de sofrimento enquanto que o rico foi para o inferno após uma vida de prazeres. Em outras palavras, por um instante de sofrimento, uma eternidade no céu e, por um instante de prazer, uma eternidade no inferno. Uma punição infinitamente desproporcional por uma falta cometida por quem não tinha total consciência de seus atos. E uma recompensa também desproporcional por uma vida de sofrimentos não necessariamente escolhida pelo sofredor e sim imposta a ele.
Lázaro não foi salvo por ser pobre, e sim por sua fé. Foi como eu expliquei anteriormente. Boas ações não podem salvar ninguém, pois ninguém pode ser suficientemente bom para poder merecer algo de Deus (considerando que Deus é infinito em bondade).

Apesar de tudo, o autor levantou uma questão das mais interessantes sobre o assunto "inferno".  O problema da punição infinita pelos pecados infinitos. Há várias possíveis soluções para o problema. Entretanto, vou postar em uma parte separada, para ficar mais organizado e esse post não ficar maior que o normal.

(...) O mundo que a Igreja descreve é como uma arena onde somos jogados para lutar contra os leões, mas com armas limitadas e contra a nossa vontade. Obrigados a participar de um jogo mortal, com regras injustas, obscuras e mutáveis e que nos foram impostas. E ainda temos que louvar o promotor do jogo. Kafka não faria melhor.
A frase claramente tendeciosa parte para o apelo emocional, misturando vários fatos com meias-verdades afim de convencer o leitor desatento aos detalhes. 
"O mundo é uma arena onde somos jogados para lutar contra leões"
Posso concordar com essa frase. Somos desafiados a permanecer na escolha correta, mesmo havendo tantas outras opções aparentemente melhores, mas que no fundo são só negações da opção correta. É realmente um desafio. Já pensou o que aconteceria se vivêssemos num mundo onde não existisse nenhum desafio? Ficaríamos entediados. Ou num mundo onde não teríamos como provar nosso amor por alguém (fazemos isso na prática nos doando a tal pessoa)? Simplesmente o amor não teria sentido. O amor só faz sentido quando existe a opção de não amar, isso dá valor à ideia de amor.
"(...) mas com armas limitadas e contra a nossa vontade"
Realmente sozinhos somos incapacitados de vencer a luta contra nosso interior corrompido, mas nossas armas não limitadas. As armas que Deus nos dá para isso são poderosas e eficazes contra isso. São elas a propria Salvação e o Espírito Santo. A Teologia envolvida no assunto é um pouco mais complicada, por isso não tratarei profundamente sobre isso por enquanto.

O autor continua, agora criticando o livre-arbítrio:
Um livre arbítrio bem entendido deveria começar pela escolha entre nascer ou não, receber este “presente” do “amor” de Deus ou escapar dele, de uma vida de sofrimentos que talvez seja seguida de uma tortura eterna que nós “escolhemos por vontade própria”.

Em que medida uma criança é responsável pela educação que recebe e pelo meio social e familiar em que é criada, o que vai determinar que tipo de adulto será mais tarde? Que grau de responsabilidade tem ela por estes fatores que não estão sob seu controle? Mesmo que lhe falem de céu e inferno, será que ela está em condições de entender, qualquer que tenha sido sua educação? Será que lhe apresentam provas tão convincentes que ela não possa alegar que não viu motivos para crer?

O livre arbítrio é, na verdade, a possibilidade que Deus nos deu de irmos para o Inferno. Um pai que realmente ama seus filhos não apenas os alerta sobre o perigo mas também acaba com ele. Um pai amoroso não cria novos perigos propositalmente.
O autor se acha em condições de julgar qual tipo de livre-arbítrio seria melhor, dentre aqueles que podem existir. Possivelmente ele já testou criando vários mundos possíveis e analisando as consequências (ops, deixei o modo irônico ligado... :P). Se você não se lembra da definição de mundo possível, eu dei aqui. Primeiro, lembre que podem existir mundos que não são possíveis por definição. A Bíblia, por exemplo, define a morte como consequência inevitável do pecado. Isso pode ser uma coisa tão imutável quanto o número de lados de um triângulo, não temos condições de saber. Assim poderia não ser possível criar um mundo onde não há punição pelos pecados. E quero lembrar mais uma vez que Deus fez um ótimo trabalho, pois Ele mesmo pagou a punição pelos nossos próprios pecados! Não de todos, mas daqueles que têm a consciência de que Deus fez isso (senão não faria sentido...).

