quinta-feira, 22 de agosto de 2013

O que seria das mulheres sem o cristianismo?


Por Leandro Teixeira.

Muito se fala sobre a situação da mulher na sociedade moderna. Acreditam não poucos que há um grande desnível – ou abismo mesmo – entre os direitos e deveres do homem e os da mulher, sendo que essa última tem sido historicamente prejudicada. E não faltam candidatos a carrasco do sexo feminino. A última moda agora é acusar as religiões de forma geral, e o Cristianismo, em especial.

Não há a menor dúvida de que existem religiões no mundo que cerceam os direitos da mulher. O Islamismo é um bom exemplo deste tipo. Tanto o seu livro sagrado como a sua literatura teológica discrimina e rebaixa gravemente a mulher a ponto de torná-la um objeto de propriedade, primeiramente do pai, e depois do marido. Contudo, neste texto quero provar que não há razão por que colocar o Cristianismo no mesmo cesto das religiões que pejoram a mulher. Mais do que isso, vou mostrar como o Cristianismo colocou a mulher em uma situação muito melhor do que qualquer outro sistema religioso ou filosófico que já existiu.

Um pouco de história

A vida da mulher não era fácil nas culturas antigas. Em geral, eram propriedade dos maridos. Não eram consideradas capazes ou competentes para agirem independentemente. Vejamos a Grécia antiga. Aristóteles disse que a mulher estava em algum lugar entre o homem livre e o escravo (considerando que a situação do escravo não era nenhum pouco auspiciosa, perceba a pobre situação feminina), e que era um “homem incompleto” (Política). Platão, por sua vez, entendia que se o homem vivesse covardemente, ele reencarnaria como mulher. E se essa se portasse de modo covarde, reencarnaria como pássaro (A República, Livro V).

A sorte das mulheres não era muito melhor na Roma antiga. Poucas famílias tinham mais de uma filha. O casamento romano era uma forma de trazer mais material humano para formação do exército, e assim permitir à Roma a continuidade de sua expansão; por isso, o interesse estava em ter filhos homens. Daquelas, porém, que sobreviveram ao infanticídio, eram-lhes reservadas as tarefas do lar, mas não o exercício da cidadania e a participação política, coisa reservada apenas aos patrícios homens.

Na China, até bem recentemente, o infanticídio era uma prática comum. Os bebês do sexo feminino eram entregues como alimento aos animais selvagens ou deixados para morrer nas torres dos bebês. Adam Smith escreveu sobre essa prática no seu famoso livro, A Riqueza das Nações, de 1776. Ele fala inclusive que o descarte de bebês indesejados era mesmo uma profissão reconhecida e que gerava renda para muitas pessoas.

Vejamos outros casos. Na Índia, viúvas eram mortas juntamente com seus maridos – a prática chamada de sati (que significa, a boa mulher). Também havia tanto o infanticídio quanto o aborto feminino. Além disso, meninas eram criadas para serem prostitutas cultuais – as devadasis. Nessa prática religiosa, a menina era “casada com” e “dedicada a” um dos deuses hindus. Nos rituais de adoração a esses deuses havia dança, música e outros rituais artísticos. Conforme iam crescendo, as devadasis se tornavam servas sexuais, de homens e dos “deuses”. Ainda hoje, famílias pobres entregam suas filhas para estas deidades com o objetivo de alcançar delas algum favor, ou ainda obter algum meio de renda com os frutos da prostituição.

Na África, o problema era semelhante à prática do sati da Índia. Quando um líder tribal morria, as esposas e concubinas do chefe eram mortas juntamente com ele. Mesmo hoje, no Oriente Médio, o valor da mulher é mínimo.

A mudança trazida pelo Cristianismo

Que diferença trouxe a vinda de Jesus Cristo entre nós? Muita, em vários pontos. Na verdade, foi uma revolução. Muito do que Jesus Cristo ensinou já era praticado pela sociedade judaica (que era muito diferente das nações à sua volta), e outros pontos tiveram seus termos desenvolvidos por Ele. Mas mesmo os judeus tinham um tratamento discriminatório em relação às mulheres; Jesus, entretanto, se relacionava de forma saudável com elas. De forma geral, o Cristianismo colocou a mulher em pé de igualdade com os homens. Como ele fez isso?

