quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Refutando o "erro cíclico de redundância" da Bíblia


Ateus contemporâneos (neo-ateístas) atacam bastante a Sagrada Escritura, sempre buscando nela alguma possível contradição, erro, ou apenas algum motivo para ridicularizarem os cristãos. Uma forma de argumentação contra Bíblia envolve um “ciclo lógico” que aparentemente faz sentido, dando a impressão que a Bíblia é falível. Essa argumentação funciona com três simples perguntas que você pode ver na imagem abaixo: 



Primeiro, o grande erro desse "ciclo" é colocar a Bíblia como algo pessoal. Isto é, usar a expressão "a Bíblia diz...". O certo seria: "Os autores dos livros Bíblicos dizem...". Esses autores diziam que o que escreviam era infalível porque afirmavam que era o próprio Deus quem os inspirava. Porém, pode ser apontado outro problema, que seria: "Que credibilidade posso dar a esses autores?". Para essa pergunta há uma simples resposta:

Se lermos as cartas apostólicas podemos ver que o único objetivo delas era a propagação do evangelho. Não vemos em nenhum canto algo que poderíamos chamar de “conspiratório”. Vamos supor que os apóstolos tinham interesses políticos e econômicos inventando uma possível inspiração divina. Se o objetivo deles era obter “lucros” escrevendo aquilo, eles foram os homens mais burros de todos os tempos. Pois, eles nunca ganharam riquezas e nem status social. Muito pelo contrário eles tiveram uma vida absurdamente desgraçada e foram martirizados de formas infelizes, pelo simples fato de afirmarem que as coisas que escreviam eram totalmente inspiradas por Deus. Dado essa objeção, torna-se muito mais provável acreditarmos que eles receberam realmente inspiração divina, a que acreditar que tudo foi uma conspiração. Sendo assim, podemos dar grande credibilidade a esses autores.

 No livro “Em Guarda”, o filósofo e historiador William Lane Craig, escreve: 

“No entanto, o poder explicativo da hipótese da conspiração é sem dúvida mais fraco no que diz respeito às origens da crença dos discípulos na ressurreição de Jesus. Pois a hipótese é na verdade uma negação desse fato; ela procura explicar a mera aparência de crença por parte dos discípulos. Porém, como os críticos universalmente reconheceram não se pode negar com alguma plausibilidade que os primeiros discípulos no mínimo criam sinceramente que Jesus ressuscitaria. Eles apostaram suas vidas nessa convicção. Essa deficiência por si só tem sido suficiente na mente da maior parte dos estudiosos para enterrar de vez a hipótese da conspiração” 

Vejam que encontramos uma resposta plausível para a pergunta: "Como você sabe que a Bíblia é a Palavra de Deus?". Usando a resposta demonstrada acima esse "ciclo" foi quebrado, como podemos ver abaixo:


Outra objeção a esse argumento seria a superioridade da experiência pessoal. Nesse caso eu não teria um fator externo para refutar o argumento em questão. Todavia, eu teria um fator interno que me diria que a Bíblia é realmente a palavra de Deus, independentemente do que os outros acreditem ou tentem-me fazer acreditar. Esse fator interno seria minha experiência pessoal com Deus (testemunho interno do Espírito Santo). Não é possível provar a ninguém essa experiência, apenas, para você mesmo. Seria como você conhecer um extraterrestre, chegar em casa, contar isso para sua família e eles lhe disserem: “Extraterrestres não existem!”. Suponha que, logo após, sua família lhe mostre argumentos lógicos para lhe provar que ETs realmente não existem. Todo e qualquer argumento que lhe apresentarem será, com certeza, irrelevante para que você mude de opinião. Pois, você teve verdadeiramente uma experiência com esse ser de outro planeta. Mesmo que você não possa provar a existência dele e nem possa refutar argumentos contra a sua existência, você tem certeza que ele existe. Isso acontece da mesma forma com a Bíblia. Podemos ter experiências pessoais com Deus (testemunho interno do Espírito Santo) que nos mostram que Ele existe e que a Sagrada Escritura é realmente Sua palavra. Essas experiências são frutos da íntima comunhão com Deus. Isto é, se tivermos uma íntima comunhão com Deus, podemos ter a total certeza que a Bíblia é Sua palavra, independentemente de argumentos que tentem mostrar o contrário.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Por que o seu Deus é verdadeiro, e não o [deus politeísta qualquer]?



Nessa pergunta muito comum entre debates teísmo vs. (neo)-ateísmo, o adversário pergunta o motivo pelo qual optamos pelo monoteísmo ao invés da crença em alguma divindade politeísta. A pergunta pode vir mais ou menos assim:

“Por que você acredita em Deus e não em Thor, Osíris, Rá e Afrodite?”

Embora exista uma “falha” na pergunta (é uma pergunta pessoal – “Por que você acredita…”) que não me permita responder por todos, vou, obviamente, argumentar no sentido de como eu responderia a tal questão.

Antes de tudo, por trás do nome, quem é “Deus”? Eu o defino como um ser pessoal, transcendental e necessário. Se ele é transcendental, então não tem atributos e características tipicamente físicas (como ter uma cabeça de falcão, barba vermelha ou usar uma cabeça de falcão); se ele é necessário em sua própria existência, então não pode ter passado a existir (como surgir do sêmen jogado no mar – você vai entender isso daqui a pouco, se ainda não entendeu).

Nós temos argumentos que INDICAM a existência de um ser com ESSAS CARACTERÍSTICAS de ser pessoal, transcendental e necessário (e não outras). São argumentos como o da Causa Primária, Cosmológico Kalam, o da Contingência, Moral, Ontológico, etc. Eu os considero racionais e com apelo; portanto, eu posso me justificar neles para acreditar em Deus.

Agora que já sabemos o que eu entendo por Deus e com que base posso justificar minha crença nele, vamos nos perguntar: e quem são Thor, Osíris, Rá e Afrodite?

Arranjei as definições (de forma bem resumida, só para passar a idéia) desses quatro deuses para a análise. Por exemplo:

Thor

Thor ou Tor (nórdico antigo: Þórr, inglês antigo: Þunor, alto alemão antigo: Donar) é o mais forte dentre deuses e homens, é um deus de cabelos vermelhos e barba, de grande estatura, representando a força da natureza (trovão) no paganismo germânico, disparando raios com o seu poderoso martelo Mjolnir. Ele é o filho de Odin, o deus supremo de Asgard, e de Jord (Fjorgyn) a deusa de Midgard (a Terra). Durante o Ragnarök, Thor matará e será morto por Jörmungandr. Thor também é chamado de Ásaþórr, Ökuþórr, Hlórriði e Véurr.

Osíris

Osíris é, miticamente, a primeira de todas as múmias, dando assim justificativa à prática do embalsamamento. Ísis, sua esposa-irmã, opõe-se à catástrofe da sua morte com a prática da magia, o recurso da mumificação e a milagrosa concepção de Hórus.


Rá ou Ré é a principal divindade da mitologia egipcía, Rá é um deus com cabeça de falcão conhecido como o deus do sol, pela impôrtancia da luz na produção dos alimentos.

Afrodite

Afrodite (em grego, Αφροδίτη) era a deusa grega da beleza, do amor e da procriação. Possuía um cinturão, onde estavam todos os seus atrativos, que, certa vez, a deusa Hera, durante a Guerra de Tróia, pediu emprestado para encantar Zeus e favorecer os gregos. De acordo com o mito teogônico mais aceito, Afrodite nasceu quando Urano (pai dos titãs) foi castrado por seu filho Cronos, que atirou seus testículos ao mar, então o semêm de Urano caiu sobre o mar e formou ondas chamadas de (aphros), e desse fenomeno nasceu Aphroditê ("espuma do mar"), que foi levada por Zéfiro para Chipre. (…) Como vingança e punição, Zeus fê-la casar-se com Hefesto, (segundo Homero, Afrodite e Hefesto se amavam, mas pela falta de atenção, Afrodite começou a trair o marido para melhor valorizá-la) que usou toda sua perícia para cobri-la com as melhores jóias do mundo, inclusive um cinto mágico do mais fino ouro, entrelaçado com filigranas mágicas. Isso não foi muito sábio de sua parte, uma vez que quando Afrodite usava esse cinto mágico, ninguém conseguia resistir a seus encantos.

Podemos ver quais as características desses deuses; são todos seres com características físicas limitadas (destacadas nos trechos – como ter barba, cabeça de falcão, ter uma esposa-irmã, etc) e que não são necessários (Afrodite, por exemplo nasceu do sêmen de Urano jogado no mar – definição que seria simplesmente inconcebível para Deus!).

Essas quatro divindades são diferentes da divindade Deus? Acho que está claro que, conceitualmente, são. Assim, os argumentos para Deus não podem se aplicar a eles.

Mas que argumentos nós temos para a existência de uma “primeira múmia” ou para um sujeito com um martelo mágico que controla ou dispara os raios? Bom, eu não ouvi nenhum.