O autor também está muito preocupado com os casos onde "não se oferecem provas suficientes" para a pessoa sobre a existência do inferno ou do céu, assim a pessoa estaria no mínimo "certa" por não ter acreditado. Isso é totalmente falacioso. O contra-argumento a isso é a chamada "Experiência imediata de Deus" (um dia posto algo sobre isso).

Sobre a frase "O livre arbítrio é, na verdade, a possibilidade que Deus nos deu de irmos para o Inferno", aqui o autor parece sugerir que ele achava melhor ser um robô do que possuir livre-vontade. Obviamente Deus não queria isso. Sem livre-vontade não existe voluntariedade, e sem voluntariedade não existe amor. E se existe amor voluntario, existe a opção voluntária do não-amar. O não-amar a Deus leva à consequência inevitável da morte, que segundo a definição bíblica é a separação completa de Deus. Não estou falando da morte física, essa é apenas uma separação parcial. A verdadeira morte é aquela que alguns vão experimentar no fim dos tempos, sendo levados ao único lugar onde há separação total de Deus e todos os seus atributos: inferno. Bem, no fundo o autor está certo com a frase, sem livre-arbítrio não haveria inferno, mas também não haveria amor, seres conscientes, e tudo mais.
Suponhamos que o inferno exista. Uma pessoa só pode ir para lá se decidir, de livre e expontânea vontade, cometer atos que ela sabe, de plena consciência, que vão levá-la ao castigo eterno. Quem tomaria tal decisão, sabendo de todas as consequências de seus atos? Mesmo que alguém afirme: “Eu quero ir para o inferno!”, não podemos acreditar em que esta pessoa saiba do que está falando. Para que sua escolha fosse válida, ela teria que ser levada ao inferno, ver e sentir o que significa ir para lá e só então decidir. Entretando, tudo o que temos são lendas para assustar os crédulos. (...)
O autor entra mais uma vez no problema da ignorância. É óbvio que, mesmo nós sabendo quase nada sobre como realmente deve ser o inferno, ninguém em sã consciência ia querer ir pra lá. Mas isso não justifica o que ele quis dizer nesse parágrafo. Por exemplo, ninguém em sã consciência gostaria de ser preso (principalmente com as condições de alguns presídios aqui no Brasil!), mas vemos dezenas de pessoas sendo presas por dia, só no país. É uma contradição? Não, é apenas a natureza humana. Somos craques em cometer atos sem medirmos as consequências deles (ou simplesmente ignorá-las). Devemos concordar que a prisão é uma consequência inevitável (teoricamente) ao cometer um crime. Pois bem, a morte (segundo a minha definição dada anteriormente) é uma consequência inevitável do pecado. E pessoas são presas mesmo às vezes não sabendo que cometeram um crime, por falta de conhecimento da Lei. Você considera isso injusto?
Mensagem: acredite sem questionar ou queime no inferno para sempre. Isto são Boas Novas ou o decreto de um tirano?
O Evangelho (Boas Novas) de Jesus foi: "Agora não precisa haver mais morte. Eu mesmo já paguei a pena pelos pecados da humanidade".Acho que a paráfrase acima não ficou muito fiel. Ela sugere que a pena é imposta por Deus aos descrentes, ou seja, que Deus "joga os ímpios no inferno". Isso não é verdade, como já foi exaustivamente detalhado aqui. As pessoas tomam isso para si, ao rejeitarem a única saída possível, dada por Deus. Deus está oferecendo a mão para tirar pessoas do caminho da morte, e não procurando oportunidades para jogá-las lá. A frase do autor pressupõe um Deus tirano para concluir que Deus é tirano. Belo exemplo de lógica.