- Dizendo que ambos foram criados por Deus, à sua imagem e semelhança (E criou Deus o homem à sua imagem: à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou – Gên 1:27). Para Deus, homens e mulheres têm o mesmo valor (Gl 3.28);

- Que ambos deveriam dominar e sujeitar a natureza (E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra – Gn 1.28). Não há nada que impeça a mulher, tanto quanto o homem, de explorar a criação em cumprimento ao mandato cultural;

- A decisão de Deus criar a mulher a partir de Adão declara que ambos provêm da mesma essência (Gn 2.22), mostrando que a mulher em nada é inferior ao homem, nem tampouco lhe é superior. E a declaração de Adão mostra que sua mulher Eva é parte de si mesmo, tendo o mesmo valor que ele próprio (Gn 2.23 );

- Que o casamento, como instituição divina, implica que o homem foi feito para a mulher, assim como a mulher foi feita para o homem, e dessa forma ambos andam como uma unidade em dois corpos (Gn 2.24), o que destrói a ideia de que a mulher é escrava do marido, ou vice-versa. São complementares;

- O Cristianismo também evitou que a mulher fosse injustiçada, não permitindo a poligamia, que é inerentemente prejudicial a elas (1Co 7.2);

- O Cristianismo ensinou o cuidado com as viúvas. Elas, se não tivessem recursos, deveriam ser cuidadas e sustentadas pela igreja (1Tm 5). Se o marido morre, ela é livre para continuar viúva ou casar novamente, se quiser;

- O Cristianismo condenou a prostituição ao declarar que o corpo não pertence a nós mesmos, mas a Deus, e que ele é templo do Espírito Santo (1Co 6.13,19). O corpo do homem pertence à mulher, e o da mulher ao homem (1Co 7.4);

- O Cristianismo aprova a instituição do casamento, que não só protege a mulher da exposição aos males sociais, como provê um ambiente seguro material, espiritual e sentimentalmente para o seu desenvolvimento integral (Ef 5.28-29);

- O Cristianismo protege a vida, que entende começar no momento da concepção. Dessa maneira, nenhuma criança deixa de nascer devido a características indesejáveis (pelos pais) que ela tenha ou seja. A vida é direito inviolável, outorgada por Deus, sendo que somente Ele tem direito de reavê-la (1Sm2.6; Jó 1.21);

- O Cristianismo também proibe a pornografia, pois entende que ela é equivalente ao adultério. Com isto, a mulher deixa de ser vista como um objeto aos olhos do homem, e reserva o sexo e a nudez para aquele que tem direito a estas coisas, a saber, o marido (Mt 5.28).

Uma palavra sobre o movimento feminista

Se há algum direito, de qualquer pessoa que seja, que deva ser assegurado, eu sou completamente a favor da luta por ele. A sociedade falha em tratar as mulheres adequadamente porque ela não é uma sociedade moldada exclusivamente pela moral cristã. Muitos dos direitos pelos quais o movimento feminista luta são justos: direitos trabalhistas iguais aos do homem, proteção contra violência física e emocional, igualdade de direitos civis, entre outros. Porém, alguns pontos pelos quais ele luta não são bons, como, por exemplo, o aborto. Ora, o aborto sempre foi uma ferramenta usada pelo homem – e geralmente usado para evitar nascimento de mulheres! O aborto se refere a algo além do corpo da mulher; é outro ser vivo. Ocorre que ao lutar por este “direito”, a mulher trata um bebê ainda não nascido como algo menos que humano, tal como um objeto: ou seja, do mesmo modo que ela própria já foi tratada na história.

Outro problema que eu vejo é que algumas feministas mais exaltadas não querem simplesmente uma equiparação de direitos; desejam ocupar o lugar do homem que as explorava, transformando-se em exploradoras. Almejam uma inversão de papéis. Ao invés de uma sociedade patriarcal, sonham com uma matriarcal. E algumas feministas ainda descambam para a misandria – o ódio pelo sexo masculino.