Então, esta aí a diferença: Deus é um ser transcendental, pessoal e necessário para qual temos argumentos a favor. Já os outros são seres contingentes, físicos e “arbitrários” para qual NÃO temos argumentos a favor.
Logo, temos argumentos para acreditar na existência de Deus, que é um ser diferente da existência de Thor, Osíris, Rá e Afrodite, que precisariam de argumentos próprios e que, na verdade, parece que não temos. Deste modo, eu posso dizer por qual motivo dou preferência a Deus aos outros seres diferentes dele.

A conversa pode continuar assim: “Mas eu discordo dessa visão. Eu acredito que Thor não é um ser físico com um martelo. Na minha opinião, Thor é o nome de um ser que está além do nosso Universo e que é necessário em sua existência.”

Essa é uma variação do que foi explicado na técnica “Por que não o Monstro do Espaguete Voador?”. Se você passar a definir Thor como transcendente e necessário, então, tudo bem, nós passamos a falar do MESMO ser! Um ser não se define pelo nome de fantasia que damos a ele – mas pelas características conceituais objetivas de quem se fala. Se você igualou a descrição de Thor à descrição de Deus, então agora estamos falando da mesma coisa, mas apenas com nomes diferentes – sendo o nome um detalhe irrelevante para a discussão”. Como eu falei naquele mesmo artigo:

A moral da história é: por mais que se queria dar algum outro nome besta qualquer, como Monstro do Espaguete Voador, Mamãe Ganso ou Unicórnio Rosa Invisível, se estivermos falando de seres com as MESMAS características OBJETIVAS… então estamos falando… do mesmo ser!

Talvez ele ainda tente no final: “Ok, mas mesmo assim pode ser tanto Allah quanto Deus. E agora?” Essa é a técnica “Qual Deus?”. “Deus”, “Allah” e “Javé” são três palavras diferentes que se referem ao MESMO ser. São todos o que se comumente se entende por “Deus” (nome próprio) – Allah é até a palavra que os arábes usam para Deus, como “God” em inglês ou “Dios” em espanhol. Então não há diferença alguma entre eles.

E, não, o fato de existirem três revelações (ou mais) diferentes não o fazem serem “deuses” diferentes. Nós temos que fazer duas perguntas para qualquer religião:

(a) A divindade de qual essa religião fala existe?
(b) Se existe, a forma que ela se revelou/a forma de se fazer o “religamento” com ela, tal qual alegado por essa religião, é verdadeira?

Cristãos, muçulmanos, judeus e deístas concordam no tópico (a) (e os argumentos citados por mim no início servem para dar suporte – inicial, ao menos – para o item (a) apenas). O que eles discordam por qual forma certa ou válida Deus se revelou – seja na Torah, seja por Jesus Cristo, seja por Maomé ou seja em nenhuma dessas opções (caso aceito pelos deístas).

E o fato de discordarem sobre como Deus se manifestou ou como Deus agiu na história NÃO os faz falarem sobre um “Deus” diferente. Se adotassemos esse critério, então teríamos que dizer que a cada biografia que traz um perfil diferente de um biografado está se referindo a OUTRA pessoa – quando, na verdade, assim como no caso das revelações, pode ser simplesmente que eles concordem sobre quem estão falando, mas alguns dos biógrafos esteja com uma interpretação falsa ou distorcida da existência dessa pessoa biografada.

Enfim, uma refutação poderia ir assim:

FORISTA: Por que você acredita em Deus e não em Thor, Osíris, Rá ou Afrodite? São todos mitológicos igualmente.

REFUTADOR: Eu posso dar razões para acreditar em Deus. Existem argumentos, como o Cosmológico, Fine Tunning e Moral que apontam para a existência de Deus. Por isso, Ele é diferente das divindades politeístas.

FORISTA: Mas para os fiéis, Krishna e Rá são seu “Deus”. Eles poderiam usar esses argumentos também, portanto.

REFUTADOR: Não, não poderiam. Krishna e Rá são seres contingentes, não transcendentes. Para ser Deus, é preciso ser um ser transcendental à matéria, muito poderoso e outros atributos que você pode ler conforme definido pelos filósofos nessas argumentações. Se tiver todos esses, então, você pode chamar de “Deus” ou de “Zé da Esquina”, pois vamos estar falando objetivamente do mesmo ser.

FORISTA: Hmmm… Mas você não pode indicar o Deus cristão por isso. Eles servem também para aqueles que chamam de Allah e como eles tem nomes diferentes, então são Deuses diferentes.

REFUTADOR: Non-sense. Se fosse pelo seu critério de nomes, ao dar um apelido para alguém eu estaria formando uma nova pessoa. É o mesmo Deus com uma interpretação focada em uma base diferente. (Ah sim: Allah é a palavra deles para “Deus”, assim como “God” nos Estados Unidos).

FORISTA: Afirmar que qualquer Deus é o mesmo é crença sua sim. Ponto final.

REFUTADOR: Você não argumenta, só chega aqui e diz que “é crença sim”, por decreto. Mas vá lá. Não existe “qualquer Deus”. Deus é um nome próprio, que se refere a uma divindade específica. Assim como não existe “qualquer Thor” ou “qualquer Poseidon”… são nomes próprios que se referem a um tipo específico de ser.

[E por aí vai...]

Conclusão

Para refutar este argumento, basta citar os argumentos a favor da existência de Deus e diferenciá-lo dos outros deuses e divindades parelelas. 

Fonte: recuperado e adaptado do Quebrando o Encanto do Neo-Ateísmo.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Problemas com o FeedBurner

Olá leitores.

Venho para comunicar que tivemos um pequeno problema técnico com o FeedBurner (serviço que permite ler as postagens do blog por e-mail ou através de um leitor RSS). Eu não sei o que aconteceu, mas uma leitora me comunicou que não estava funcionando. Por isso eu tive que reiniciar o serviço, e provavelmente todos que usavam este serviço não recebem mais, portanto terão que se cadastrar de novo. Para se cadastrar e receber as postagens do blog por e-mail, digite o seu e-mail na aba lateral, aqui onde está escrito "Seguir por e-mail".

Abraços, Paz de Cristo.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Por que eu não sou um neo-ateu (texto escrito por um ateu)

Olá leitores.
Apesar de este texto ter sido escrito por ateu, eu achei válidos alguns dos argumentos dele contra a postura neo-ateísta, contra várias ideias que venho combatendo aqui. Por isso eu estou compartilhando o texto aqui.

Obs: Como eu já disse o autor é ateu, por isso não me responsabilizo por 100% do conteúdo do texto, já que nossas posições filosóficas e religiosas são diferentes. Leia de forma imparcial.

Abraços, Paz de Cristo.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

[Vídeo] Christopher Hitchens "leva uma surra" - sobre moral objetiva


O já falecido escritor ateu Christopher Hitchens sofre uma dura crítica aqui sobre a sua afirmação de valores morais sem a existência de Deus. Confiram no vídeo.

Abraços, Paz de Cristo.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Novo blog: Reflexões sobre um mundo sem Deus



Olá, leitores. Eu tenho trabalhado no Respostas ao Ateísmo há cerca de um ano e meio, e tenho alcançado tanto até aqui que estou muito satisfeito com o trabalho. Nossa página no Facebook já conta com mais de mil fãs e nos melhores dias temos centenas de acessos ao blog. Eu agradeço muito a Deus por tanto que tem me abençoado e pelo tanto que tenho aprendido nesta jornada. No início do meu projeto, eu queria abordar temas como a compatibilidade entre ciência e a religião cristã e a existência de Deus do ponto de vista racional. Atualmente eu tenho visto meu trabalho como praticamente cumprido; não que não haja mais nada a ser feito ou publicado - há sim, muito mais a se fazer. Por isso eu tenho pensado em iniciar um novo projeto, um blog com textos com outra ênfase, mas também relacionados à questão do ateísmo.

Simultaneamente a esta notícia estou publicando a primeira postagem no mais novo blog "Reflexões sobre um mundo sem Deus". Com isso, eu não vou cessar as publicações nesta página, mas vou gradativamente diminuir a frequência das postagens. Pessoalmente, eu tenho tido problemas em relação a tempo, principalmente por causa da minha faculdade. E no novo blog, os textos perdem um pouco o foco formal e didático que têm aqui, e passam a ser mais curtos, objetivos e pessoais. Espero que gostem!

Visitem o link e não se esqueçam de seguir o blog!

Abraços, Paz de Cristo.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

[DEBATE] David Sousa e Thiago Melo: Sobre o sacrifício de Jesus



Olá, leitores. Eu tenho planejado escrever um artigo sobre o sacrifício de Jesus desde que criei este blog, há mais de um ano. Há cerca de quatro meses, em abril, um leitor fez uma pergunta relacionada ao assunto através da página do Facebook e travamos um pequeno debate sobre o tema. Desde então o debate esteve incompleto, e agora que as circunstâncias estão favoráveis, estou publicando o post do Facebook, com algumas edições para adaptá-lo ao blog. (Se alguém achar que eu adulterei alguma parte do texto, podem visitar a página no Facebook para ver o texto original através deste link).

Como o texto não está completo, eu aproveitarei para incrementar minha última fala com alguns detalhes, e darei oportunidade para que o outro debatedor escreva mais uma fala, que posteriormente publicarei aqui, e será a fala de encerramento do debate. Se sobrar alguma questão pendente, eu responderei em outra postagem do blog.