Se Jesus manda perdoar os inimigos e oferecer a outra face, como ele poderia condenar ao castigo eterno alguém que honestamente não viu motivos para acreditar nele? O que ele responderia se isto lhe fosse perguntado pelo penitente na hora do Juízo Final? Ou ele não é obrigado a seguir seus próprios mandamentos?
O texto novamente pressupõe que Deus condena as pessoas ao inferno, e não que as pessoas atraíram condenação para si, e desconsidera a morte (já pereceberam que estou usando a palavra 'morte' como substituta para inferno, né? Acho mais tecnicamente adequado) como consequência inevitável do pecado. Adicionando essas duas premissas à argumentação dele, a lógica quebra. Não é que Deus não pode perdoar, Ele já ofereceu perdão a todos, quando o tempo de aceitar esse perdão terminar nada mais poderá ser feito, infelizmente. O "honestamente não ver motivos para acreditar em Jesus" cai do mesmo jeito que o caso da prisão. Mesmo se eu "honestamente não ver motivos para acreditar na justiça da Lei brasileira", vou prisão se não acatá-la. O fato de eu acreditar não muda o fato de a escolha ser certa ou não.

Muitos crentes se dizem “salvos” porque “aceitaram Jesus como seu salvador” e acham que não precisam fazer mais nada, já que eles se agarram ao Evangelho segundo João, que diz que o importante é a fé e não as boas obras, que os ateus irão para o inferno por mais virtuosos que sejam. (...)
Isso é irrelevante, o fato de alguns dizerem ou fazerem algo não muda em nada a existência ou credibilidade do inferno. Lendo a Epístola de Tiago no capítulo 2, descobrimos que a fé é o nosso passaporte de salvação, mas as obras são garantia de que nossa fé é legítima, ou seja, a fé sem obras é morta. E boas obras sem fé são tão inúteis quanto o anterior.

Boa parte dos crentes parece considerar o Juízo Final como o momento da vingança, o momento em que serão glorificados diante de todos e irão para o céu enquanto a escumalha, os descrentes, os infiéis, serão jogados no inferno.
Novamente o autor entra com uma espécie de falácia ad populum invertida, tentando justificar a descredibilidade do inferno com a existência de algumas pessoas que acreditam errado. Devo admitir que a postura citada por ele é totalmente anti-cristã, e repugnante, e nunca foi apoiada com base bíblica.

Concluo mais uma parte deste texto, feliz porque avancei um pouco mais no conhecimento acerca deste tema tão intrigante, e esperançoso de ter contribuído também um pouco para o conhecimento dos leitores. Na próxima parte farei um bônus com as perguntas mais oportunas acerca do inferno, voltadas exclusivamente com a relação entre a existência do inferno e o Problema do Mal. Assim, fecharemos finalmente essa série de postagens que rendeu muito texto e alguma discussão.


Abraços, Paz de Cristo :)


Inferno (outras questões)

14 comentários :

  1. Muito bom! Gostei bastante do texto, parabéns pelo trabalho!

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  2. Parabéns pela iniciativa irmão!
    Que Deus te dê sempre força para fazer o que deve ser feito e levar um pouco de verdade/realidade para as pessoas!
    abraçãoo"
    Paz de Jesus Cristo!

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  3. É problemático explicar o mal para crentes e não crentes quando partimos da premissa do livre-arbítrio. Pode não parecer para alguns, mas a premissa do livre-arbítrio permeia toda discussão no texto acima. A questão, a meu ver, fica mais fácil se entendermos que Deus salvará aqueles a quem quer salvar, para mostrar seus atributos nos salvos; e condenará aqueles a quem quer condenar, para também mostrar seus atributos aos condenados.
    Entendo ser absolutamente enganoso dizer que Deus não condena, que quem condena é a própria pessoa. Deus condenará, pois ele é que é o inventor da condenação, do juízo. Deus salvará, não a própria pessoa, pois Deus é que é o autor da salvação.
    Temos de entender Deus como o autor da salvação e da condenação, e pronto.
    Acredito, porém, que essa seja uma discussão um tanto longa para tão pouco espaço.