Concluindo

O que o paganismo faz para proteger a mulher? Nunca fez nada, e nunca fará. E estas outras religiões não-cristãs? Normalmente colocam o sexo feminino em uma posição inferior a do homem. E o humanismo? Nada trouxe de bom para as mulheres. Na prática, uma vertente humanista (evolucionista) ensina que nada há de especial na humanidade; tudo que há é resultante de acaso. Somente o mais forte sobrevive (ou domina). Se for o sexo masculino, assim deve continuar a ser. É natural que seja assim. Não há justificativa moral (do ponto de vista evolucionista) para proibir a violência fisica, sexual, emocional à mulher, e nem mesmo porque condenar posicionamentos machistas. A máxima é “o que agora é, é o certo”.

Mas não é assim com o Cristianismo. Em todos os lugares onde ele chegou, as condições das mulheres melhoraram. Onde ele não alcançou, vê-se coisas terríveis, como a eugenia sexual, o infanticídio e a prostituição. Contudo, podemos ver que algumas sociedades, que já foram declaradamente cristãs, hoje estão decaindo moralmente com o avanço do antigo paganismo – legalizando o aborto, o homossexualismo e a prostituição. Seria interessante que algumas feministas, que falam ousadamente contra o Cristianismo, aprendessem um pouco mais da história da humanidade e assim apercebam-se de que, se não fosse por essa religião que elas tanto condenam, talvez elas sequer estivessem vivas hoje.

Fonte: Napec

18 comentários :

  1. Por que vc não mencionou a sociedade pigmeia no qual trata bem as mulheres?

    E que tal um post comentando esse livro:

    http://www.4shared.com/office/bfqkbtd4/coleo_fbulas_bblicas_volume_25.html

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    1. Caro Thiago,

      o texto não é de minha autoria, apenas o publiquei. Assim, não posso fazer alterações nele.

      E sobre o livro, essa coleção foi uma das coisas que me motivaram a escrever meu artigo mais recente, "A Falácia do Contexto Bíblico". Ele é um exemplo clássico de passagens mal-interpretadas pra favorecer um conceito anti-religioso. Recomendo a leitura do meu texto:

      http://www.respostasaoateismo.com/2013/08/a-falacia-do-contexto-biblico.html

      Abraços, Paz de Cristo.

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    2. A proposta do texto foi muito tendenciosa ao citar sociedades não cristãs que tratam mal as mulheres. Se a proposta do texto é defender a tese que o cristianismo é o melhor sistema religioso ou filosófico que já existiu quando se trata de mulheres, seria altamente tendencioso citar apenas sociedades não cristãs que tratam mal as mulheres. Seria como eu defender que meus pais são os melhores do mundo, logo vou citar apenas os casos de pais que são ruins para os filhos. Percebe o quão ruim estaria meu texto caso eu fizesse isso?

      E seu texto indicado não enfrenta diretamente os argumentos do livro que indiquei. O ponto que quero chegar é vc fazer um post comentando cada um dos argumentos expostos. Algo semelhante ao que fazem no site "bíblia do cético".
      Veja um exemplo:
      http://www.bibliadocetico.net/gn/01.html

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    3. Eu concordo que, se o objetivo do texto fosse esse que você falou, ele seria tendecioso. Mas o objetivo do texto não é afirmar a superioridade do cristianismo em relação a todas as outras visões; em vez disso, é refutar as acusações do feminismo de que o cristianismo oprimiu e oprime as mulheres.

      E o meu texto sobre o contexto bíblico também não tinha como objetivo destruir o problema átomo por átomo, mas sim realizar uma crítica geral, atacar a raiz da questão. O fato é que praticamente todas estas contradições, pelo menos as que eu já vi, pecam em não analisar o texto e o contexto corretamente. Mas não é a proposta do meu blog refutar ponto a ponto (embora eu já tenha feito isso por exemplo, em http://www.respostasaoateismo.com/2012/06/50-provas-de-que-deus-e-imaginario.html ). Para isso, procure pro exemplo o Descontradizendo Contradições: http://descontradizendocontradicoes.blogspot.com/

      Abraços, Paz de Cristo.