Abraços, Paz de Cristo.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O Deus do Islamismo é o mesmo Deus do Cristianismo?


As duas maiores religiões do mundo em número de adeptos são o cristianismo e o islamismo. As duas religiões estão ligadas historicamente pela história dos hebreus. O povo hebreu, segundo as escrituras judaicas, foi iniciado por um nômade chamado Abraão, por volta de 2000 a.C. Abraão teve dois filhos, Isaque e Ismael. Acredita-se que de Isaque vieram os atuais judeus e de Ismael vieram os atuais povos árabes. A tradição monoteísta de Abraão é de onde veio o judaísmo, que mais tarde culminou no cristianismo. Os povos árabes, cerca de 600 anos depois de Cristo, iniciaram o islamismo através de certas interpretações dos escritos judaicos e cristãos e novas revelações que teriam sido dadas a Maomé.

Teoricamente, as religiões abraâmicas, ou seja, o judaísmo, o cristianismo e o islamismo, possuem o mesmo D'us único como objeto de adoração. Entretanto, como vamos ver aqui, o Islamismo possui ideias radicalmente diferentes das cristãs sobre o próprio conceito de Deus, por isso concluiremos que ambas as religiões não adoram ao mesmo "Deus". Deixaremos um pouco de lado questões históricas relacionadas ao nome "Allah", que são muito polêmicas e merecem um estudo mais aprofundado. Para quem quiser há um excelente artigo, em inglês, aqui: [link]

Antes de começar qualquer argumentação, deve-se notar que tanto o cristianismo quanto o islamismo não são religiões unificadas, antes possuem várias ramificações que divergem em muitos ensinamentos. Mas tentaremos falar aqui da forma mais genérica possível, esclarecendo as diferenças mais fundamentais entre as duas religiões.

1. Jesus Cristo


Para os cristãos, apesar de Deus ser único, Ele possui uma tripessoalidade, e Jesus é considerado a 2ª pessoa da trindade. Jesus é Deus manifestado na forma humana, que veio ao mundo para ser condenado pelos pecados da humanidade e assim demonstrar seu amor pela mesma. Jesus pagou a dívida que a humanidade acumulou com sua rebeldia perante Deus através da sua morte, e depois foi ressuscitado, provando que a dívida havia sido paga.

Para os islâmicos, Jesus foi um dos profetas enviados por Deus, mas não foi o mais importante deles (este foi Maomé, ou Mohammed, como os árabes o chamam).

Há muitas evidências para a crença cristã na divindade de Jesus, e a maioria delas está nos escritos da Bíblia. Os islâmicos, entretanto, ignoram estas evidências negando a autenticidade histórica do Livro Sagrado. Vamos analisar de perto estas evidências:

a) Jesus considerou a si mesmo como o Filho Único de Deus, em contraste com a visão islâmica de ser apenas um profeta. Muitas falas de Jesus nos evangelhos demonstram isso, e segundo os historiadores do Novo Testamento podem demonstradamente autênticas, isto é, realmente proferidas pelo Jesus histórico. Por exemplo, a parábola dos trabalhadores da vinha em Lucas capítulo 20:

Então Jesus passou a contar ao povo esta parábola: "Certo homem plantou uma vinha, arrendou-a a alguns lavradores e ausentou-se por longo tempo. Na época da colheita, ele enviou um servo aos lavradores, para que lhe entregassem parte do fruto da vinha. Mas os lavradores o espancaram e o mandaram embora de mãos vazias. Ele mandou outro servo, mas a esse também espancaram e o trataram de maneira humilhante, mandando-o embora de mãos vazias. Enviou ainda um terceiro, e eles o feriram e o expulsaram da vinha.

Então o proprietário da vinha disse: ‘Que farei? Mandarei meu filho amado; quem sabe o respeitarão’. Mas quando os lavradores o viram, combinaram entre si dizendo: ‘Este é o herdeiro. Vamos matá-lo, e a herança será nossa’. Assim, lançaram-no fora da vinha e o mataram. 

O que lhes fará então o dono da vinha? Virá, matará aqueles lavradores e dará a vinha a outros". Quando o povo ouviu isso, disse: "Que isso nunca aconteça!"

O significado dessa parábola é claro. A videira ou vinha é uma árvore que frequentemente é utilizada para simbolizar Israel, na Bíblia. O dono da vinha é Deus, e os servos enviados são os profetas. O filho do dono da vinha é Jesus, que foi morto pelos judeus. Isto significa que Jesus claramente se via como o filho de Deus, mensageiro ultimo e distinto dentre todos os profetas. Mesmo os estudiosos céticos do novo Testamento, como o Jesus Seminar, admitem a autenticidade deste texto.

Os islâmicos argumentam que muitos destes textos podem ter sido posteriormente inventados para defender o conceito da divindade de Cristo. Mas existem outros textos nos mesmos Evangelhos que claramente não teriam sido inventado, pois lançam ideias que seriam dúvidas ou dificuldades em relação à divindade de Cristo para os crentes daquele tempo. Por exemplo, em Mateus 11.27, Jesus diz de si mesmo que "o Filho não pode ser conhecido". É improvável que a Igreja tenha inventado este texto. E a historicidade dessa citação é confirmada por um manuscrito chamdo "documento Q", que é uma fonte antiga compartilhada por Mateus e Lucas ao escreverem seus evangelhos.

Observe também o texto de   Marcos 13.32, onde o próprio Jesus se limita dizendo que não sabe a hora da Sua vinda. Se a Igreja estivesse querendo manipular informações para "inventar" a divindde de Cristo, é muito improvável que este texto tenha sido acrescentado depois, aliás, seria mais provável que ele fosse retirado da Bíblia, e de fato não foi.

O apologista cristão C. S. Lewis disse uma vez que "Ele [Jesus] não nos deu a escolha de ser apenas um grande homem". Jesus referia-se claramente a si mesmo como O Filho de Deus. Só nos restam três opções lógicas: ou Ele era um mentiroso; ou era um lunático delirante; ou realmente estava falando a verdade. Ele não pode ter sido apenas um "grande profeta".

É claro que só as palavras de Jesus não são prova suficiente da sua divindade. As evidências principais foram os seus feitos milagrosos, culimando na sua ressurreição, que pode ser investigada ainda hoje por meios históricos. O teólogo e filósofo William Lane Craig  possui um estudo extenso sobre as evidências históricas da ressurreição de Jesus. Se quiser saber sobre as evidências acerca da ressurreição de Jesus, veja a transcrição do debate entre William Craig e Bart Ehrman aqui ou leia o livro O Jesus dos Evangelho: Mito ou realidade?

2. O conceito de Deus


Há uma incompatibilidade filosófica no conceito de Deus e moralidade para o cristianismo e o islamismo. Embora ambas as teologias concordem em dizer que Deus é o maior ser concebível em grandeza e perfeição, o cristianismo apresenta Deus como todo-amoroso, conceito que é totalmente estranho ao islamismo.

Na Bíblia encontramos as seguintes palavras acerca do amor de Deus:

"Assim conhecemos o amor que Deus tem por nós e confiamos nesse amor. Deus é amor. Todo aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus nele." 1 Jo 4.16
"Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor." 1 Jo 4.8

"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele."  Jo 3.16-17

"Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores." Rm 5.8

"Dize-lhes: Vivo eu, diz o Senhor DEUS, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho, e viva." Ez 33.11a

No Alcorão o contraste é muito claro, encontramos referências frequentes, por exemplo: Deus não ama  os incrédulos; Deus não ama quem pratica o mal; Deus não ama o orgulhoso; Deus não ama os transgressores; Deus não ama o pródigo; Deus não ama os traidores; Deus é inimigo dos não-crentes. Em vez de todo-amoroso, o Deus Allah é chamado de "al-rahman al-rahim", todo-misericordioso. 

A questão do merecimento é também muito enfatizada pelo Alcorão. Por exemplo: "trabalhe e Deus certamente verá seu trabalho."; "toda alma pagar por aquilo que ela mereceu."; "aqueles que crêem, que fazem ações virtuosas, que fazem orações e dão esmola: seu salário espera com o Senhor."; "a aqueles que crêem e praticam a justiça, Deus mostrará amor." O amor de Allah é parcial, precisa ser merecido. 

Para os islâmicos, o próprio conceito de moralidade é diferente do cristão. A vontade de Allah arbitrariamente determina aquilo que é certo ou errados, e complementarmente a isto, os atributos de Allah são incognoscíveis e inacessíveis  à razão humana. No cristianismo, a moralidade é determinada pela vontade de Deus, mas isto não é arbitrário porque a vontade de Deus é "limitada" por seus atributos, que são bem conhecidos: bondade, amor, perfeição, santidade e justiça.