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  4. Sonner,
    esse ponto em que você entrou já muda o "rumo" da conversa pra uma teologia, bem pesada, ao meu ver... essa questão não respondida definitvamente até hoje pelos teólogos cristãos. Meu objetivo na série de postagens era fazer com que o texto fosse mais filosófico e compreensível ao público-alvo ateu.

    No meu ponto de vista particular, eu acredito que não precisa haver contradição entre a nossa vontade e escolha e a Soberania de Deus. Ele pode condenar ou salvar a quem quiser, mas também a nossa respinsabilidade deve estar incluída nisto de alguma forma. Onde entraria o amor de Deus nisto tudo?

    Abraços, Paz de Cristo.

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  5. Olá amigo Religião.

    Você diz:

    "Eu não entendi porque o autor disse que essa é uma explicação ridícula. O próprio Jesus veio à terra, fez muitos milagres e mesmo assim várias pessoas que o viram pessoalmente não creram nele. Aqueles que pensam que é necessário apenas ver para crer, estão enganados. Existem aqueles que crêem sem ver e aqueles que nem vendo crêem. Quando as pessoas não querem enxergar algo, seja por orgulho ou por qualquer motivo, nem mesmo a evidência a faz enxergar o que ela precisa ver."

    Qual a prova irrefutável e pessoal que possa apresentar sobre a vinda e sobre os milagres de Jesus aqui na terra???

    Meu amigo ... como já disse em alguns comentários lá no meu blog ... fé NUNCA foi , NÃO é e NUNCA será PROVA de nada com coisa nenhuma , pois a fé só é válida como "prova" para a pessoa que a tem , entendeu?

    Se você estiver sóbrio , sem influência de medicamento ou qualquer tipo de droga e ver um cachorro na sua frente , por acaso você não acreditará que ali está um animal chamado cachorro???

    É óbvio que quando vemos algo , tocamos , provamos , medimos e interagimos com este algo ou alguém não temos nenhum motivo para duvidarmos das provas irrefutáveis provenientes dos 5 sentidos que temos para avaliar as coisas.

    Somente uma pessoa doente mental resistiria em aceitar o óbvio , diante de todos os testes possíveis e imagináveis falasse que "não acredita" nos resultados dos testes.

    Agora ... as afirmações fabulosas da religião cristã podem ser medidas???

    Como provar que Jesus andou sobre as águas? Que ele ressuscitou? Que realmente transformou a água em vinho?

    Tem como a gente testar isto , ou provar sem nenhuma sombra de dúvidas isto tudo?

    É óbvio que não.

    Você me dirá que a fé prova.

    Ora ... como já disse ... fé não prova nada ... fé não é argumento ... fé não leva a lugar nenhum.

    E dúvida? A dúvida sim ... se hoje estamos conversando por meio de um micro computador devemos isto não a fé cega religiosa , mas a dúvida , a vontade de ultrapassar barreiras , transpor obstáculos , quebrar dogmas , desrespeitar leis ridículas.

    Existe uma tal "lei" da gravidade não existe?
    Se o homem ficasse com medinho e não desafiasse esta "lei" , será que hoje teriamos aviões no mundo?

    Pense com carinho sobre estes temas.


    Abraço.