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    4. Claro que o objetivo era esse. Palavras do próprio texto: "Mais do que isso, vou mostrar como o Cristianismo colocou a mulher em uma situação muito melhor do que qualquer outro sistema religioso ou filosófico que já existiu."
      Está no final do segundo paragrafo. Ao continuarmos o texto, onde está a coesão com o que foi dito?

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    5. Então diga-me Thiago...
      Em qual contexto social vc acha que as mulheres escolheriam pra viver; conforme o artigo?

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    6. Ok, então me desculpe Thiago. Eu me referia ao meu objetivo em publicar este texto.

      A partir do segundo parágrafo o texto compara outras culturas com os ensinamentos do cristianismo e no final chega à conclusão desejada.

      Abraços, Paz de Cristo.

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    7. David, excelente em todos os aspectos. Parabéns. Pessoas não enxergam quando não querem enxergar. Forte abraço e A Paz.

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    8. Acho que as mulheres deveriam ir para uma sociedade pigmeia, muito melhor...
      Excelente texto, o mimimi é inevitável...
      E o site a Biblia do Cético é a mesma ladainha de sempre, um monte de alegações sem conhecimento histórico e crítico, querendo aplicar coisas do século XXI para aquela época, repetindo um monte de contradição refutada a uns 900 anos (mas para que pesquisar não é mesmo, se a idéia não é encontrar a verdade, acusações são suficientes..)

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  2. http://www.youtube.com/watch?v=Llx6QjwpYV8

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    1. Então David Sousa, alguma observação a respeito deste vídeo?

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    2. Eu comentei no vídeo. O cara cita textos que nem existem na Bíblia como em Eclesiastes!
      Ele comete várias falácias. Ex:
      -A mulher não deve exercer autoridade nas questões espirituais sobre o marido e a Igreja, por isso devia ficar calada sobre esses temas.
      -E ela deveria ser submissa. Mas "como ao Senhor" cfe. diz o texto bíblico e não ser tapete do homem.
      -Mas Jesus e os apóstolos usaram de forma destacada as mulheres em seus ministérios. Algo inédito pra época!

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  3. As religiões que viam no feminino a imagem do deus supremo (deusa) aplaudem de pé esse texto. Mas há de se citar que, toda religião acaba trazendo a um povo a divisão entre os sexos, entre raças, credos e tudo mais, um mundo sem religião, as pessoas respeitariam o ser humano, sem exaltação pelo feminino ou masculino. Esse texto é tendencioso e está longe de ser honesto.

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    1. Caro Rodrigo,
      essa afirmação é muito generalista... todas as religiões causam divisão? Veja o que Paulo falou há respeito do cristianismo:

      "Nisto [em Cristo] não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um (...)" Gálatas 3:28

      Não há divisão de valor entre etnias, funções sociais ou sexos para o cristianismo. São todos iguais em valor, embora tenham papéis diferentes.

      É uma falácia a afirmação de que num mundo sem religião as pessoas respeitariam mais o ser humano. Sem a religião, os papéis sociais diferentes dos sexos continuam existindo. E caráter também é muitas vezes independente da religião: uma pessoa pode ser desrespeitadora ou preconceituosa sendo religiosa ou ateísta, sendo cristã ou sendo pagã.

      Meu caro, me responda: por que este texto é tendencioso? Em que palavras, especificamente ele não é honesto? Críticas deste tipo não são muito proveitosas, peço que por favor especifique do que você você está falando.

      Abraços, Paz de Cristo.

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    2. Já fizeram isso Rodrigo, por isso sugiro que estude a Russia, visite a China, Cuba, Coreia do Norte locais onde este ideal maravilhoso foi colocado e o respeito ao ser humano ateu (ser humano ser valor já que é só uma massa de células) gerou 170.000.000 de mortos... pena que teoria e prática são coisas diferentes né...

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  4. Segue abaixo a minha opinião sobre o texto:

    HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA.

    Abraço.

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    1. Cara Dona Zefa,

      obrigado pelo comentário, mas a argumentação foi meio fraca. Meu texto continua ganhando.

      Abraços, Paz de Cristo.

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