Conclusão


Me parece que o problema com o Islamismo não é que em relação à teoria da moralidade ou mesmo em relação às alegações históricas, mas sim que ele tem o Deus errado. É verdade que nossas obrigações morais são constituídas dos mandamentos de Deus. Mas os muçulmanos discordam dos cristãos em relação à natureza de Deus. Os cristãos crêem que Deus é um Deus amoroso, enquanto os muçulmanos acreditam que Deus ama somente os muçulmanos. Allah não tem amor pelos incrédulos e pecadores. Então, eles podem ser mortos indiscriminadamente. Além do mais, no Islamismo, a onipotência de Deus supera tudo, inclusive sua própria natureza. Ele é então absolutamente arbitrário na sua conduta com a humanidade. Em contraste, os cristãos sustentam que a natureza santa e amorosa de Deus determina seus mandamentos.

Também não fui muito profundo em algumas questões, por isso recomendo outro artigo excelente em inglês para aqueles que querem estudar mais detales sobre os conceitos de Deus no Alcorão e na Bíblia: [link]

Referência


Debate entre William Craig e Jamal Badawi na Universidade de Illinois em 1997. [link]

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Cristianismo foi inventado para dominação social?



Esta é uma das "técnicas" utilizadas pelos neo-ateus para tentar subverter ou combater o cristianismo atualmente. O autor do blog Quebrando o encanto do neo-ateísmo escreveu um bom texto sobre o assunto, que está sendo publicado aqui (atualmente a página dele tem estado fora do ar, por isso estou publicando).

Abraços, Paz de Cristo.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

A descrença é culpável?



Este é um texto extraído da seção de perguntas e respostas do site ReasonableFaith, do William. Acredito que o assunto é muito oportuno aqui no blog, já que um argumento frequente do neo-ateísmo é de que o cristianismo possui um Deus imoral, já que Este condena os infiíes simplesmente porque não creram nele, independente de terem feito coisas boas durante a vida (aliás, este argumento tem um apelo muito mais emocional do que racional, mas isso é típico do neo-ateísmo).

Aproveitem a leitura.
Abraços, Paz de Cristo.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

As bases do ateísmo [COMENTADO]

Devo pedir desculpas aos leitores, porque não encontrei a origem deste texto. Estava "perdido" nas pastas do meu computador, provavelmente eu devo ter visto há muito tempo em um site qualquer e copiado para estudá-lo futuramente.

O texto fundamenta quatro argumentos para a coerência do ateísmo como filosofia. Comentarei alguns pontos em vista do que se tem dito aqui no blog. 

Abraços, Paz de Cristo.


segunda-feira, 16 de julho de 2012

[Vídeo] o ateísmo refuta a si mesmo


Transcrição:

O ateísmo refuta a si mesmo

Frequentemente, os próprios ateus reconhecem que não possuem evidências da ausência de Deus. Mas tratam de lhe dar um novo matiz. Eles dizem: "Ninguém pode provar um negativo universal como 'não há Deus'". Eles pensam que isso lhes escusa de ter evidências contra a existência de Deus. 

Mas não somente é falso que não se pode provar uma negativa universal (tudo que temos que fazer é provar que a afirmação é auto-contraditória para provar a não-existência), mas mais importante ainda, essa afirmação é a admissão de que é impossível provar o ateísmo. Já que o ateísmo é uma negação universal, e não se pode provar uma negação universal; logo o ateísmo é improvável (no sentido de que não pode ser provado). 

Daí resulta que é o ateu que crê em algo para o qual não há nem pode haver evidência! Logo, este argumento deveria fazer parte do arsenal apologético cristão, e não da ateísta!

Abraços, Paz de Cristo.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

[Vídeos] Por que Deus permanece oculto?




Esta é uma questão muito pertinente em relação ao teísmo e particularmente ao cristianismo. Apresento duas respostas dadas sob pontos de vista complementares, pelos filósofos Alvin Plantinga e William Craig.

Abraços, Paz de Cristo.


Alvin Plantinga
Prof. Emérito de Filosofia na Universidade Notre Dame
em entrevista com Robert Lawrence Kuhn.

R L. Kuhn. Há muitos argumentos que os ateus usam que aprecem demonstrar que não existe o ser que chamamos de Deus. Por exemplo, o ocultamento de Deus: "se Deus é tão importante para nós, porque Deus não deixaria mais evidencias da sua existência?" Parece ser mais culpa dEle do que nossa, que não acreditemos nEle.

Plantinga. Bem, na verdade a grande maioria da população mundial acredita em Deus ou em algo semelhante. Portanto Deus não está oculto a ponto de que ninguém acredite nEle. Todo tipo de gente acredita, e de fato é grande maioria da população mundial.

Deus não é tão claro para nós como outros seres, como aŕvores, casas ou coisas materiais, mas por que determinar como Ele deveria se comportar? Teria que haver mais neste argumento que só isto. Da forma que é apresentado não creio que seja u argumento em absoluto. Ele pode ter uma boa razão para estar relativamente oculto, na medida que está. Mas eu acredito que não está tão oculto assim.

R. L. Kuhn. Bom, para um ateu que sinceramente gostaria de acreditar mas não encontra evidência, o argumento é que "se Deus realmente quer que eu creia, ele faria sua existência mais evidente, há milhares de formas distintas pelas quais Ele poderia fazer isso.

Plantinga. Sem dúvida, há sim. Mas também nosso mundo é em muitos sentidos um mundo caído. Existem doenças e deficiências cognitivas de diversos tipos. Sou inclinado a pensar que não crer em Deus é uma delas. A condição natural do ser humano seria, como Calvino dizia, algo que ele chamava de sensus divinitatis, que seria crer em Deus de uma maneira totalmente implícita, de todo o coração. Porém devido aos mesmos tipos de coisas a que as enfermidades se devem, e em última instância, devido ao que Calvino diz (e estou de acordo com ele), devido à entrada do pecado no mundo, às vezes nossas faculdades cognitivas, em especial as que têm a ver com Deus e outras pessoas, não funcionam de maneira apropriada.



William Lane Craig
Ph.D. em Filosofia pela Universidade de Brimingham e em Teologia pela Universidade de Munique.

Eddie Tabash: Você mencionou sobre a importância dos milagres no ministério de Jesus. Aparentemente, você usou para demonstrar sua necessidade de dar provas de sua divindade, além da nossa salvação. Se toda a nossa salvação é dependente da aceitação de Jesus, por que Deus age de maneira tão escondida hoje?  Por que não realiza milagres 2000 anos depois? Abrir alguns mares, ou fazer chover enxofre e fogo em algumas cidades, ou algumas carruagens de fogo no céu. Se nós precisávamos há 2000 anos atrás de evidências sobrenaturais para acreditar em coisas sobrenaturais, porque Deus está tão oculto hoje e nos nega as provas sobrentaurais? 

Craig. Bem, eu concordaria com o filósofo e matemático francês Blaise Pascal quando ele disse que Deus tem dado provas suficientes, para aqueles que, com uma mente e coração abertos, mas que é suficientemente vago para não obrigar aqueles cujos corações estão fechados.  Deus certamente poderia ter escrito no céu "Eu existo, arrependa-se ou pereça" ou algo do tipo, ou "Criado por Deus" em cada átomo que Ele criou, contudo eu não acho que Deus tenha qualquer obrigação de oferecer esses tipos de provas coercivas. Eu acho que as evidências foram dadas e são suficientes para alguém que esteja disposto a olhar para elas com uma mente aberta e coração aberto. 

Eu gostaria de adicionar outro ponto também. Eu penso que o principal meio pelo qual sabemos que Deus existe não é através das evidências ou argumentos, mas é através da experiência imediata com o próprio Deus. Para aqueles que estão genuinamente à procura de Deus, Ele fará sua existência evidente. É uma forma interior de conhecer Deus, em contraste com as formas exteriores.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

O que será que os ateus querem dizer com "Forças Naturais"?


Olá, leitores.

Pensei em escrever sobre este tema depois de umas conversas e debates que tive com alguns ateus na internet. Por exemplo, vejam o resultado uma vez de uma conversa que eu estava tendo com um dito ateu no blog / Facebook :

(05/01/2012)
Rodolfo Mota
Eu acredito nas forças da natureza, e não acredito em Deus sendo assim automaticamente me torno um ateu, pois o significado da palavra ateu se caso tu procurar no dicionário, se refere a pessoas que não acreditam em forças sobrenaturais, logo a natureza se torna uma força natural. (...)

Respostas ao Ateísmo
Caro Rodolfo Mota,
seu comentário me deixa curioso. O que seria, no ponto de vista de um ateu, essas tais "forças naturais"? Esse termo parece um pouco confuso para mim.

Rodolfo Mota
Bom me referindo as tais "forças naturais". Pelo fato de ter estudado química, comecei a observar que a bíblia se referia a uma energia de capacidades indeterminadas e incomparáveis, cujas a lei que mais me chamava a atenção era a de Ação e reação (no caso das religiões seria o pecado).

Como nasci cristão e não me sentia atraído pela religião e nem pela fé isso me impulsionou a criar comparações e questionamentos. Como todos nós sabemos a natureza não é apenas um conjunto de animais e seres vivos que compõe um contexto maior que seria a biodiversidade, e sim o Universo inteiro, por mais que não tenhamos descoberto nem 1% de toda a sua magnitude, tudo que é composto pela natureza e é compreensível pelo homem. De acordo com o que disse no começo do texto "Energia de capacidade indeterminadas", a natureza se adequa a este termo, mesmo que hoje ela não seja nem 1% compreendida, mas no futuro tudo indica que teremos respostas. entre várias outras coisas que observei e tirei conclusões.

