24/10/2013 19h
Miqueas Galdino
Boa noite. Achei uma resposta as refutações apologéticas sobre o Dilema de Eutifron. Seguem as premissas :
Premissa 1: a definição de bom ou bondade é a natureza de Deus. A natureza de Deus é a fonte de toda a moralidade e tudo o que é bom.
Premissa 2: A natureza de Deus é fixo. Não pode ser de outra maneira
Premissa 3: Depois de p.2, Deus não pode escolher entre o certo e o errado. Ele deve sempre fazer o que é certo desde sempre a fazer o que é certo é parte da natureza de Deus.
Premissa 4: Depois de p.3, a capacidade de escolher entre o certo e o errado não está na natureza de Deus. Ele não tem essa capacidade.
Premissa 5: Após p. 1 e p. 4, a capacidade de escolher entre o certo e o errado não é bom, uma vez que não está na natureza de Deus.
Premissa 6: Porque a natureza de Deus é boa,ele não pode querer algo que não é bom.
Premissa 7: Deus quis sobre os seres humanos a capacidade de escolher entre o certo e o errado.
Conclusão: De p.5, p.6 e p.7, Deus quis algo sobre os seres humanos que não é bom, uma vez que não está na natureza de Deus. Mas a natureza de Deus é, por definição, bom, então ele se contradisse.
Seria esse argumento válido ?
Respostas ao Ateísmo:
Boa noite caro Miqueas.
Primeiro, tem algumas premissas mal formuladas aí. Logo na premissa 1, se diz "a natureza de Deus é a fonte de toda a moralidade". Isto está certo, mas note o que significa "moralidade". Moralidade é a distinção de valor entre as ações, e não a bondade em si. Ou seja, a natureza de Deus é a fonte de onde podemos saber se algo é bom ou não.
Mas ainda sim este raciocínio não está completo: Deus além de ser bondoso, também é justo e juiz. Por ser juiz do Universo, Deus pune quem pratica o mal. A punição de quem pratica o mal é um mal do ponto de vista de quem praticou, por que sofre a punição, mas do ponto de vista global não, porque é bom que o mal seja punido. Isso quebra por exemplo a premissa 6.
Pense só: um pai que ama o filho deixa de castigá-lo por isso? E quando o pai castiga, ele deixa de ser bom? O castigo é uma consequência justamente do amor e do zelo que ele tem pelo filho, pois se não amasse seria indiferente ao ver o filho errar e persistir no erro. Da mesma forma, Deus é bom, mas isso não quer dizer que ele não tenha que fazer coisas que pareçam más de vez em quando, mas que no fundo refletem a sua bondade/amor/justiça.
A premissa 5 me fez pensar... é verdade que Deus não pode escolher o errado. Isso não é um defeito de Deus, afinal, seria um defeito se Ele PUDESSE errar. Mas eu acho que não é o livre arbítrio em si que é o mal, pois livre arbítrio implica em liberdade. O defeito é a CAPACIDADE de errar, a TENDÊNCIA de errar. Aí o autor misturou as coisas. "Liberdade de escolha" não é a mesma coisa que "capacidade de errar" nem "tendência a errar". Deus tem liberdade plena de escolha mas é incapaz de errar, por exemplo.
O fato de Deus não poder escolher mentir ou fazer maldades sem motivo, por exemplo, não é uma limitação ao poder ou à liberdade de Deus, mas uma limitação por implicação lógica; ou seja, se Deus fizesse estas coisas, deixaria de ser Deus (porque estaria fazendo maldades, sendo imperfeito), o que é absurdo. Da mesma forma que ninguém pode me chamar de mau desenhista porque eu não sei desenhar um triângulo de quatro lados. Isso é simplesmente e intrinsecamente
impossível.
Abraços, Paz de Cristo.
E demais um vaso querer entender quem o Moldou, ou um armário tentar entender a quem o esculpiu!! Refutações patéticas e um joguete de palavras que não levam a lugar algum.
ResponderExcluirBem o mal pode ser relativa aos nossos olhos, para Deus existe certo e errado!! Ainda que nós julguemos algo errado, uma patética criança não pode entender o propósito da injeção, mas no fim ela vai entender, que se não fosse pela vacina, ela estaria paralítica!
"Pense só: um pai que ama o filho deixa de castigá-lo por isso? E quando o pai castiga, ele deixa de ser bom? "
ResponderExcluirSe o castigo é eterno, ou seja, não possui a função de corrigir, então deixa de ser bom. Comparar esse castigo com o castigo de deus é incorreto. Para compararmos ao inferno, esse pai teria que trancar o filho no porão de sua residência o resto de sua vida, tanto se o filho matou o colega de escola quanto se o filho respondeu mal para o pai, ou diz que não acredita no que ele diz. Você consideraria isso bom?
Caro Renan,
Excluira minha intenção não era comparar o castigo de um pai ao inferno, mas sim comparar o castigo de um pai ao sofrimento que existe AQUI na Terra. Em relação ao inferno é mais complicado porque não envolve APENAS "castigo". Se você for aqui do lado na lista de assuntos, clique em "inferno" e verá que tem 6 artigos que eu escrevi sobre esse tema. Em algum deles eu expliquei melhor sobre isso especificamente.
Abraços, Paz de Cristo.