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  6. Amado,

    O amor de Deus não é o único atributo de Deus. Pessoas normalmente apelam para o amor e Deus para negar que ele possa castigar ou rejeitar pessoas. Porém, Deus possui outros atributos que não o amor. O amor, Deus o revela a seus filhos, mas a justiça e a ira, aos não-filhos. A responsabilidade do homem só pode ser explicada por imputação. Nenhum homem viu Deus para que possa crer nele. Aliás, nada há no universo que diga que o Deus dos cristãos seja o verdadeiro. Por que não os deuses do hinduísmo? Assim, Deus só pode me responsabilizar por ir contra a vontade dele se o próprio Deus me imputar essa responsabilidade.
    Somente toquei nesse assunto porque vi no texto que li o livre-arbítrio como pano de fundo. Não queria criar polêmica.

    Deus nos abençoe.

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  7. Amigo Cristiano,

    "Qual a prova irrefutável e pessoal que possa apresentar sobre a vinda e sobre os milagres de Jesus aqui na terra?"

    O texto aqui não está falando sobre isso, mas vou ser "bonzinho" e responder o seu comentário. Na sua pergunta, você fez uma certa dicotomia entre Jesus e demais personagens históricos, como se Ele fosse um caso especial ou algo do tipo.

    Jesus faz parte da história como qualquer outro homem famoso do passado: Júlio César, Nabucodonosor, Xerxes, sei lá, escolhi personagens famosos aleatórios. As únicas provas que temos da existência destes homens são registros escritos encontrados por arqueólogos. É o mesmo com Jesus. A maioria dos historiadores sérios não duvida que ele realmente existiu. Sobre os milagres, é interessante que foram registrados não por ele próprio, mas por várias testemunhas oculares diferentes. Se fosse o próprio Jesus que tivesse escrito, poderiam arguemntar que ele estava mentindo. Mas pessoas escreveram o que viram, e elas acreditavam tão piamente no que viram que sofreram perseguição, tiveram mortes violentas e não negaram a sua fé mesmo assim.

    ---
    "E dúvida? A dúvida sim ... se hoje estamos conversando por meio de um micro computador devemos isto não a fé cega religiosa , mas a dúvida , a vontade de ultrapassar barreiras , transpor obstáculos , quebrar dogmas , desrespeitar leis ridículas."

    Concordo. Lembre-se de que os que deram o pontapé inicial na ciência ocidental moderna eram cristãos. Não há incompatibilidade entre a fé religiosa e a "quebra" dessas barreiras.

    Abraços, Paz de Cristo.

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  8. Caro sonner,

    "O amor de Deus não é o único atributo de Deus. Pessoas normalmente apelam para o amor e Deus para negar que ele possa castigar ou rejeitar pessoas. Porém, Deus possui outros atributos que não o amor."

    Foi exatamente isso que eu argumentei nas outras partes desta série (você leu?).


    "Aliás, nada há no universo que diga que o Deus dos cristãos seja o verdadeiro. Por que não os deuses do hinduísmo?"

    Estranha-me você sendo cristão e fazendo este tipo de argumentação. Isto é algo totalmente resolvido no pensamento cristão. O Deus de nenhuma outra cultura possui todos os atributos filosóficos necessários do Deus Criador (imaterialidade, atemporalidade, pessoalidade, onipotência, onisciência, etc.), e se possui algum esta cultura revela traços de um monoteísmo primitivo (existem tribos isoladas na África que são monoteístas).

    Além disso, a Bíblia argumenta que Deus é mostrado na ordem da natureza criada (Sl 19.1, Rm 1.20).


    "Assim, Deus só pode me responsabilizar por ir contra a vontade dele se o próprio Deus me imputar essa responsabilidade."

    Isto é verdade. Deus nos imputou essa responsabilidade em Gn 3.2,3.


    "Somente toquei nesse assunto porque vi no texto que li o livre-arbítrio como pano de fundo."

    Livre-arbítrio é um termo ambíguo. No sentido filosófico está relacionado a ter vontade própria e responsabilidade por suas escolhas. Nisto todos os cristãos e inclusive não cristãos concordam que o homem tem. A controvérsia dentro do cristianismo é do livre arbítrio no sentido teológico e soteriológico, em relação à capacidade de escolher a Salvação. Não é sobre este livre-arbítrio que eu quis falar aqui (exatamente para eu não causar polêmica, assim como você).