Claro que posso estar errado perante meu ponto de vista. Por isso não me encaixo no quadro de teísta, pois não acredito em algo sobrenatural.

Respostas ao Ateísmo
Seu texto sobre forças naturais me deixou interessado em publicar algo sobre esse assunto. (...) como esse assunto é inédito aqui acho que vai ser uma boa falar sobre isso sim. Aguardemos.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Genocídios e Atrocidades na Bíblia? [Parte 2]




Capítulo 4. Deus não matou, ordenou pessoas matarem

Um fator dificultante para a questão moral envolvida é o fato de que Deus não matou, mas ordenou que pessoas matassem. No item anterior, foi discutido sobre a questão moral envolvida num ato de Deus. Quand Deus pede para que pessoas matem, a questão é um pouco mais complexa. A princípio é difícil conciliar um mandamento aparentemente absoluto como“Não matarás” com o que Deus diz a Josué: “Entre, extermine e não deixe nada respirando! Não deixe um animal, criança, mulher, idoso ou idosa respirando. Limpe Jericó!”. Já foi argumentado brevemente no item anterior que como Deus tem direitos sobre a vida e sabe qual a hora certa da morte de todas as pessoas, uma pessoa matar através de uma ordem direta de Deus pode não ser errado. Falaremos mais adiante nisso. 

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Genocídios e atrocidades na Bíblia? [Parte 1]




Olá, leitores. No dia 20 de junho de 2011, eu publiquei um texto introdutório sobre o tema "Genocídios e atrocidades na Bíblia?", que aliás nem era de minhda autoria. Na época eu prometi publicar uma continuação ou uma versão mais detalhada, porque eu ainda não havia reunido conhecimento necessário para tal. Hoje, pouco mais de um ano depois, e após uma pesquisa relativamente extensa sobre o assunto, encontrei a oportunidade para publicar a continuação. Meu artigo está baseado principalmente na visão dos teólogos John Piper e William Craig sobre o assunto, e cobre vários fatores relacionados à matança dos cananitas registrada no Velho Testamento.

Aproveitem a leitura,
Abraços, Paz de Cristo.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Sobre a onipotência de Deus

Este é um breve trecho de um debate/exposição que aconteceu na página do Facebook sobre a onipotência de Deus. Andrei Cavalcanti fez as perguntas e Silas Ben-Hur respondeu sobre a visão teísta. 


(08/06/2012)
Respostas ao Ateísmo

Deus é onipotente, mas quando Deus cria seres que possuem vontade livre, Ele automaticamente se coloca uma limitação: Deus não tem poder para fazer com que alguém escolha A ou B voluntariamente. Se Ele fizer isso, Ele estará determinando a escolha dEle, logo a pessoa não escolheu livremente. 

Entenda que isto não prejudica a onipotência de Deus, pois o conceito de onipotência não inclui contradições lógicas. Contradições lógicas não são coisas que podem existir, são apenas conjuntos de palavras que não fazem sentido (assim como um "círculo quadrado").

Então, se Deus criou seres com livre-vontade, LOGO Ele não tem o poder de determinar qual será a escolha da pessoa, embora Ele saiba qual será a escolha das pessoas.

Aí você poderia perguntar: "Então Deus não tem absolutamente nenhum controle sobre qual seria o resultado do mundo que Ele iria criar?"

E eu respondo: Deus não poderia criar um mundo onde todos voluntariamente escolhessem a religião certa (pelos motivos dados acima), mas Ele pode criar um mundo onde o número máximo de pessoas possível através da história fizesse a escolha certa. Eu acredito que é este mundo em que vivemos.

Andrei, eu expliquei que mexer no livre arbítrio cria contradições lógicas. Contradições lógicas não são objetos possíveis no mundo real, por isso Deus não deixa de ser onipotente por não poder criar contradições lógicas. Elas nem mesmo são algo; como já expliquei são apenas conjuntos de palavras sem significado.


quarta-feira, 27 de junho de 2012

Então você acha que entende o argumento cosmológico?

Não costumo publicar muitos textos de outros autores ou com conteúdo altamente técnico, mas achei este texto muito pertinente. Se alguém tiver paciência de ler, será muito proveitoso, e ele pode ser usado como referência para trabalhos apologéticos também. O trabalho foi escrito pelo filósofo estadunidense Edward Feser e trata de refutar as principais objeções ao argumento cosmológico para a existência de Deus. Eu já refutei estas objeções de uma maneira mais simples no artigo [Afinal, existem evidências para a existência de Deus? (Parte 2)].


Boa leitura,
Abraços, Paz de Cristo.




Então você acha que entende o argumento cosmológico?
Edward Feser

A maioria das pessoas que comentam sobre o argumento cosmológico não sabem, de forma demonstrável, sobre o que estão falando. Isto inclui todos os proeminentes escritores neo-ateístas. Definitivamente inclui a maioria das pessoas que vivem escrevendo comentários no blog de Jerry Coyne. Também inclui a maioria dos cientistas. E até mesmo inclui muitos teólogos e filósofos, ou pelo menos aqueles que não dedicaram muito estudo ao tema. Isto pode parecer arrogante, mas não é. Você poderia achar que eu estou dizendo, “Eu, Edward Feser, tenho conhecimento especial sobre este tema que tem de alguma forma iludido todo mundo”. Mas isto NÃO é o que eu estou dizendo. O ponto não tem nada a ver comigo. O que eu estou dizendo é bem um conhecimento comum entre filósofos profissionais da religião(incluindo filósofos ateístas da religião), que – naturalmente, dado o objeto de sua particular subdisciplina filosófica – são as pessoas que conhecem mais sobre o argumento cosmológico do que qualquer outro.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Sobre Apostas de Pascal


Introdução

Antes de falar sobre a Aposta de Pascal, vamos conhecer um pouquinho sobre a vida deste homem. Blaise Pascal (1623-1662) foi um físico, matemático, filósofo e teólogo francês. Pascal fez contribuições importantíssimas em praticamente todos os campos em que atuou: na matemática, criou os campos da Geometria Projetiva e a Teoria das probabilidades, tendo também descoberto o famoso triângulo aritmético que hoje leva o seu nome. Em Física, estudou a mecânica dos fluidos, e esclareceu os conceitos de pressão e vácuo ampliando o trabalho de Evangelista Torricelli. Ele também inventou a primeira máquina de calcular mecânica, a Pascaline, e na filosofia realizou estudos sobre o método científico. Nos últimos anos de sua vida, dedicou-se a teologia. Uma de suas obras mais conhecidas é o livro Pensées (Pensamentos), onde também está a sua frase mais citada: "O coração tem suas razões, que a própria razão desconhece". É também neste livro que se encontra o argumento conhecido como aposta de Pascal.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

50 provas de que Deus é imaginário - REFUTADAS (parte 6)

[Ler a Parte 5]

Provas Bônus:


Prova  # 51 - Pense em Deus e Baal

Na Bíblia, no livro de 1 Reis, no capítulo 18, há uma fascinante história sobre Deus e Elias. Nesta história, temos Elias, como profeta do Senhor, encontrando-se com Acabe, um rei poderoso. (...) O que vemos aqui é fascinante: a Bíblia estabelece os critérios para provar que um "deus" é real, e, em seguida, demonstra a punição para aqueles que ensinam sobre os falsos deuses. E o critério é muito simples: O "deus" em questão tem de provar a sua existência por meio de ações tangíveis em nosso mundo [por exemplo, fazendo fogo cair do céu, como na história em questão]. A razão pela qual Acabe e seus homens deveriam acreditar em Deus e não Baal é porque Deus provou sua existência. Baal, sendo imaginário, não fez nada. 

(...) O que devemos fazer é exatamente o que as pessoas na Bíblia fizeram com Baal. A falta de qualquer evidência da existência de Deus deve nos levar à conclusão óbvia de que Deus não existe, assim como Baal é imaginário. (...)

quinta-feira, 21 de junho de 2012

50 provas de que Deus é imaginário - REFUTADAS (parte 5)

Prova # 38 - Observe a taxa de divórcio entre os cristãos

Se você já foi a um casamento cristão, você sabe que o casamento é um grande acontecimento. Você tem sacerdote ou ministro com o casal lendo a Bíblia e orando. A cerimônia acontece em uma igreja - a casa de Deus. Dezenas ou centenas de testemunhas estão presentes. Na frente de Deus, um representante de Deus e todas essas testemunhas, um casal declara que eles vão permanecer juntos "até que a morte os separe."

segunda-feira, 11 de junho de 2012

50 provas de que Deus é imaginário - REFUTADAS (parte 4)


Prova # 26 - Observe que o autor da Bíblia não é "onisciente"

Por que o ao de ler a Bíblia não te causa admiração e reverência? Por exemplo, olhe que esta pequena coleção de versos da Bíblia:

sexta-feira, 8 de junho de 2012

50 provas de que Deus é imaginário - REFUTADAS (parte 3)

[Leia a Parte 2]Prova # 13 - Dê uma olhada na escravidão 

Aqui estão dez passagens da Bíblia que demonstram claramente a posição de Deus sobre a escravidão: Gn 17.12; Ex 12.43; 21.1,20,32; Lv 22.10; 25.44; Lc 7.2; Cl 3.22; Tt 2.9.