    Me parece que você segue uma corrente calvinista. Eu não sou calvinista, nem arminiano (aliás, os dois não são mutuamente exclusivos, arminianismo é uma variante do calvinismo), não tenho uma posição definida em relação a esta questão.

    Abraços, Paz de Cristo.

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  9. Amados, uma ressalva sobre o que comentei:

    Eu disse: "Aliás, nada há no universo que diga que o Deus dos cristãos seja o verdadeiro. Por que não os deuses do hinduísmo?"

    Você disse: Estranha-me você sendo cristão e fazendo este tipo de argumentação. Isto é algo totalmente resolvido no pensamento cristão. O Deus de nenhuma outra cultura possui todos os atributos filosóficos necessários do Deus Criador (imaterialidade, atemporalidade, pessoalidade, onipotência, onisciência, etc.), e se possui algum esta cultura revela traços de um monoteísmo primitivo (existem tribos isoladas na África que são monoteístas).

    R: veja bem, para mim o Deus cristão é o único, não estou duvindando disso. O que estou dizendo é COMO alguém pode saber disso? O fato de Deus possui TODOS os atributos que os outros deuses não têm não faz do nosso Deus um Deus verdadeiro. Poderíamos ter, por exemplo, um deus verdadeiro que fosse mau, egoico, mentiroso etc. A questão que levantei para abordar o livre-arbítrio foi COMO podemos saber que Jesus (Deus) é verdadeiro e Krishna não é? Epistemologicamente falando, nada há nesse mundo que me diga que meu Deus seja o verdadeiro. Assim, o fato de eu crer em Deus advém da própria vontade de Deus, não da minha, não de um suposto livre-arbítrio. Efésios 2;8 nos diz que a fé é dom de Deus. Ora, se é dom de Deus, então se alguém não tem fé é pq Deus não deu a ele. O livre-arbítrio, portanto, não se sustenta.
    Mas, para falar a verdade, eu nem lembro mais por que cargas dágua toquei nesse assunto. Mas agradeço a atenção dispensada.
    Sobre o fato de eu ser calvinista, bem, eu rejeito totalmente esse termo. Se Calvino estava certo em suas considerações, então não era Calvinho que estava certo, mas a Bíblia é quem diz. O mesmo pensamento vale para Armínio.

    Abraços e Deus continue endireitando nossas veredas.

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  10. Sonner,

    há uma argumentação filosófica desenvolvida por William Lane Craig que leva aos prováveis atributos do Criador do Universo, se Ele existir.

    Efésios 2.8 não dá uma solução definitiva para o problema, porque existem tipos de fé diferentes mencionados na Bíblia: a fé salvífica, a fé como dom do Espírito Santo e a fé como fruto do Espírito Santo. Mas isso é "teológico demais" para estar aqui no blog.

    Fico feliz em você rejeitar o termo "calvinista"... o que mais vejo na internet é calvinistas convictos e orgulhosos de carregar este nome. Calvino não era perfeito ou infalível, pode ter algumas ou várias considerações erradas.

    Abraços, Paz de Cristo.

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  11. Amado,

    A respeito ainda do livre-arbítrio, gostaria de comentar o seguinte trecho de sua resposta sobre a fé:


    "Efésios 2.8 não dá uma solução definitiva para o problema, porque existem tipos de fé diferentes mencionados na Bíblia: a fé salvífica, a fé como dom do Espírito Santo e a fé como fruto do Espírito Santo."

    R: ora, de fato há mais de uma acepção para a palavra FÉ na Bíblia. Contudo, a FÉ de Efésios 2:8 é a fé que salva, ou seja, aquela fé mediante a qual o cristão viverá, a fé que nos leva a crer em Deus, não em outro deus. A fé que nos leva a crer que Jesus é o caminho. Ou seja, essa fé foi dada por Deus, como um presente, não foi alcançada por decisão da pessoa. Efésios 2:8 oferece um problema para o livre-arbítrio, portanto.