Sobre passagens como estas, há um texto recente aqui no blog abordando o assunto: A Bíblia e a Escravidão. Não tenho muito o que comentar a respeito do assunto, exceto sobre algumas declarações que o autor faz a seguir:

Por um lado, todos nós sabemos que a escravidão é um ultraje e uma abominação moral. Como resultado, a escravidão é agora completamente ilegal em todo o mundo desenvolvido.

É engraçado como o autor, que possui uma clara tendência neo-ateísta, de repente assume uma espécie de moralismo que só é coerente com o teísmo. Se Deus não existe (como ele defende), não existem valores morais absolutos, então não haveria nenhum motivo para afirmar que algo é correto ou não é. Não se pode, de forma coerente, ao mesmo tempo afirmar o ateísmo e defender um argumento para a existência de Deus baseado na existência de qualquer espécie de mal moral.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

segunda-feira, 4 de junho de 2012

50 "provas" de que Deus é imaginário - REFUTADAS (Parte 1)


Olá leitores. A sugestão para este post veio de um leitor [ateu] através da página do Facebook:
Andre Denofrio, 29/03/2012
"Olá sou ateu, porém gostaria de respostas em relação ao meu ateísmo...
http://godisimaginary.com/
Podem contra argumentar de maneira sólida, procuro um REGISTRO PONTO A PONTO que refute esse site..."
Eu visitei o site mencionado, dei uma lida em cada uma das provas (acreditem, são textos MUITO extensos, acho que no final eles acabam te convencendo a ser ateu simplesmente por cansaço), e desde então estive preparando uma análise destes cinquenta argumentos que supostamente provam que Deus é imaginário.Para conhecimento, deixarei aqui a lista dos argumentos:

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Prova matemática de que o universo teve um começo


Obs: Para ver como o fato de o universo ter tido um começo é importante para a argumentação da existência de Deus, clique aqui.



Em um novo estudo, cosmólogos usaram as propriedades matemáticas da eternidade para mostrar que, apesar do universo poder durar para sempre, ele deve ter tido um começo.

O Big Bang tornou-se parte da cultura popular desde que a expressão foi cunhada pelo físico Fred Hoyle, nos anos 1940, e representaria o nascimento de tudo.

No entanto, o próprio Hoyle preferia muito mais um modelo diferente do cosmos: um universo de estado estacionário, sem começo nem fim, que se estende infinitamente para o passado e para o futuro.

Essa ideia, entretanto, nunca vingou. Mas nos últimos anos, os cosmólogos começaram a estudar uma série de novas ideias com propriedades semelhantes. Curiosamente, essas ideias não entram necessariamente em conflito com a noção de um Big Bang.

Por exemplo, uma ideia é que o universo é cíclico, com big bangs seguidos de “big crunches” (crises) seguido de big bangs em um ciclo infinito.

Outra é a noção de inflação eterna, em que as diferentes partes do universo se expandem e contraem em taxas diferentes. Estas regiões podem ser pensadas como universos diferentes em um multiverso gigante.

Assim, embora pareça que vivemos em um cosmos que se expande, outros universos podem ser muito diferentes. E enquanto o nosso universo pode parecer que tem um começo, o multiverso não precisa ter um começo.

Por fim, há a ideia de um universo emergente que existe como uma espécie de semente para a eternidade e, de repente, se expande.

Essas teorias cosmológicas modernas sugerem que a evidência observacional de um universo em expansão (como o nosso) é consistente com um cosmo sem começo nem fim. Mas não é bem assim.

Audrey Mithani e Alexander Vilenkin, da Universidade Tufts em Massachusetts, EUA, dizem que todos os modelos propostos são matematicamente incompatíveis com um passado eterno.

A análise dos pesquisadores sugere que estes três modelos do universo devem ter tido um começo.

Seu argumento centra-se sobre as propriedades matemáticas da eternidade – um universo sem começo e sem fim. Tal universo deve conter trajetórias que se estendem infinitamente no passado.

No entanto, Mithani e Vilenkin lembram que este tipo de trajetória do passado não pode ser infinita se for parte de um universo que se expande de uma maneira específica.

Universos cíclicos e universos de inflação eterna se expandem dessa forma específica. Então, esses tipos de universo não podem ser eternos no passado, e devem, portanto, ter tido um começo.

“Embora a expansão possa ser eterna no futuro, não pode ser estendida indefinidamente para o passado”, dizem eles.

Esses modelos podem parecer estáveis do ponto de vista clássico, mas são instáveis do ponto de vista da mecânica quântica. A conclusão é inevitável. “Nenhum desses cenários pode realmente ser eterno no passado”, diz Mithani e Vilenkin.

Como a evidência observacional é que o nosso universo está se expandindo, então ele também deve ter nascido em algum ponto no passado. Não adianta fugir dele… Voltamos para o Big Bang. 

quarta-feira, 23 de maio de 2012

[Vídeo] A ciência pode explicar tudo?

Loop Neo Ateu - Cientificismo


Este post é uma objeção ao cientificismo, que é a doutrina de que a ciência deve ser a única maneira válida de encontrar a realidade das coisas. Há uma tendência atual muito forte de aderir ao cientificismo, principalmente por parte dos neo-ateus.

O vídeo é um pequeno trecho do famoso debate entre William Craig e Peter Atkins (que já foi postado aqui), que traz algumas ilustrações sobre o assunto.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

[Vídeo] Sobre Deus como causa e o ônus da prova



Transcrição adaptada do vídeo:

Ateu pergunta:

Olá. Há muito debate sobre o ônus da prova, e eu só queria ressaltar que não se pode provar a inexistência de algo, e os naturalistas aceitam isso. Porém, quando se invoca Deus como uma explicação o que se está fazendo é invocar algo que é inerentemente inexplicável. Assim, não se está resolvendo o problema, nao se está explicando coisa alguma. Se está somente confundindo o problema. Há mais a ser explicado. 


Assim, seria o fato de invocar Deus como uma hipótese sobre as coisas naturais, como a origem da vida e do Universo, um avanço para o conhecimento?

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Crenças que todos possuímos, ou Sobre as crenças que até o ateu possui, ou Mais uma sobre Ciência e fé


Olá, leitores. O texto a seguir é uma objeção à tendência atual de se definir ateísmo como a ausência geral de crenças. Esta definição parte principalmente dos neo-ateus, que possuem um elevado grau de cientificismo e uma espécie de preconceito de qualquer coisa relacionada à palavra "crença". Na verdade, a crença em si é algo necessário para qualquer tipo de conhecimento, como veremos a seguir. 

Mesmo que não se defina ateísmo como a ausência de crenças, mas a ausência de crença em deuses ou no sobrenatural, esta definição também é equivocada e representa apenas uma forma de os ateus de hoje em dia fugirem do ônus da prova que possuem. Isto já foi mostrado aqui

O texto foi extraído (com praticamente nenhuma modificação) do blog Ministério Cristão Apologético, e contém uma pequena relação de temas em que mesmo os ateus precisam crer, pois são crenças básicas necessárias ao método científico, definidas pela filosofia da ciência.  

Abraços, Paz de Cristo.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Afinal, existem evidências para a existência de Deus? [Parte 3]

(Ler a Parte 2)



6. O Argumento Ontológico

Este argumento é bem antigo e foi originalmente proposto por Santo Anselmo, tendo sido mais tarde reformulado e defendido por Alvin Plantinga, Robert Maydole, Brian Leftow e outros. As várias versões diferem um pouco entre si, mas em geral um argumento ontológico consiste em partir de uma  definição de Deus e chegar à conclusão de que a sua existência é necessária (necessário, em filosofia, é algo que não possui nenhuma possibilidade de ser falso). Esse tipo de argumento é unicamente um raciocínio a priori e faz pouca ou nenhuma referência a posteriori, de cunho empírico.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Afinal, existem evidências para a existência de Deus? [Parte 2]

(Ler a Parte 1)


Nesta parte eu trago uma série de argumentos filosóficos ou razões para acreditar em Deus. Isto também foi motivado por uma pergunta vinda da página do Facebook:

Liliana Silva
Qual o motivo para acreditar que tudo isto [o Universo] foi obra de uma criação divina?
Amigo, desculpa, estás a tentar justificar o injustificável, e a meter os pés pelas mãos. A verdade é que não existe motivo nenhum racional para acreditar que o universo e tudo o resto que não conhecemos (nós nem sabemos o tamanho do universo, não sabemos se vemos 1% ou 0.0000001% ou menos; nem sabemos se existem outros universos ou outras formas de energia), seja uma criação divina de entidade inteligente. Mas já sabemos o que provoca as catástrofes naturais (outrora acções de deuses e divindades), ou o que significa um eclipse da lua ou do sol... ou um meteorito....... o nosso lugar na nossa galáxia... compreendes?