    Abraços,e que Deus continue endireitando nossas veredas.

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  12. Sonner,
    um determinado efeito pode ter várias causas ou "níveis de causa", como prefiro chamar. Pense na seguinte situação:

    Imagine dois colegas, onde o primeiro não confia no segundo porque o conhece de longa data e sabe que ele costuma mentir às vezes. O primeiro então está à beira de um penhasco apreciando a vista enquanto às costas dele está um terrorista apontando uma arma. O segundo, que está do outro lado do penhasco vê toda a situação e grita: Saia daí agora, tem alguém querendo te matar! Mas o primeiro colega, naturalmente não acredita. O terrorista então atira, e com o impulso da bala, o homem é jogado para a frente e cai do penhasco.

    Agora me diga: qual a causa da morte do infeliz homem?

    Seria simplesmente do colega que passou a vida inteira mentindo e perdendo a credibilidade da sua palavra, ou do tiro a sangue frio do terrorista, ou de falta de ar e ataque cardíaco causado pela queda de muitos metros, ou pelo impacto da queda? (Alguns ainda teriam a criatividade e a coragem de culpar Deus pelo ato, já que Ele permitiu tudo acontecer).

    Cada evento contribuiu de alguma forma para que esse ato ocorresse, cada um pode ser considerado a causa em particular, e a causa considerando todos os pontos é uma combinação complexa de todo o enredo.

    Do mesmo modo, a salvação pode ser uma determinação de Deus e ao mesmo tempo pode ser o resultado de uma decisão pessoal. Eu pelo menos penso desta maneira.

    Abraços, Paz de Cristo.

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  13. Amado,

    Com relação ao exemplo que vc me enviou em sua mensagem, eu poderia dizer que a causa da morte do homem foi Deus. Sim, se Deus não tivesse feito o mundo, tal homem não morreria. Assim, de uma forma ou de outra, Deus acaba sendo a causa de tudo, até mesmo dos maiores desastres.


    Quanto à salvação das pessoas, devemos observar o que a Bíblia diz, e deixarmos de lado nossas opiniões. Às vezes é difícil aceitar o que a Bíblia diz pq o que ela diz muitas vezes não nos agrada. Mas Deus não está nem aí para o que nos agrada, ele está aí para a própria vontade dele, quer concordemos com ela, quer não. As Escrituras são muitas claras: somos salvos pela fé e esta fé foi dada. Logo,não há livre-arbítrio e uma pesssoa não pode decidir se quer ser salva ou não.
    O livre-arbítrio é um disparate. Vejamos: imaginemos um velho budista que viva há cem anos em uma vila no extremo interior da China. Imagine um missionário que chega ali e prega Cristo para aquele homem. Eis a pergunta: COMO aquele pobre velho pode crer em Cristo por sua própria vontade? Como ele vai saber que Buda não é o caminho, mas que Jesus é que é? Essa pergunta vale para nós também. Como podemos saber que o mar vermelho se abriu de fato, que Cristo ressuscitou de fato, que a Bíblia não é uma grande invenção dos homens? Como sabemos que não é o Alcorão a verdade de Deus e não a Bíblia? Essas são questões legítimas.
    Ora, por isso Efésios nos diz que a fé é um dom (presente) de Deus. Ela vem do alto, não vem de nós mesmos. A Bíblia está dizendo isso, cabe a nós aceitar isso ou não.
    É difícil para a maioria das pessoas aceitar a eleição de Deus. Afinal, no mundo moderno nós preferimos a democracia, e um Deus democrático está mais ao gosto das massas. Mas, como a Bíblia diz, Deus fará a vontade dele, não a nossa.
    Porém, graças a Deus que nem a eleição e nem o livre-arbítrio são requisitos para a nossa salvação.

    Deus continue nos abençoando e endireitando nossas veredas.

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  14. Caro sonner,
    te responderei por e-mail, já que estamos fugindo do assunto da presente postagem.

    Abraços, Paz de Cristo.

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