Eu penso que esta pergunta inicial da Liliana seria melhor formulada assim: como podemos saber que Deus existe? Pois já vimos no texto anterior que o problema está em como se pode 'provar' uma afirmação metafísica. Já sabemos que o caminho correto é, ao invés de procurar conclusões acima da possibilidade de dúvida, pesar as evidências e considerar as alternativas.

Entretanto, note bem que, se alguém se opõe radicalmente à possibilidade de Deus existir, então qualquer prova ou explicação apresentada aqui poderá ser imediatamente refutada por ele. Isto é análogo, por exemplo, a uma pessoa se recusa a acreditar que o homem andou na Lua. Nenhuma informação, por melhor que fosse, iria mudar o seu modo de pensar. Imagens via satélite de homens andando na Lua, entrevistas com os astronautas, pedras lunares… todas as provas seriam sem valor porque a pessoa já concluiu de antemão que o homem não pode ir à Lua.

É bem conhecido que a Bíblia diz que há pessoas que têm prova suficiente de que Ele existe, mas encobrem essa verdade (Rm 1.19-21). Por outro lado, há aquelas que querem saber se Deus existe; a essas Ele diz: “Vocês me procurarão e me acharão quando me procurarem de todo coração. Eu me deixarei ser encontrado por vocês…”. (Jr 29.13-14) Antes que você olhe para os fatos relacionados à existência de Deus, pergunte-se: “Se Deus realmente existe, eu gostaria de conhecê-lo?”.

Sem mais delongas, listarei os argumentos:


1. O Argumento da contingência, ou "Por que existe algo ao invés de nada"?

Vocês já pararam para pensar nesta questão? O mistério da existência é uma das perguntas mais profundas da filosofia. Por que existe algo, ao invés de nada? Os filósofos existencialistas tem respondido esta pergunta de forma bem pessimista, dizendo que a existência é um acidente ou um acaso, e que não há absolutamente nenhum sentido, valor, ou propósito na vida humana. Isto já foi comentado no texto aqui do blog: O Absurdo da vida sem Deus. Lembre-se que lá concluimos que se isto realmente é verdade, tudo que resta ao homem é o desespero e um vida desprovida de regras e valores morais (a não ser que a pessoa se iluda criando valores subjetivos para si própria). Nossa intuição se incomoda com a resposta dada pelo existencialismo.

Este argumento foi proposto pelo matemático e filósofo Gottfried Willhelm Leibniz,e é um dos argumentos racionais mais antigos para a existência de Deus. Ele é descrito formalmente da seguinte maneira:
  1. Tudo o que existe possui uma explicação de sua existência, seja na necessidade de sua própria natureza ou numa causa externa. 
  2.  O universo existe.
  3. Se o universo possui uma explicação de sua existência, esta explicação é uma causa externa, transcendental e pessoal.
  4. Logo, a explicação da existência do universo é uma causa externa, transcendental e pessoa.
 A conclusão depende da premissa de que o Universo não existe como um objeto necessário. O contrário nunca foi provado, portanto é racional aceitar esta premissa.

Penso que este é um dos argumentos mais importantes que nos levam a aceitar a existência de Deus de forma racional. Richard Dawkins, por exemplo, nem sequer o mencionou no livro Deus, um delírio. O argumento pode ser pensado como uma espécie de argumento cosmológico (o qual veremos a seguir) que não depende da premissa de que o Universo teve um começo.


2. O Argumento Cosmológico

Este argumento não é o mais antigo, mas é provavelmente o mais conhecido e discutido sobre a existência de Deus. A primeira formulação foi dada por São Tomás de Aquino, fazendo parte dos seus 5 argumentos para a existência de Deus, mas a ideia básica contida nele é tão antiga quanto Platão e Aristóteles. Ele pode ser descrito da seguinte maneira:
  1. Todo ser finito e contingente tem uma causa.
  2. Nada finito e contingente pode causar si mesmo.
  3. Uma cadeia causal não pode ser de comprimento infinito.
  4. Portanto, uma Primeira Causa (ou algo que não é um efeito) deve existir.
O filósofo cristão William Lane Craig defende uma variação deste argumento, conhecida como Argumento Cosmológico Kalam, que pode ser colocada desta forma:
  1. Tudo que começa a existir tem uma causa.
  2. O universo começou a existir.
  3. Portanto, o universo teve uma causa.
Tudo bem, mas isto não prova que Deus existe. Apenas que o Universo possui uma causa. Mas Craig argumenta que pode-se deduzir algumas características necessárias desta causa. Primeiro, que ela é imaterial e atemporal, pois afinal ela causou o surgimento da matéria e do espaço-tempo; segundo, que é inimaginavelmente poderosa, já que foi capaz de criar o Universo; terceiro, que deve ser um Ser pessoal. Em suas palavras: “A única maneira de ter uma causa eterna mas um efeito temporal é se a causa for um agente pessoal que livremente escolhe criar um efeito no tempo.”

Existem duas objeções comuns a este argumento: a primeira é que não há certeza absoluta de que o Universo começou a existir, ou se sempre existiu. Mas nunca teremos certeza absoluta, afinal a ciência não lida com verdades absolutas. Até onde sabemos hoje em dia, tudo indica que o Universo teve sim um começo, no evento conhecido como Big Bang. Esta é uma teoria científica que, ao contrário do que muitos pensam, é um ponto a favor para a existência de Deus.

A segunda objeção, apresentada no livro Deus, um delírio de Richard Dawkins, é que apresentar a possibilidade de Deus como um Criador levanta imediatamente a questão: Quem criou o Criador? Note que esta objeção já é resolvida pela primeira premissa do argumento de Craig, pois como Deus não começou a existir, sempre existiu, logo Ele não possui causa, ou é um ser incriado. Além disso, é um fato reconhecido na filosofia da ciência que, para reconhecer uma explicação como a melhor para um fato, não é necessário ter a "explicação da explicação". Exemplo: arqueólogos encontram restos de artefatos como pontas de lança e fragmentos de cerâmica. É totalmente justificável atribuir estes artefatos a alguma tribo ou civilização humana que esteve ali em algum lugar do passado, mesmo que estes arqueólogos não tenham nenhuma ideia de qual era aquela tribo, ou como eles chegaram ali. Logo, é racionalmente aceitável propor Deus como a melhor explicação para a origem do Universo, mesmo que não tenhamos explicação para como Ele surgiu. Se você pensar mais sobre esta objeção, perceberá que se fosse necessário a explicação da explicação para justificar uma hipótese, logo você precisaria da explicação da explicação da explicação, e assim sucessivamente, até o infinito! Em, outras palavras, nada teria uma explicação real e a ciência não poderia existir. Portanto o argumento de Dawkins é totalmente anti-científico.


3. A ordem intrínseca do Universo

Já foi dito aqui no blog, no artigo "A ordem do Universo prova a existência de Deus?", que a ordem intrínseca do Universo não "prova" a existência de Deus, mas de certo modo aponta nesta direção. O Universo encontra-se estruturado de acordo com leis físicas. Por isso, ele pode ser estudado racionalmente. A ordem e a racionalidade inerentes ao Universo, juntamente com a sua extrema complexidade, apontam neste sentido. O próprio fato de afirmar que existem "leis" naturais (termo que foi cunhado por Roger Bacon), sugere que exista uma Legislador.


4. A complexidade intrínseca do Universo, ou O Argumento Teleológico

Este é um dos cinco argumentos de Tomás de Aquino, mas hoje em dia ele foi renovado por outros filósofos, graças às descobertas recentes da ciência em vários campos. O argumento diz que existe uma complexidade nos fenômenos e princípios da natureza, do Universo, da Terra e da própria vida. Existem talvez três possibilidades para explicar esta observação:

1. Puro acaso; Tudo o que observamos hoje faz partes de uma série indiferentes coincidências que levaram o Universo a eventualmente produzir vida inteligente.
2. Necessidade física: de alguma forma, o Universo tem que existir. A não-existência do Universo implicaria numa série de auto-contradições lógicas.
3. Design inteligente: o Universo foi causado e planejado por uma entidade inteligente.

Antes que você possa pensar numa conclusão, deixe-e mostrar alguns exemplos do que os filósofos costumam chamar de fine tunning (algo como "ajuste fino", em português) da natureza:

A primeira série de evidências de ajuste fino ocorre quando expressamos as leis da natureza de forma matemática. Há uma série de constantes que aparecem nas equações, conhecidas como constantes fundamentais. A constante de Planck, por exemplo, determina a "tamanho" da escala de energia a nível subatômico. Seu valor é de 6,6260693 x 10-34Joule.segundo. Se o valor numérico desta constante fosse um pouco menor ou maior do que este, as consequências seriam catastróficas! As reações nucleares nas estrelas talvez não formariam os elementos essenciais para a vida, ou nem sequer os átomos poderiam existir! Se a constante gravitacional, 6,67428 x 10-11 m3 kg-1 s-2 , fosse alterada em cerca de 1% do seu valor, o Universo não teria se expandido depois do Big Bang, ou as galáxias não se formariam. Se as constantes eletromagnéticas também tivessem valores ligeiramente diferentes, moléculas não se formariam, ou talvez a água tivesse propriedades diferentes.

A segunda série de evidências de ajuste fino está nas chamadas condições iniciais do Universo, isto é, no valor numérico das propriedades físicas no Universo no instante em que este se formou. O exemplo mais corrente é o balanço entre a quantidade de matéria e anti-matéria. Se existisse uma quantidade igual destas duas substâncias no Universo, elas se anulariam e só existiria energia pura. Era necessário que houvesse uma pequena quantidade de matéria a mais do que anti-matéria, para que se formasse o Universo que hoje conhecemos e observamos. Este balanço não encontra até hoje nenhuma explicação naturalista.

O terceiro grupo de evidências é muito mais vasto e mostra uma série de "coincidências" que permitem a vida na Terra. A seguir eu mostro algumas:

a) O tamanho da Terra e a sua gravidade correspondente seguram uma camada fina de gases nitrogênio e oxigênio que se estendem, em sua maioria, até uns 80 quilômetros desde a superfície da Terra. Se a Terra fosse menor, a existência de uma atmosfera seria impossível, como ocorre no planeta Mercúrio. Se a Terra fosse maior, sua atmosfera conteria hidrogênios livres, como em Júpiter. A Terra é o único planeta conhecido que é provido de uma atmosfera com a mistura na medida exata de gases para sustentar vida humana, animal e vegetal. Até a composição da atmosfera é ideal, contando cerca de 21 % de oxigênio.

b) Uma variação minúscula da posição da Terra em direção ao Sol tornaria a vida impossível no planeta. A Terra mantém sua distância ideal do Sol enquanto gira em torno dele numa velocidade de aproximadamente 107.825 km/h. Também gira em torno de seu próprio eixo, permitindo que toda a superfície seja apropriadamente aquecida e refrescada todos os dias.

c) A lua cria movimentos importantes nas marés para que as águas não estagnem e ainda impede que os nossos oceanos massivos não inundem os continentes.

d) A água, molécula indispensável para o funcionamento de qualquer sistema vivo, possui uma série de características que são extremamente incomuns em outros líquidos. Por exemplo, a capacidade calorífica da água é anormalmente alta em relação a outros líquidos. Isto permite que não hajam grandes variações de temperatura em nossos corpos e no Planeta Terra, porque eles contém grandes quantidades de água. A água também possui um comportamento anômalo em relação à sua densidade, sendo o gelo (água sólida) menos denso que água. A água nos rios e lagos congela de cima pra baixo, e isto permite que a vida aquática permaneça nos invernos. A água possui uma tensão superficial altíssima, o que permite que ela possa subir por vários metros dentro dos caules de árvores, contra a ação da gravidade. A água em nosso planeta passa se renova através de um ciclo de evaporações e condensações na atmosfera, um ciclo que é tão perfeito que causa inveja nos projetos ainda recentes que procuram desenvolver o conceito de sustentabilidade.

e) O cérebro humano processa simultaneamente uma quantidade incrível de informações. O cérebro reconhece todas as cores e objetos que você vê; assimila a temperatura à sua volta; a pressão de seus pés contra o chão; os sons ao seu redor; o quão seca sua boca está e até a textura deste artigo em suas mãos. O seu cérebro registra respostas emocionais, pensamentos e lembranças. Ao mesmo tempo, seu cérebro não perde a percepção e o comando dos movimentos ocorrentes em seu corpo, como o padrão de respiração, o movimento da pálpebra, a fome e o movimento dos músculos das suas mãos.

O cérebro humano processa mais de um milhão de mensagens por segundo. Ele avalia a importância de todos esses dados, filtrando o que é relativamente sem importância; um processo de seleção que lhe permite interagir com o ambiente em que você se encontra e se desenvolver de modo eficaz nele.

O distinto astrônomo, Sir Frederick Hoyle, mostrou como os aminoácidos, juntando-se a uma célula humana, são, matematicamente, um absurdo. Sir Hoyle ilustrou a fraqueza do “acaso” com a seguinte analogia: “Qual é a chance de um tornado soprar sobre um ferro-velho que contém todas as peças de um boeing 747; montá-lo por acidente e deixá-lo pronto para decolar? A possibilidade é tão ínfima a ponto de ser negligenciada, ainda que um tornado soprasse sobre ferros-velhos suficientes para encher todo o universo!”

f) A molécula de DNA contém informação codificada, especificando a produção, a reprodução, o funcionamento e a adaptação dos seres vivos, em quantidade e qualidade que transcendem tudo o que ser humano é capaz de compreender e imitar. Os cientistas costumam chamar esta informação de código genético.

Não existe informação sem inteligência. Não existe código sem inteligência. A vida só é possível graças à existência simultânea de informação codificada e do mecanismo necessário para a sua transcrição, tradução e execução. De resto, não se conhece qualquer explicação naturalista para a origem da vida ou de informação codificada  (até hoje as teorias bioquímicas para a origem da vida estão incompletas). A vida não poderia surgir por processos naturalísticos, na medida em que ela necessita de um ingrediente não naturalístico: informação codificada.

Alguns argumentam que a teoria da evolução foi um sucesso do naturalismo contra a hipótese de Deus. Deve-se notar, no entanto, que o sucesso da evolução não prova a inexistência de Deus (para mais detalhes, veja o texto: Evolução darwiniana prova a inexistência de Deus?). O biólogo evolucionista Francis Collins, diretor do Projeto Genoma Humano, é um dos que defende que a evolução pode ter sido guiada por Deus, como um projetista inteligente. Acreditar no naturalismo da evolução é acreditar que inumeráveis mutações que ocorrem aleatoriamente (mas que são selecionadas) produziram algo como o cérebro humano. Isto é acreditar literalmente num milagre.

Primeiro, descartamos a opção da necessidade física, porque não há como provar que o Universo deveria ser exatamente deste jeito e, de fato, os valores numéricos das constantes físicas são independentes das leis da natureza, ou seja, a princípio são arbitrários.

A possibilidade de que a sintonia fina do Universo seja produto do acaso e tão absurdamente improvável que não há como lidar racionalmente com esta hipótese. Na verdade este é um problema tão sério que, recentemente, o naturalismo propôs uma hipótese metafísica radical, a de que existe um número infinitamente grande de universos aleatórios compondo o que se chama de multiverso. Eventualmente um destes universos está finamente ajustado para a vida.

Esta hipótese tem sérios problemas. Primeiro, não existe nenhuma evidência de que tal multiverso exista. Além disso, uma regra de ouro da ciência diz que não se deve atribuir desnecessariamente a um fenômeno um número múltiplo de causas (este princípio é conhecido como Navalha de Occam). Portanto, nos resta somente a terceira opção: o Universo deve ter sido projetado.  


5. O Argumento Moral

Este argumento é muito antigo, e afirma que Deus deve existir, já que um aspecto de moralidade é observado em toda a humanidade, e a crença em Deus é a melhor explicação para essa moralidade do que qualquer outra alternativa.

Ninguém nega a afirmação de que a existência valores morais objetivos seria uma forte evidência para a existência de um Deus, no sentido de agente moral, origem destes valores. A maior objeção dos críticos sempre está em admitir que os valores morais humanos são objetivos, isto é, independentes do sujeito, da época e do lugar; são universais.

O naturalismo argumenta que o conceito de moralidade é um mero produto da evolução sociobiológica. Segundo esta concepção a moralidade se torna algo totalmente subjetivo, e portanto não haveria nenhum motivo para acreditarmos que algo é absolutamente certo ou errado.

Mas, de alguma forma, sabemos que isto não é verdade. Independente de existirem alguns hábitos e valores diferentes entre si em várias culturas, existem alguns que parecem ser universais. Sempre emerge de dentro de todos nós, vindos de qualquer cultura, o sentimento de certo e errado. Até mesmo um ladrão se sente frustrado e mal tratado quando alguém o rouba. Se alguém rapta uma criança da família e a violenta sexualmente, há uma revolta e raiva que confrontam aquele ato como maléfico, independente da cultura. Como explicamos uma lei universal na consciência de todas as pessoas, que diz que assassinato por diversão é errado?

A refutação de que estas atitudes só são percebidas como certo ou errado por causa de um mecanismo de perpetuação da espécie falha em diversos aspectos, como por exemplo a coragem, o auto-sacrifício, amor, dignidade, dever e compaixão.

Outra consequência do naturalismo que é muito perigosa é que, se a moralidade é totalmente subjetiva, não há NENHUM motivo para dizer que, por exemplo, as atrocidades cometidas por Adolf Hitler foram algo errado em si. Se não há certo e errado absolutos, se não há justiça ou punição, então eu de certa forma posso fazer o que eu quiser. É como Dostoyevsky disse: "Se Deus não existe, então tudo é permitido". Esta foi a justificativa utilizada pelos soldados impiedosos da União Soviética stalinista. Para ler mais sobre o assunto, veja o texto Ateísmo e Amoralidade: um alerta aos ateus!

Bem, até agora foram cinco argumentos. Eu ainda tenho pelo menos mais cinco para expor. Como o texto já está grande demais, vou deixar para a próxima.

Abraços, Paz de Cristo.

(Ler a Parte 3)
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